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Ensaios-->28 de Outubro -- 25/10/2003 - 23:18 (Magno Antonio Correia de Mello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O sistema social vigente é perverso com servidores concursados. Exige que enfrentem o crivo de uma competição na qual são obrigados a vencer adversários renhidos, não para premiá-los, mas para que se submetam a uma “via crucis” previamente estruturada.

Estarão inevitavelmente subordinados a agentes políticos cujos compromissos, não importa de onde se originem, resumem-se ao atendimento dos interesses específicos que os colocou na árvore, talvez para demonstrar a máxima segundo a qual jabutis não a alcançam sem auxílio externo. Do estigma não se excepciona sequer o Judiciário, em que os administradores mais elevados, por melhores que sejam as exceções de vez em quando encontradas, atingem seus postos por indicação antes fundada na afinidade pessoal que no mérito.

O que decorre desse panorama consiste no estabelecimento de um conflito expresso ou tácito entre lideranças patrimonialistas e profissionais progressivamente impedidos de exercer o ofício ao qual se dedicariam com afinco em outras circunstâncias. Não por desprendimento ou idealismo, mas para não tornar inútil o tempo que despenderam na árdua preparação para figurar na lista de aprovados.

Nesse confronto não restam vencedores. Do lado dos servidores, ou se tornam corruptos, ou coniventes, ou amargurados. Não há realização de sonhos ou desejos mais elevados em seus horizontes. A derrota dos administradores se configura na perene incapacidade de perceberem que a cada dia esganam mais a pobre galinha dos ovos de ouro.
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