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Artigos-->Teatro Brasileiro no Japão -- 13/07/2011 - 09:39 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


TEATRO BRASILEIRO NO JAPÃO



L. C. Vinholes



 



 



Este trabalho, apresentado em forma embrionária no X Colóquio da Associação Japonesa de estudos Luso-Brasileiros, realizada em Nagoya, em 18 e 19 de dezembro de 1976, e, posteriormente, ampliado graças às informações e novos subsídios facilitados por inúmeras pessoas que dele tiveram conhecimento, tem como finalidade registrar, da forma a mais exata possível, aquilo que, até o presente, foi feito no Japão, significando presença cultural do Brasil em termos de Teatro.



 



A apresentação que segue ordem de assunto e cronológica está acompanhada de quadros com dados sobre as diferentes apresentações das peças brasileiras, sobre os elencos e sobre o noticiário da imprensa.



 



A primeira parte do trabalho está dedicada às atividades dos grupos profissionais de teatro e a segunda parte a dos grupos amadores, estes, na quase totalidade, diretamente ligados às universidades japonesas nas quais são realizados estudos do idioma e da cultura do Brasil.



 



I PARTE



 



A RAPOSA E AS UVAS



 



BUDO NO KAI - Em 1958, de 12 a 24 de agosto, diariamente das 18h e com matinés às 14h dos dias 16, 17, 23 e 24, o grupo Budo no Kai (Cacho de Uvas), equipe de excelentes profissionais, apresentou no teatro Asahi Kaikan de Osaka, a peça A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo, na tradução de Jun Makihara, sob a direção de Shiro Okakura, tendo como auxiliares de direção Toshiharu Takeuchi e Jiro Iizumi.



 



Do programa distribuído na ocasião, Osaka Roen, nº112, consta artigo intitulado Sobre o Teatro Brasileiro, de autoria de Jun Makihara, e biografia de Guilherme Figueiredo. Outros artigos de autoria de Shiro Okakura e da conhecida atriz Yasue Yamamoto, fazem, também, referência ao Brasil, à peça de Figueiredo e aos conceitos nela implícitos. Do mesmo programa consta notícia da representação que o grupo, como seu 12º programa, faria em Tóquio, no teatro Sabo Kaikan, de 1º a 6 de setembro de 1958. Para esta representação colaboramos participando dos ensaios realizados na sede do Grupo em Nanpeidai 17, Oiwake-cho, Komagome, Bunkyoku, Tokyo, conforme registra notícia e foto publicadas na edição vespertina do Tokyo Shinbun, de 8 de agosto de 1958.



 



A tradução desta obra para o japonês foi feita a partir do texto em russo, segundo versão apresentada em 1957 no Festival de Teatro de Moscou. Inclusive as fotos das apresentações pelo grupo Teatro Dramático de Leningrado, na capital russa, serviram de subsídio à orientação dada na escolha dos trajes e na disposição do palco e dos cenários nas primeiras apresentações no Japão.



 



A publicação Budo Tsushin, nº15, de 10 de agosto de 1958, é toda ela dedicada à peça A Raposa e as Uvas e ao seu autor, sendo os primeiros artigos os de Shiro Okakura e Jun Makihara. Este fez uma análise da representação da referida obra no Festival de Teatro de Moscou e de sua aceitação em outras platéias da Europa e da América Latina. Figuram ainda: mensagem do Embaixador Roberto Mendes Gonçalves; biografia de Guilherme Figueiredo; Contra às Bombas mensagem de Honório Peçanha, Delegado Brasileiro à Conferência Internacional Contra às Bombas Atômicas e de Hidrogênio, realizada no Japão em meados de 1958; artigo intitulado A Luta do Brasil, de autoria de Riichi Tanaka, ex-correspondente do jornal Asahi Shinbun na América Latina e na época Chefe do Departamento de Programação da rádio Asahi Hoso; nossa mensagem; artigos de Kojiro Okakura, Harushige Takatsu, Yoichi Kawano e Sadao Bekku; artigo de Shiro Okakura intitulado Gendai no Guwa (Fábula Moderna); ensaio de Jun Makihara sobre Teatro Novo de País Jovem; biografias dos sete atores; uma nota sobre Teatro Brasileiro; e, finalmente, a mensagem de Guilherme Figueiredo. Esta, pelo seu significado e conteúdo, transcrevo a seguir:



 



“Aos japoneses amigos do Brasil.



