Bem, as duas conversavam sobre assuntos rotineiros, rasos, vamos assim dizer, mas estavam tão entusiasmadas que, quem as ouvisse sem prestar atenção nas frases, havia de supor que lidavam com matéria de natureza profunda.
Dizia a morena:
- O vinho não é de boa qualidade, mas a comida é bem apresentada e vale o que você paga por ela. O lugar é tranquilo, bem frequentado. Afinal, é um bom programa para um sábado ou sexta-feira. Eu só faço restrições ao vinho. Decididamente, eles não têm uma boa carta de vinhos.
O outra, mais clara, estava preocupada noutro rumo:
- Lá em casa, sem empregada, está um desacerto. Os meninos criam todo tipo de confusão. Ainda ontem, por exemplo, a Bety não queria tomar banho, dizendo que o chveiro elétrico não estava aquecendo. Foi uma luta até conseguir metê-la em baixo do chuveiro.
Depois a outra, continuava:
- Nas próximas férias, eu já falei com o Arizinho, nós vamos conhecer a serra da Borborema, ou seja, Campina Grande e adjacências. Sabe como é, Campina Grande é a capital das festas juninas do Nordeste. É uma riqueza!
A outra, por seu lado, prosseguia:
- Eu estou de olho numa promoção da Casa Freitas. Lá tem um utensílio que em todas as outras lojas estão vendendo a setenta reais; na promoção, Ã vista, ele está saindo por quarenta e cinco reais. É quase a metade.
E por aí foram elas, desfiando os nós da vida, preenchendo o vazio das pardes de pouco movimento com a famosa conversa de miolo de pote que, por sinal, pode não trazer grandes benefícios mas, por outro lado, não produz efeitos colaterais. |
