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Artigos-->WAGNER E NIETZSCHE – A POLÊMICA CONTINUA! Parte III -- 20/02/2002 - 19:59 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
WAGNER E NIETZSCHE – A POLÊMICA CONTINUA!



PARTE III



No capítulo anterior vimos que a polêmica deflagrada por Nietzsche contra Wagner, já sobrevive há mais de um século e atraiu as opiniões de muita gente de peso.



A razão para tanta contradição, é que Wagner não foi um ser humano comum, ou mesmo normal, no sentido mais amplo do termo. A complexidade multiforme de seu gênio confunde mesmo os mais esclarecidos analistas e críticos, porque são raríssimos aqueles que detêm conhecimentos suficientes em todos os níveis dessa genialidade, para sustentar uma demanda sobre as mesmas.



Então vemos alguns literatos a se engalfinharem, e enquanto uns tentam provar que os escritos wagnerianos eram pura mistificação, outros defendem o pioneirismo e absoluta originalidade de seus textos.



Em outra frente, vemos músicos discutindo a validade de suas temáticas e formas de construção musicais, num esforço de análise extremamente dificultado pela falta absoluta de parâmetros de comparação.



Em outra frente ainda, vemos os filósofos discutirem o universo cosmogônico sobre o qual Wagner desejava construir seu mundo particular, e as conseqüências de vir uma forma de arte – a música – se transformar numa religião. E por que não? Indagam alguns. E por que sim? Indagam outros.



Numa quarta frente, vemos os sociólogos tentando definir as causas sociais que levaram à existência de talentos tão amplos reunidos numa só pessoa. A corrente dos “enviromentalist” tenta imputar ao meio, pura e simplesmente as razões dessa superdotação. Já os comportamentalistas discordam e afirmam que há muito de hereditário nisso, e que a maneira como Wagner foi criado acabou por determinar sua visão de mundo,e, conseqüentemente sua argúcia e visão holística.



O fato é que o prosaísmo do ideólogo não se coaduna com seu genial instinto de músico!

Muitos querem que a dramaticidade de suas obras não seja senão o reflexo de seu sentimento pequeno-burguês.



Frente a tamanha confusão, que fazer com um homem de tamanhos talentos? Como classificá-lo? E se, afinal, os críticos tiverem razão e sua obra for despida de conteúdo, por que então se continua a representá-lo? Muitos de seus críticos contemporâneos – Meyerbier entre eles - já perderam parte do brilho que possuíam em vida, enquanto o brilho de Wagner se acentua à medida que o tempo avança! Outros, o mundo só conhece através da biografia do próprio criticado! Triste ironia!



Nossa época trouxe consigo o senso de consumo, e generalizou-se a presunção pela aplicação do método dialético, quer venha a propósito, quer não. A resposta, que não é senão a razão pela qual a obra de Wagner sobreviveu, é que, apesar dos futurismos exacerbados que ela continha - tão criticados à época de sua criação - são, ao fim, a razão maior para a perenização de seu estilo.

O estilo de Wagner seduz justamente por seus vários matizes, e a reverberação da polêmica, sobre sua pessoa, mais de um século depois de sua morte, é uma prova definitiva disso!



O século XIX foi o século de Carl Marx, mas foi também o século de Richard Wagner. Ambos defenderam algumas utopias, mas em ambos havia a chama do futuro chamando-os para seu seio.



O fato de Wagner ter sido músico, pode-se chamar de casuístico, e apenas nos ajuda a ter a noção exata do quanto seu gênio precisava extravasar. Poderia ter sido um pintor, ou um romancista, e provavelmente teria sido um expoente nessas artes.



A maioria dos grandes músicos eram exímios instrumentistas, e foi isso que alavancou as carreiras de muitos deles. Alguns, como Franz Lizst, que veio a ser sogro de Wagner, o virtuosismo instrumental ao piano ainda não foi superado até nossos dias, não importa quão memoráveis tenham sido as performances de Rubinstein, Liberace e outros grandes pianistas de nossa época. Nenhum deles alcançou a perfeição de Lizst. O virtuosismo de Lizst era muito maior que sua capacidade de criação, embora ele tenha composto algumas obras que marcantes.



Com Wagner deu-se o contrário! Ele jamais foi bom instrumentista! Seu forte não era o braçal, mas o uso do intelecto puro e simples. Ele nunca havia se interessado por música, até ouvir aquela que era considerada então – e muitos músicos atuais ainda consideram que é – a maior manifestação do gênio humano na música, a Nona Sinfonia, de Beethoven. As dificuldades técnicas de execução dessa obra são monumentais, mas justamente por isso o atraíram sobremaneira, e levou-o a tomar para si a tarefa de vertê-la para o piano, e fê-lo enquanto ainda era estudante de música!



É necessário que se reconheça que antes de Richard Wagner e depois dele, houve compositores mais exemplares, e mais “colunáveis”, mas todos eles eram mais fáceis de classificar.



Da mesma forma, houve dramaturgos, literatos e pensadores mais notáveis, e a história guarda em seus anais os registros de estilistas da língua alemã de muito maior importância que Wagner, como Schopenhauer, Feuerbach e Hegel, apenas para citar alguns.



Mas Wagner teve um pouco do gênio de cada um deles, e acabou por se tornar uma personalidade de difícil classificação! Analisando os escritos de Thomas Mann sobre “O Caso Wagner” encontrei um trecho onde ele define o autor de AS FADAS como “um diletante genial”. Modestamente eu ousaria acrescentar: Wagner foi o diletante necessário!



No próximo capítulo, veremos como se formou esse caleidoscópio de talentos e como Nietzsche tentou esfacelá-lo.



Até lá!



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