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Ensaios-->MENDELSSOHN – O SEGUNDO MOZART, UM GÊNIO FELIZ - Parte 2 -- 17/08/2002 - 21:50 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MENDELSSOHN – O SEGUNDO MOZART, UM GÊNIO FELIZ
J.B.Xavier



Parte II

Ironicamente, o destino interferiu duas vezes com os Mendelssohn: A segunda foi nos anos negros do terceiro Reich de Hitler. Sua sanha anti semita fê-lo aniquilar o Banco Mendelssohn. Porém o anti semitismo foi também responsável por parte dos destinos que afetaram a família, quando de sua formação.

É possível seguir as origens da família Mendelssohn até o século XIII, porém preferi ater-me ao tempo e espaço próximos ao compositor, afim de não tornar desinteressante a leitura.

Porém, não posso deixar de citar, ainda que de passagem, os laços proeminentes de antepassados ilustres que Felix Mendelssohn tinha, sob pena de prejudicar a compreensão ampla de sua vida e obra.

Um de seus antepassados mais ilustres, foi R. Moses Isserles, que viveu nos anos 1400, em pleno século XV. Fazem parte também da galeria de antepassados famosos, notáveis rabinos e juristas alemães, poloneses e italianos.

Mesmo o pai do compositor, antes de enriquecer, morou muitos anos em Paris, onde trabalhou como empregado na famosa Casa Fould. Foi somente em 1804 que ele regressou à Alemanha e, estabelecendo-se em Hamburgo, associou-se ao irmão num negócio bancário que chegou a ser o estabelecimento de crédito de maior prestígio da Europa.

Em 1813, as tropas napoleônicas tomaram Hamburgo, e como conseqüência, uma onda anti semita grassou pela cidade. Temerosos, os Mendelssohn mudaram-se para Berlim. A esta altura os filhos de Abraham Mendelssohn já eram quatro: Fanny Cäcilie (1805-1847), Felix (1809-1847), Rebecka (1811-1858) e Paul (1813-1874). Ele resolveu então educar os filhos na religião protestante e decidiu acrescentar-lhes um nome cristão. O nome escolhido foi Bartholdy.

Segundo os registros da época, esse era o nome do antigo proprietário da esplêndida casa, em Roma, onde morava um dos irmãos da mãe do compositor, Jakob Salomon. Seguindo a trilha de sucesso da família, Jakob era cônsul da Prússia na cidade dos césares.

Numa prova inequívoca da inteligência e visão de longo alcance, esse tio de Mendelssohn deixou registrado as razões da conversão da família: “É justo permanecer ligado a uma religião perseguida, e infeliz, e impor essa religião aos filhos, como um martírio, enquanto se tem certeza de que ela é a única boa e a única capaz de proporcionar a salvação; mas, quando não existe essa certeza, é bárbaro exigir dos filhos sacrifícios dolorosos e inúteis.”

À época era comum que o chefe da família acrescentasse ao seu nome o sobrenome da esposa, afim de evitar que se confundissem os nomes dos vários ramos de uma mesma família.

A conversão de Abraham Mendelssohn ao protestantismo, aos 46 anos, não teve nenhuma conseqüência grave, mesmo porque ele era reconhecido pela retidão de princípios e honestidade inabaláveis. A esse respeito disse o compositor C.F. Zelter, que viria a tornar-se preceptor musical de Felix, em carta enviada a Goethe: “Recebei Abraham Mendelssohn. É um dos raros homens que, nestes dias difíceis, conseguiram chegar a ser ricos sem manchar a consciência.”

Assim, graças à providencial mudança de nome, Felix Mendelssohn e seus irmãos puderam passar toda a infância e a adolescência sem serem molestados por perseguições religiosas.

Os pais de Felix eram ambos instruídos, tinham um gosto profundo pelas artes e atribuíram enorme importância à educação dos filhos. Assim, eles construíram uma família-modelo, obviamente, dentro dos limites inerentes ao sistema patriarcal da época, especialmente numa família de origem judaica. O fato é que era uma família muito unida, que viva num clima de paz e tranqüilidade.

A bem da verdade, foi a mãe do compositor que desempenhou o principal papel em sua educação. Sendo uma mulher refinada e inteligente, ela esteve sempre à frente da formação dos filhos. Assim, foi ela que lhe deu as primeiras lições de piano.

Mas Felix Mendelssohn não era o único dos irmãos tremendamente dotado para a música. Sua irmã Fanny foi também musicista à altura do irmão. Quando ela nasceu, sua mãe comentou carinhosamente: “Ela tem dedos bons para as fugas de Bach!” Essa observação, que seria trivial para outra pessoa qualquer, para Lea, era, na verdade, um projeto de vida.

Esse projeto, cuidadosamente adubado pela zelosa mãe, faria de Fanny uma grande pianista. Algumas de suas obras eram de qualidade tal, que vieram mesmo a serem atribuídas a Felix. Sendo quatro anos mais velha que ele, Fanny, ainda adolescente, pasmava as visitas da casa, tocando, de memória, os 24 prelúdios e fugas do primeiro livro do Cravo Bem Temperado, de Bach, uma obra de difícil execução.

Essa diferença de idade fez de Fanny a orientadora e a amiga de todas as horas do grande compositor. Sua importância na vida do artista foi fundamental, passando a certa altura, a tornar-se indispensável. Ela foi, de longe, sua mais importante relação afetiva e intelectual. No terreno da afetividade, foi tal essa ligação, que ela passou a ser uma espécie de dublê feminino do compositor.

A residência dos Mendelssohn, em Berlim, era freqüentada por renomados inteligências e artistas alemães da época, que ali reuniam-se para profícuos serões intelectuais. Eram assíduos freqüentadores desses serões o poeta Heine, o filósofo Hegel, o filólogo Humboldt, para citar apenas os mais conhecidos. Geralmente eles eram recebidos pelos Mendelssohn aos domingos, e era nesses encontros que Felix, ainda uma criança, participava das conversas e enriquecia-se com elas.

Não seria possível, nesse curto espaço, analisar toda a extensão e profundidade da educação recebida por Mendelssohn, por isso me aterei apenas à educação musical. Em relação a ela, os primeiros conhecimentos técnicos do músico, verteram de duas fontes básicas: Sua mãe, e sua tia-avó materna, Sara Levy. Entretanto, outras fontes auxiliaram na ampliação da formação musical do compositor.

Atento como sempre às oportunidades de melhor educar os filhos, Abraham levou Fanny e Felix, quando, em 1816, precisou ir a Paris, numa viagem de negócios. Na capital francesa, que ele tão bem conhecia, os irmãos receberam aulas de piano de Marie Bigot de Morogues, a pianista que impressionara Haydn, e que era também respeitada intérprete de Mozart. Bigot, cujo nome de solteira era Kiéne, estudara na juventude com Beethoven, e o autor da Nona Sinfonia, como prova de admiração, tinha lhe oferecido o manuscrito da sonata op. 53, Apassionata.

Mesmo sendo conhecida por seu talento pedagógico, Marie Bigot não parece ter deixado traços duradouros na formação musical de Felix Mendelssohn. Talvez pelo curto período a que ele esteve exposto à sua influência.

De volta a Berlim, Abraham planejou a educação dos filhos e o fez sistemática e brilhantemente, por não desejar que ele freqüentassem uma escola pública. Mas isso já é assunto para o próximo capítulo.

Até lá!

* * *


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