Graças ao desvelo do professor Yasuhiro Sano, da Universidade de Tokyo de Estudos Estrangeiros, e ao teatrólogo Jun Makihara, do Teatro Cacho de Uva, de um lado, e a Embaixada Brasileira em Tokyo, pela primeira vez uma peça teatral do distante Brasil é traduzida ao público do Japão. Sinto-me feliz por haver o destino escolhido uma peça minha, e humildemente espero que sua escola seja útil à uma aproximação cada vez maior entre japoneses e brasileiros. Vivemos distantes, mas temos muito em comum: o Brasil conta com algumas centenas de milhares de japoneses integrados em sua vida e em seu trabalho, ajudando-nos em nossa prosperidade, e contribuindo para que o meu país seja a nação mais desprovida de preconceitos raciais e religiosos em todo o mundo; os brasileiros acostumaram-se a admirar a arte japonesa, a delicadeza de sentimentos dos nipônicos, e recebem, para sua prosperidade, a contribuição do seu comércio e da sua indústria. Dentro deste clima de amizade e de admiração recíproca, causa-me alegria que uma modesta expressão de arte teatral brasileira, A Raposa e as Uvas, tenha tido a honra de ser a primeira a apresentar-se no Japão, não apenas por ser de minha autoria, mas porque o seu assunto nos pertence, a japoneses e brasileiros, como a todos os homens: a liberdade humana, dentro da qual os povos e os indivíduos poderão viver fraternalmente”.



 



BUNGEI-ZA - No teatro Toyama-shi Denki Building Hall da cidade de Toyama, no dia 29 de novembro de 1959, às 13h30 e às 18h, um público de 859 pessoas assistia ao grupo Gekidan Bungei-za, com sede em Toyama-shi, Iwase Akadamachi, 131, na sua 16ª temporada, apresentar, na tradução de Jun Makihara, a peça A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo. Estas duas representações, as primeiras na área japonesa que dá para o Mar do Japão, tiveram como diretor Kiyoshio Nagata e foram patrocinadas pelo jornal Kita Nippon Shinbun, pela rádio Kita Nippon Hoso, pela Associação do Festival de Artes da Província de Toyama e contou com o co-patrocínio dos Conselhos de Educação da província e da cidade de Toyama.



 



Em 1969, em 8 e 9 de outubro, às 18h, por ocasião das comemorações do seu 20º aniversário de fundação e de atividades, o grupo Gekidan Bungei-za apresentou novamente a peça de Guilherme Figueiredo, desta vez no teatro Toyama Kenmin Kaika Hall, de Toyama, sob o patrocínio do jornal Kita Nippon Shinbun e do Conselho de Educação da Província de Toyama. Desta vez a peça foi dirigida por Masaji Horikawa, com um elenco completamente novo.



 



HAGURUMA-ZA - Nos últimos meses de 1961, o grupo Haguruma-za, com sede em Yamaguchi-shi, Noda-cho, 10-4, da cidade de Yamaguchi, apresentou em várias localidades da zona leste do Japão, a peça A Raposa e as Uvas, sob a direção de Yoshihisa Higasa.



 



Do programa distribuído na ocasião, figuram artigos da autoria do próprio diretor da peça, do tradutor Jun Makihara, de Toshiharu Takeuchi e Mikinori Ikegami (do Japan Press Service). Nestes artigos, o tema da liberdade, expresso na obra de Guilherme de Figueiredo, está citado com relacionamento ao movimento comunista no Brasil e na América Latina, que na época se esboçava, conforme referem, com a política socialista do presidente Jânio Quadros, com a Revolução de Cuba ...



