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Ensaios-->MENDELSSOHN - O SEGUNDO MOZART, UM GÊNIO FELIZ! -- 21/07/2002 - 03:12 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MENDELSSOHN – O SEGUNDO MOZART, UM GÊNIO FELIZ!
J.B.Xavier

Parte I

O epíteto que qualifica Mendelssohn no título deste estudo, não é de minha autoria. Quem comparou Mendelssohn a Mozart, foi o poeta Heine, em 1822, quando escreveu:

“Excetuando-se o jovem Mendelssohn, que é um segundo Mozart – e sobre isso todos os músicos estão de acordo – Não conheço nenhum outro músico genial em Berlim”.

Debruçar-se sobre a vida de Mendelssohn é, acima de tudo, um exercício de felicidade! Não há quem o faça, que não se sinta invadido por um grande prazer ao se deparar com os múltiplos talentos desse genial compositor. Não há como não se sentir em paz ao se mergulhar na atmosfera do século XIX e verificar como esse magnífico personagem soube administrar bem sua vida até o fim. Ele não se deixou dominar pelo sucesso, e o equilíbrio que flui de suas ações são um bálsamo para quem está acostumado com o tormentoso mundo dos grandes artistas desse período. Sua morte prematura foi o resultado de um amor maior que tudo, maior que ele próprio, mas em sua curta vida, Mendelssohn trouxe suavidade para a Música, e suas obras são o retrato de um homem em paz.

Tentarei, ao longo das próximas páginas, pincelar numa aquarela – como faria o Mendelssohn desenhista - um quadro amplo o bastante para que possamos compreender os fatores que geraram esse homem excepcional, cujo talento musical acabou por eclipsar seus outros talentos, grandes o bastante para faze-lo brilhar em qualquer um deles.

Quase sempre a biografia dos gênios está eivada de sofrimentos e superações extraordinárias, a ponto de nos levar a pensar que são as necessidades e as provações os cadinhos nos quais esses seres humanos especiais se desenvolvem.Quem se debruça sobre as biografias dos músicos e poetas do Romantismo, encontra freqüentemente seus dramas pessoais como motores de suas obras: A surdez de Beethoven, a pobreza de Schubert, a tuberculose de Chopin, a loucura final de Schumann...todos esses dramas levam os estudiosos menos profundos a uma visão simplificada dos artistas desse período da história da humanidade.

Não é o caso de Mendelssohn! Ele nasceu de pais ricos, esteve sempre cercado do carinho da família, tinha muitos e fiéis amigos, teve educação privilegiada e primorosa e não sofreu nenhum desencanto amoroso. Um contemporâneo seu, o descreve como um tipo viril, de beleza mediterrânea, com um rosto de linhas puras, de expressão extremamente calma. Muitos relatos da época contam que ele brilhava na natação, era exímio cavaleiro, e não tinha rival na esgrima e na ginástica, mas talvez, a descrição de Rémi Jacobs seja a que melhor descreve esse artista completo:

“Sua humildade profissional foi tomada pelo diletantismo. Ele era rico, distinto, talentoso, bem dotado para tudo e possuía vasta cultura geral. Daí a se pensar que ele não era mais que um brilhante amador não havia mais que um passo. (...) Mas sua existência laboriosa e sobrecarregada demonstra - se isso ainda é necessário - que Mendelssohn situa-se nos antípodas do amadorismo”.

Em tudo Felix Mendelssohn foi favorecido pela sorte. Para começar, ele nasceu em Hamburgo, cidade tipicamente internacional e cosmopolita. Sendo um dos mais importantes entrepostos comerciais da Europa desde a Idade Média, Hamburgo gozou da privilegiada condição de cidade livre até o começo do século XIX.

Na época em que o compositor nasceu, a cidade era disputada acirradamente por franceses, ingleses e alemães. Há época, anexada ao império napoleônico, acabou Mendelssohn, de origem judaico-alemã, nascendo com cidadania francesa.

Não fosse a obra desse gênio da música tão encantadora, sua biografia poderia parecer monótona para os fatalistas de plantão que procuram no sofrimento as razões da genialidade humana.

A vida de Mendelssohn não apresenta grandes contrastes. O quadro psicológico que emerge do estudo de sua vida é o de um homem completamente integrado ao seu meio social, que foi muito bem orientado pelos pais e que viveu intensamente sua vida até o fim.
Sua carreira artística nunca teve altos e baixos. Sua ascensão no meio musical foi sempre constante, graças ao volume de trabalho a que se impunha e à sua grande criatividade.

Sofrimentos, de fato, ele só os teve no fim da vida, quando, aos poucos foi perdendo as pessoas que mais amava: alguns amigos, o pai, a mãe e mais que todos, sua irmã Fanny Cäcilie, com quem tinha um relacionamento simbiótico.

Fruto de uma família rica e talentosa, o compositor tinha por avô ninguém menos que Moses Mendelssohn (1729-1786), um dos maiores filósofos judeus e uma das figuras centrais do iluminismo alemão. Sua principal obra filosófica foi uma adaptação de Fédon, de Platão.

Com ele teve início a saga dos Mendelssohn. De origem extremamente humilde, superando todas as dificuldades que a pobreza lhe impingia, ele alçou-se à esfera dos grandes pensadores do século XVIII, tendo sido uma das maiores fontes de inspiração de Nietzsche, um século mais tarde. Foi tamanha sua influência, que Lessing lhe dedicou seu célebre drama Nathan, o Sábio, graças à admiração que lhe dedicava.

A influência do filósofo sobre seus descendentes, refletiu-se diretamente na maneira pela qual a personalidade de Felix Mendelssohn se desenvolveu. Praticamente toda essa descendência seguiu pelos caminhos da intelectualidade e do sucesso financeiro.

Por um lado, Mendelssohn pertencia a uma família de banqueiros, e por outro, seus parentes mais próximos eram artistas e intelectuais de renome: Seu primo, Philipp Veit, tornou-se um pintor de renome em seu tempo. Ele era filho das primeiras núpcias de sua tia, Dorothea, filha de Moses Mendelssohn. Dorothea viria ainda a casar-se, em segundas núpcias, com Friedrich Schlegel, uma das principais figuras do romantismo alemão.

Havia ainda sua tia-avó materna, Sara Levy, que foi a aluna preferida de Wilhelm Friedmann Bach, e que teve definitiva influência no magnífico trabalho que Felix Mendelssohn executou para trazer novamente à tona a obra de Johann Sebastian Bach.

A riqueza da família, não é fruto de menor talento do que aquele conseguido por sua ala intelectual: Pelo lado paterno, os pilares da fortuna da família eram seu tio paterno, Joseph Mendelssohn (1770-1848) e seu próprio pai, Abraham Mendelssohn, seu sócio. Joseph foi o fundador do Banco Mendelssohn e Cia, cuja existência chegou até quase os nossos dias, e só foi destruído pelo III Reich de Hitler. Pelo lado materno, a família do compositor era também muito rica: Lea Salomon, sua mãe, era neta do célebre banqueiro Daniel Itzig.

Foi nessa atmosfera que nasceu Jakob Ludwig Felix Mendelssohn Bartholdy, no dia 3 de fevereiro de 1809, em Hamburgo, fruto do casamento de seus pais em 1804. Como era de se esperar de pessoas refinadamente intelectualizadas, Tanto Abraham Mendelssohn quanto Lea Salomon providenciaram uma educação esmerada e requintada para seu filho, que acabaria por transformá-lo num marco do romantismo musical do século XIX.

Mas isso já é assunto para o próximo capítulo.
Até lá!

* * *


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