O aroma da serra, o ar úmido, as flores, a névoa sobre os picos mais elevados, a lembrança vívida da lua de mel...
Tudo veio de repente, apenas com um telefonema do filho mais velho, falando da visão da serra, naturalmente de outra serra, mas falava com entusiasmo da beleza natural, da música que ouvia enquanto vislumbrava a silhueta escura da montanha ao lado da estrada que a circundava. Bastou aquela fagulha, porque já ouvira a voz da esposa distante, cobrando notícias, reacendendo a chama da saudade que estava ali mesmo dentro do coração, apenas um pouco adormecida pelos afazeres diários, pela missa dominical na mesma igreja onde iam os dois, aos sábados ou domingos.
Aí, a memória trouxe de volta os dias da lua de mel no Remanso, o frio, a lareira, a bruma sobre os cumes pontiagudos do Monte Flor, Guaramiranga, tão pacata, tão recolhida ao seu passado...
Lembranças, retalhos do passado que sobrevivem teimosamente no presente e, enquanto vida tiver, hão de subsistir pelo futuro afora.
Assim somos nós, feitos de sonhos, memórias, pensamentos, desejos, saudades, a herança doce e amarga que os lusitanos nos trouxeram e deixaram gravadas em baixo relevo na nossa alma brasileira. |