 



De todos os programas distribuídos por ocasião das apresentações de A Raposa e as Uvas talvez este seja o que mais chama a atenção pelo fato de, pelas informações e expressões usadas nos artigos dele constantes, parecer indicar, sem sombras de dúvida, que a obra de Guilherme Figueiredo sempre interessou a um grande número de japoneses mais pelo que ela, ajustada, permite louvar nas idéias e filosofias de esquerda do que pela sua real preocupação com a autêntica liberdade individual sob o ponto de vista simplesmente humano, preocupação esta multi centenária, muito mais antiga do que as doutrinas deste século. O artigo de Joji Moroi intitulado Esopo no Danso faz referências às questões políticas nos países da América Latina nas décadas de 1950 e 1960, cita o Partido Comunista brasileiro, faz referência ao “povo brasileiro”, critica a burguesia e lembra a Revolução Cubana de 1959. O ensaio assinado por Toshiharu Takeuchi é escrito lembrando a saída de Jânio Quadros da Presidência da República, conseqüência de pressões opressoras de direita. Esse ensaio registra a informação seguinte: seu autor, em 1960, viu nas paredes dos corredores do Teatro de Pequim, cartazes anunciando a apresentação de A Raposa e as Uvas na capital chinesa, ocorrida enquanto ele lá se encontrava. Takeuchi afirma também que, pelas fotos, notou a influência das apresentações feitas pelo Grupo Teatro de Arte de Moscou ao público chinês.



 



Este programa é fartamente ilustrado com fotos dos intérpretes e de cenas de representações da peça em apreço.



 



KUMONO-KAI - Dias 28, 29 de novembro, 2, 3 e 4 de dezembro de 1965, às 19h, no Salão de Ensaios do teatro Omiya Kaikan, em Aburazaka-cho, na cidade de Nara, o grupo Gekidan Kumono-kai, como realização comemorativa ao quarto aniversário de sua fundação, apresentou na tradicional capital do Japão, a peça A Raposa e as Uvas.



 



A publicação Gekidan Kumo no Kai Kikanshi, nº6, de 1º de novembro de 1965, distribuída na época e durante as representações, incluiu um comentário sobre a peça de Guilherme Figueiredo e sua aceitação pelas platéias da Europa, do México, da Argentina, e uma referência ao 1º Prêmio que Tovsnokov (fonético) recebeu quando dirigiu esta obra no Festival de Teatro de Moscou comemorativo ao 40º aniversário da Revolução Russa.



 



GUNZO-ZA - De 27 a 30 de abril de 1966, o grupo Gunzo-za, de Tóquio, graças a gestões do seu produtor chefe S. Miyasawa, apresentou em cinco récitas no teatro Hayu-za Gekidyo, de 400 lugares, situado no movimentado centro de Roppongi, a peça A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo, sob a direção de Kiyoshi Seki, com cenários e figurinos de Yoshiaki Sono. O mesmo grupo, dentro do programa Travelling Theater, apresentou esta peça em cerca de 20 escolas secundárias fora da área de Tóquio.



 



Esta representação acrescenta um dado importante à história de A Raposa e as Uvas no Japão: o texto japonês usado pelo Grupo Gunzo-za foi o da tradução feita pelo senhor Shozo Asakawa que, assim como Jun Makihara, se baseou na versão russa da obra do autor brasileiro.



 



A representação de 27 de abril de 1966 foi realizada sob os auspícios da Em baixada do Brasil no Japão, graças ao interesse demonstrado pelo Embaixador Álvaro Teixeira Soares, com uma despesa de US$ 445,00, para uma platéia de convidados que reuniu personalidades governamentais, culturais, da imprensa, rádio e televisão do Japão, vinculados ao Brasil. A NHK, Rádio Japão, no dia 14 de maio de 1966, a partir das 19h20, no programa Rapsódia de Tóquio, retransmitiu para o Brasil uma cinta magnetofônica de 10 minutos de duração, reproduzindo trechos da gravação da peca A Raposa e as Uvas pelo Gunzo-za, na representação de 28 de abril de 1966, com comentários de Biase Wright e uma entrevista concedida pelo produtor K. Maki. Cópia desta transmissão foi encaminhada a Guilherme Figueiredo.



 



GEKIDAN KYOGEI - Sob o patrocínio do Teatro do Trabalhador de Kyoto (Kyoto Roen) e da Associação dos membros do Teatro Novo de Kyoto (Kyoto no Shingekijin no Kai), às 18h30 de 9, 16, 23 e 30, sextas-férias de setembro de 1966, no teatro Yamaichi Hall de Kyoto, o grupo Gekidan Kyogei, com sede em Kyoto, Fushimi-ku, Nouso, Kitashirobori, 31-18, apresentou a peça A Raposa e as Uvas, na tradução de Jun Makihara e com a direção de Shojin Masunaga.



