Onze horas e cinqüenta e nove minutos do dia vinte e quatro de dezembro. Todos em volta da mesa, de mãos dadas, esperando o momento lindo do Natal. Na mesa, perus, chesters, castanhas, rabanadas e tantas outras iguarias típicas da época. Na cabeça de cada um, a fé em tempos melhores, lágrimas de saudades pelos que já haviam morrido, sentimentos sinceros talvez no momento de maior franqueza de cada um dos presentes.
Quando deu meia noite, fogos começaram a ser soltos nas ruas vizinhas e os integrantes daquela família começaram a iniciar os cumprimentos fraternos, quando, de repente, um grito rasgou a festa. Não era um grito de desespero, mas de prazer imenso, como o de um suicida que está conseguindo o seu intento. Todos foram para o quarto de onde havia vindo o som. O dono da casa abriu a porta, acendeu a luz e lá estava sua esposa de pernas arreganhadas, depois de uma gozada fenomenal com o vizinho bonitão que morava na casa em frente da dele. O marido cerrou os dentes e já ia desfechar um golpe no filho da puta do vizinho para depois esfaquear a esposa, quando os parentes o seguraram e pediram para que tivesse fé e compreensão, pois estavam no dia do nascimento do Nosso Senhor e deveria haver violência zero naquela data sagrada. Ele, como católico fervoroso que era, coçou a cabeça, pediu à mulher para que pusesse a calcinha, dirigiu-se ao vizinho bonitão (que ameaçou esquivar-se) e estendeu-lhe a mão desejando um feliz Natal e um próspero Ano Novo. A mulher, com aquele chorinho falso de toda galinha filha da puta, encostou a cabeça no ombro do maridão chifrudo e disse que aquilo nunca mais iria acontecer. Ele, chorando aquelas lágrimas que só corno sabe expelir, disse que amava a todos que ali estavam e que só queria o bem de cada um, inclusive do vizinho que comeu a sua mulher.
Todos dirigiram-se para a mesa e a sogra do corno pediu para rezar uma prece antes de começarem a comer. De cabeça baixa todos oraram ao tempo em que o vizinho bonitão patolava o dedo indicador da vagina da dona da casa.
Natal é isto, minha gente. Momento de paz, de confraternização, de amor, muito amor. Então, se você chegar em casa no dia 25 de dezembro e encontrar a sua mulher chupando o pau do seu maior inimigo, releve, pois a paz na Terra só haverá aos homens de boa vontade e compreensão.
Que Deus abençoe a sua mulher e, qualquer coisa, estou à disposição de vocês.
Paz, amor e pau nas coxas! |