por vezes, temo a minha própria alma.
sonho com o amor
sem poder tê-lo
e minha alma imagina-se capaz de pular o abismo.
mas há em mim um senso do que é justo e correto.
e minha alma se subordina.
o justo, às vezes traz a dor,
mas precisa ser feito,
para que não nos tornemos escravos do inferno.
por vezes é preciso ter coragem para buscar a felicidade.
mas há preços que não podem ser pagos.
não se pode pagar o preço do medo, da traição,
daquilo que se faz escondido.
minha alma só age à luz do dia.
e aí pode rasgar-se em dor,
pode trazer a minha boca o amargo gosto
da verdade que adotei para mim.
não me fales de saudade.
morro por ti todos dias.
mas será assim
até que se apague tua lembrança em mim.
nada muda no meu caminho
- é reto, justo e luminoso.
e meu amor só pode ser amor
se for um amor livre,
que possa mostrar-se ao sol,
nas ruas, nas praças,
só pode ser amor inteiro,
senão vai esvair-se em dor, do mesmo jeito.
assim, tua saudade acaricia minha alma.
me faz menina de novo, em teus braços.
mas é um momento só, eterno, entretanto.
vai, meu amor,
com tua escolha,
sempre há um preço.
tua saudade é brisa que me envias,
que precisa esvair-se na noite
para que o dia me pegue de novo
com a surpresa da aurora,
com a beleza da deusa radiante,
com fresco vermelho da rosa triunfante,
- a verdade, a luz
e o teu amor, que segue em meu peito,
mas que é altivo e livre,
embora doce e forte,
embora apaixonado e louco.
tu bem o sabes.
é isso que tu amas em mim.
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