 



Depois das apresentações, foi realizada dia 1º de outubro, às 18h30, na Sala de Reuniões nº 8, do Furitsu Kinro Kaikan (Clube dos Trabalhadores Municipais) em Kyoto, uma “reunião de auto-crítica”, anunciada nos programas e folhetos distribuídos antes e durante as representações. Deste material figurava ainda um resumo de cada um dos três atos da peça de Guilherme de Figueiredo.



 



RAKURIN-ZA - Em 1972 e 1973, sob a direção de Taijiro Ohno, que em 1956 quando membro do Grupo Budo no Kai desempenhou o papel do escravo etiópio, o grupo Gekidan Rakurin-za, realizou, respectivamente, 135 e 30 representações da peça A Raposa e as Uvas para escolas das mais diferentes regiões do Japão.



 



Nestas apresentações a tradução utilizada foi a de autoria de Shozo Asakawa e não a de Jun Makihara que Taijiro Ohno conhecera sob a direção de Shiro Okakura.



 



O grupo Rakurin-za sempre teve como preocupação principal a formação de novos atores e a de um público capaz de justificar o trabalho de grupos profissionais de teatro moderno.



 



GEKISAN SEIKATSU BUTAI - Em 1975, quando o grupo Gekidan Seikatsu Butai, da cidade de Fukuoka, completou seus 20 anos de atividades, a peça A Raposa e as Uvas foi escolhida para as apresentações comemorativas à data. Sob a direção de Yutaka Takao, a referida obra foi levada a cena três vezes, nos dias 7, às 18h39, e 8, às 13h45 e 18h30, de março daquele ano, no teatro Shonen Bunka Kaikan da cidade de Fukuoka, em Kyushu.



 



Mais uma vez a tradução usada foi a de autoria de Jun Makihara.



 



ENSEMBLE KANASAWA - No Auditório Hokoku da cidade de Kanasawa, dias 9 e 10 de novembro de 1976, o grupo Ensemble Kanasawa, dirigido por Tetsuyuki Nakagishi, apresentou A Raposa e as Uvas sob o patrocínio do jornal Hokoku Shinbun e do Teatro Popular da Cidade de Kanasawa (Kanasawa Shimin Gekydyo).



 



Do programa desta quarta apresentação púbica do grupo Ensemble Kanasawa, depois de referências ao Caso Lockheed[1]e às atividades do grupo, figura um resumo do enredo da peça de Guilherme Figueiredo, acompanhado da biografia do autor brasileiro e de uma menção às representações da mesma peça no exterior. Do mesmo programa consta uma transcrição de trecho do ensaio O Trabalho do Diretor, de autoria do saudoso mestre Shiro Okakura, no qual ele fixou suas impressões sobre A Raposa e as Uvas.



 



GEKIDAN KYOGEI/ENGEKISHUDAN DORA - Em fevereiro de 1977, dias 8, 9 e 10, às 18h30, e nos dias 26 e 27, às 14h e 18h e 13h e 17, respectivamente, em Kyoto e Tóquio, foram realizadas representações da peça A raposa e as Uvas, já tantas vezes aqui mencionada.



 



As representações de Kyoto realizadas pelo grupo Gekidan Kyogei, no teatro Teatro de Arte e Cultura Provincial de Kyoto (Kyoto Furitsu Bunka Geiditsu Kaikan) estiveram sob a direção de Koichi Kondo; e as de Tóquio, pelo grupo Engekishudan Dora, no teatro Musashino Kokaido, em Kichidyoji, foram dirigidas por Taijiro Ohno, como diretor convidado.



 



Em ambas as apresentações foi utilizada a tradução de Jun Makihara.



 



Estas representações foram objeto de notícia divulgada em 8 de janeiro de 1977, pelo jornal Folha de São Paulo, posteriormente transcritas na integra, na extensa crônica publicada à página 7, da edição de 7 de fevereiro de 1977, do jornal Kyoto Shinbun, ilustrada com foto de Kaoru Fujisawa, no papel de Esopo.



 



Durante suas representações em Kyoto o grupo Gekidan Kyogei distribuiu um programa do qual figuraram artigos assinados por Koichi Kondo (Ser Livre e ser Escravo), Jun Makihara (Sobre a representação de A Raposa e as Uvas), Kaoru Fujisawa (Esopo nove anos depois) e o que preparamos sobre o movimento teatral no Brasil contemporâneo.



