Para Anthony Giddens, a Globalização, fenômeno de natureza dialética que, na Modernidade, engloba diversos processos de suma importância, pode ser definida como a intensificação das relações sociais em escala mundial, fazendo com que acontecimentos locais sejam influenciados por eventos ocorridos em lugares remotos. Dessa forma, percebe-se que ela se vincula ao DISTANCIAMENTO ESPAÇO-TEMPO, uma das fontes do dinamismo moderno. Tal como a Modernidade, a Globalização compreende várias dimensões, conectadas à exaustão porém jamais sendo explicadas umas em termos das outras:
· Economia Capitalista Mundial
· Sistema de Estados-Nação
· Ordem Militar
· Divisão Internacional do Trabalho
Se for considerada a realidade, a organização econômica mundial é dominada pelos mecanismos econômicos capitalistas. Os principais centros de poder econômicos são capitalistas. A organização desses estados caracteriza-se por uma “insulação” do econômico em relação ao político – permitindo às corporações um amplo escopo para suas atividades globais. Concentrando em mãos imenso poder econômico, essas mesmas corporações têm capacidade de influenciar sistemas políticos em seus países-base e em locais distantes, rivalizando com os Estados-Nação. Porém, com desvantagens: as corporações não detém aspectos-chave como Territorialidade e o Controle dos Meios de Violência.
Esses aspectos constituem as bases do Sistema de Estados-Nação, podendo ser sintetizados no conceito de Soberania, uma construção histórica que implica o reconhecimento, por parte dos demais estados, do direito ao uso legítimo da força física em uma determinada área territorial. A ação dos estados, como já se viu, tem grande consideração pelas questões econômicas, mas não se resume a essas – os aspectos políticos e militares também são relevantes.
A natureza dialética da Globalização, na dimensão dos estados, traduz-se pelo confronto entre uma tendência centralizadora (onde a ação planejada dos estados favorece a Economia) e uma tendência anárquica (manifestada pela soberania dos estados e pela constituição de alianças, que aumentem a influência dos estados dentro do sistema). Nesse contexto, a ação da ONU e de outros organismos internacionais não apenas limita a soberania dos estados em geral, mas expande a soberania de alguns estados em particular (como no apoio às nações asiáticas a africanas recém-independentes, nos anos 60).
A terceira dimensão, a Ordem Militar, não representa, necessariamente, uma ameaça constante à soberania dos estados – embora possa representar esse papel em contextos específicos. Suas principais características são a inexistência de um “Terceiro Mundo” em termos militares, já que a maioria dos países mantém armamento tecnologicamente avançado e exércitos modernizados. A própria posse de armas nucleares, ponto culminante do processo de Industrialização Militar, cuja manutenção por parte de um estado se justifica para evitar o seu uso por parte de outras nações (o chamado “equilíbrio do terror”), não se resume apenas às nações desenvolvidas. Outro aspecto seria o estabelecimento de Alianças Intercontinentais e a deflagração de Guerras Mundiais.
A quarta dimensão da Globalização é a Divisão Internacional do Trabalho, originada pelo desenvolvimento industrial já no século XIX. Relacionada tanto aos aspectos político, econômico e militar, ela envolve crescente diferenciação entre áreas mais e menos industrializadas no mundo, essa dimensão representa um aumento da interdependência global, mudanças no sistema produtivo mundial e difusão mundial das tecnologias de máquina – criando um “novo mundo” tecnológico, cujo lado negativo é representado pelas agressões ao meio ambiente. Há a redução da hegemonia econômica de alguns estados – superados por “países de industrialização recente” - e, graças à disseminação das tecnologias de comunicação, cria-se a chamada “Aldeia Global”, possibilitando a extensão global das instituições da Modernidade.