Dizem que não há pessoa mais chata do que ex-fumante, pois, este costuma reclamar demais dos que continuam a praticar o tabagismo. Deixei de fumar, mas, não me sinto no direito de criticar os fumantes. Acho até que mesmo quem não fuma, ou nunca fumou, não teria esse direito.
Não constitui mérito o fato de você não fumar; apenas você teve muita sorte.
Senão, vejamos: se, quando você era criança, ninguém lhe ofereceu cigarros, o que você acha que é isso? Pura sorte. Com aquela idade, você nem teria noção sobre se o cigarro faz ou não faz mal, e era um alvo fácil para o tentador.
Se, ao contrário, alguém lhe ofereceu, você experimentou e não gostou, nossa, isso é que é sorte!
Na sua adolescência, se você resolvesse fumar, quem seguraria? Nessa idade, você já saberia que o fumo faz mal, mas, é justamente na adolescência que o homem gosta de viver perigosamente, é ou não é? Então, se não fumou naquela época de sua vida, você continuava com uma estrela deste tamanho...
Agora, se em algum momento, você resolveu fumar e o fez durante anos, até chegar a hora em que decidiu e conseguiu parar, é claro que valeu sua decisão, sua força de vontade, seu determinismo. Mas, pensando bem, você não acha que entrou uma boa dose de sorte nessa empreitada? O próprio fato de você não sentir mais vontade de fumar, entra na parte atribuída ao fator sorte.
Então, por que criticar, amolar e chatear os fumantes? Você deveria ter pena deles, pois, ao contrário de você, eles são os azarados, os perseguidos pelo destino, você não acha? Deixe que eles fumem sossegados, até que o bafejo da sorte consiga apagar seus cigarros.
E, por falar nisso, há a piada daquele sujeito que batia no peito e dizia:
- Deixar de fumar é fácil. Já deixei mais de dez vezes!
Há também a conversa de um amigo meu, muito espirituoso:
- Não consegui me acostumar com o cigarro, então larguei. Mas, olha que eu tentei, hein? Não desisti assim fácil, não. Tentei fumar por mais de
cinquenta anos.
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