 



Como curiosidade cumpre registrar que as entradas para as representações do grupo Gekidan Kyogei, em 1977, foram vendidas a Y 1.300 (compra antecipada) e Y 1.500 (compra no dia) ao passo que em 1966 os preços correspondentes foram de Y 250 e Y 300. O dólar que antes valia Y 360 hoje é trocado por apenas Y 275. Ficou bem mais caro fazer e ver teatro.



 



O êxito das representações da peça A Raposa e as Uvas e a aceitação que ela tem entre os grupos de teatro, profissionais e amadores, são, na opinião de Jun Makihara, decorrentes de três fatores: 1 – ser tratado nela o tema da liberdade do homem, tema antigo, mas sempre novo; 2 – ser a peça uma original redescoberta da temática e do linguajar usado por Esopo: e, finalmente, 3 – ser ela distribuída para um bem balançado número de atores e atrizes, sem ser dado destaque evidente a nenhum dos participantes, a exceção do escravo etiope que se mantém mudo durante toda a peça.



 



A Raposa e as Uvas no Registro da Imprensa



 



A imprensa japonesa deu ampla cobertura à representação de A Raposa e as Uvas, conforme deduz-se da relação a seguir (entre parêntesis o dia, o nome do crítico e a indicação de vespertino com um “v”, quando for o caso): Tokyo Shinbun (8 v), Osaka Nichi-Nichi Shinbun (17 Inokan), Sankei Shinbun (14), Kukusai Shinbun (16 Asano), Osaka Shinbun (17 Ugi), Asahi Shinbun (18 Kitagishi v), Mainichi Shinbun (19 Saito), Tokyo Chunichi (28), Tokyo Shinbun (29 v), Kukusai Times (29), todos do mês de agosto; Tokyo Shinbun (3 v), Mainichi Shinbun (3 Reikou Kusaka v), Asahi Shinbun (4 v), Yomiuri Shinbun (4 Koji Ozaki v), Nihon Keizai Shinbun (4 v), Chunichi Shinbun (5), Hochi Shinbun (6), Nikan Sports (6), Sports Nippon (6), Naigai Times (6), Sankei Shinbun (7 Sugi), estes últimos de setembro.



 



Representações de



A Raposa e as Uvas de Guilherme Figueiredo



por grupos profissionais japoneses



 



Personagens:



D.        Diretor



Da.      Diretor/Auxiliar



T.        Tradutor



C.        Clélia



M.       Melita



X.        Xantos



Es.       Esopo



A.        Agnosos



Et.       Etiopio



 



Grupos/Elencos/Teatros



 



BUDO NO KAI



Asahi Kaikan – Osaka



12 a 24.08, às 18h30



16, 17, 23, 24.08, às 14h e 18h30



 



Saibo Kaikan – Tóquio



01 a 6.09, às 18h



 



D.        Shiro Okakura           



Da.      Toshiharu Takeuchi



            Jiro Iizumi



T.        Jun Makihra



C.        Kiyoko Fukuyama



M.       Yasuko Ushigome



X.        Akira Kume



Es.       Shoichi Kawayama



A.        Kenji ishibashi



Et.       Taijiro Ohno



 



GEKIDAN BUNGEI-ZA – 1959



Toyamashi Denki Build. Hall



29.11 às 18h



D.        Kiyoshi Nagata



T.        Jun Makihara 



C.        Akiji Fukiya



M.       Kimiko Shirakawa



X.        Yutaka Shimura



Es.       Hiroshi Izumi



A.        Keisuke Tokyo



Et.       Sadahiro Akita



 



HAGURUMA-ZA – 1961



D.        Higashi Yoshihisa



T.        Jun Makihara



C.        Watazu Fuki



M.       Kikuko Yamaguchi



X.        Hiroshi Sakurai



Es.       Yoshiaki Fujii



A.        Taku Yamamoto



Et.       Takeo Tawara



 



GEKIDAN KUM ONOKAI - 1965



Omiya Kaikan – Nara



28, 29 e 30.11, às 19h



02, 03 e 04.12, às 19h



D.        Shosuke Kurita



T.        Jun Makihara



C.        Shizue Nishiwaki



M.       Taelo Ura



X.        Katsuyuki Koga



Es.       Noriaki Yoda



A.        Toshihiro Fukumura



Et.       Kenichi Fukuda



 



