Naufrágio
Paulo Nunes Batista
Homens ao mar
E nada: O Tubarão
A presa agarra nos agudos dentes.
O rubro (a)tinge o verde –azul-marinho.
O frio gela, com geladas mãos
Adeuses impossíveis vão nas águas.
Após o último beijo almas se soltam:
Uma flutua, enquanto a outra, ainda presa
Ao corpo do afogado, oscila oscila
E baixa às profundezas desse oceano
Onde em estrelas viram-se as Atlântidas.
A vida por um fio, a vida em gotas
E, de repente, um barco: a salvação
Outras manhãs virão na asa do tempo
Até que um dia...um dia...era uma vez...
Só interrogação e reticências
Espaços que se abrem, e fecham, e reabrem
Para após se fecharem... ondas e ondas
Na constante inconstância de existências.
Há sempre alguma praia à nossa espera
Se chegaremos Lá, responda o Sonho.
Verão inverno outono primavera
A noite tempestade o Sol risonho
Belerofonte, o que matou Quimera,
Montando no seu Pégaso. O medonho
Medo do mito. Que verdade austera
Mata a Dúvida atroz em que me ponho?
Ah minha frágil nau, com seu naufrágio.
Visigodo guerreiro, eu fui Pelágio
E mouros derrotei em Covadonga.
Átila, rei dos Hunos, o “Flagelo
De Deus” fui eu...fui Satanás, o Belo,
Não sendo mais que um nada que se alonga...
Anápolis, 16/12/2000.
Notícia Rápida sobre Paulo Nunes Batista:
*Paulo Nunes Batista 77 anos - é poeta popular e erudito e escritor.; autor de vários livros (em poesia e prosa) e inúmeros cordéis, folhas volantes e ABCs. Paraibano, descendente de uma família paraibana, de grandes poetas e repentistas, radicado em Anápolis-Go há quarenta anos. Já morou em diversas capitais brasileiras, batalhando a vida. Antigo militante do PCB de 1946 a 1952, chegou a ser preso, hoje espírita. Formado em Direito. Pertence a Academia Goiana de Letras, em cuja posse, fez o discurso rimado. Tem publicações espalhadas pela imprensa do país e em Portugal, onde já representou o Brasil no cordel.
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