Senhor!
Não sei se tens nos ouvido.
Esse seu povo, ainda anda
Cego e oprimido.Mas deixe-me dizer um pouco do que sigo.
Por esta janela periférica, que dá ao centro da capital, pela via principal marcham, sob o sol, todos os dias os carentes,
De antecedente animal,
De raça discriminada no jornal.
Apesar do desigual, ainda se ilude, se enfeita e é crente num futuro normal.
Senhor!
Não sei como dá pra sobreviver, como se pode, nos dias atuais ter, ter e não ser.
Pois bem debaixo dos meus pés, vem das matas um rio que ficou poluido, enquanto ao meu lado o meu filho berra com fome e o do vizinho nada pode dizer.Por que juntos estão paridos.
Sem saber o que fazer caminhamos pros bares, que hoje é lazer. Lá dizemos de tudo, bebemos com ódio e pra esquecer reclamamos sem saber o que fazer.
Senhor!
Contudo temos muito a agradecer,
Por mais que tirem as nossas casas,
Por mais que estejamos famintos,
Por mais que não tenhamos escolas,
Por mais que nos façam dizer sempre sim,
Por mais que não tenhamos hora pra nascer.
E antes que eu me esqueça, obrigado senhor por mim e por você.Obrigado, pois quando eu morrer terei perdão.
Terei perdão?!... |