GUNZO-ZA – 1966



Haiyu-za Gekidyo – Tóquio



27 a 30.04



D.        Kiyoshi Seki



T.        Shozo Asakawa



C.        Kiyoko Fukuyama



M.       Michiko Saotome



X.        Yasumitsu Koike



Es.       Tomio Seki



A.        Masao Kakeyama



Et.       Takehiro Koyama



 



GEKIDAN KYOGEI – 1966



Yamaichi Hall – Kyoto



09, 16, 23 e 30.11, às 18h30



D.        Shojin Masanaga



Da.      Moeki Nakagawa



T.        Jun Makihara



C.        Eiko hayami



M.       Kazu Irie



X.        Bunya Osawa



            Kaoru Fujisawa



Es.       Senkichi Ueno



A.        Nobuo Fukushima



 



GEKIDAN BUNEI-ZA – 1969



Toyama Kenmin Kaikan Hall



08 e 09.10, às 18h



D.        Masaji Horikawa



Da.      Syoji Horikawa



T.        Jun Makihara



C.        Masumi Takao



M.       Kumiko Kanayama



X.        Toru Iizumi



Es.       Hiroshi Kusamaki



A.        Muneyoshi Hara



Et.       Hajime Hijikata



 



 RAKURIN-ZA - 1972



D.        Taijiro Ohno



T.        Shozo Asakawa



C.        Reiko Mizuno



M.        Eiko Tsuyama



X.        Toshino Oharu



Es.       Shiroyuki Sudo



             Kiyoshi Hatae



A.          Isao Yano



                                                                                            Kasushi Yamagata



 Et.       Hisao Oyama



 



RAKURIN-ZA – 9173



D.        Taijiro Ohno



T.        Shozo Asakawa



C.        Reiko Mizuno



M.       Eiko Tsuyama



X.        Monozuke Koga



Es.       Shiroyuki Sudo



A.        Katsushi Yamagata



Et.       Hisao Oyama



 



GEKIDAN SEIKATSU BUTAI – 1973



Shonen Bunka Kaikan – Fukuoka



07.03, às 18h30



09.03, às 13h45 e 18h30



D.        Yutaka Takeo



T.        Jun Makihara



C.        Nobuko Shimizu



M.       Setsuko Matsuo



X.        Shunzo Uchitsubo



Es.       Moroga Yoshihide



A.        Masayoshi Nagano



Et.       Toru Ichihana



 



GEKIDAN ENSEMBLE KANASAWA  - 1976



Hokuko Kodo - Kanasawa



09 e 10.11, às 18h15



D.        Tetsuyuki Nakagishi



T.        JunMakihara



C.        Hiroko Sakurai



M.       Hiroko Nakada



X.        Ichiro Sugawa



Es.       Kaoru Chujo



A.        Shinya Yasuo



Et.       Eiichi Imai



 



GAKIDAN KYOGEI – 1977



Kyoto Furitsu Bunka Geijutsu Kaikan – Kyoto



08 a 10.02, às 18h30



D.        Koichi Kondo



Da.      Reiko Kuraya



T.        Jun Makihara



C.        Setsuko Wakisaka



M.       Soyoko kato



X.        Yutaka Nagajata



Es.       Kaoru Fujisawa



A.        Keisho Akai



Et.       Fuyuhiko Takahashi



 



ENGEKI SHUDAN DORA – 1977



Musashino Kokaido – Tóquio



26.02, ás 14h e 18h



27.02, às 13h e 17h



D.        Taijiro Ohno



T.        Jun Makihara



C.        Asuka Taguchi



M.       Junko Yamanouchi



            Taeko Yatagawa



X.        Kenya Matsumura



Es.       Takatoshi Tominaga



A.        Fumio Sato



            Morikichi Tajima



Et.       Murokichi Tajima



            Fumio Sato



 



 



O ANJO



 



Em fins de 1966, a peça O Anjo, de autoria de Agostinho Olavo, foi traduzida para o japonês por Ayako Hashimoto (hoje senhora Ayako Takagi) e teve uma edição reduzida de 30 exemplares, em brochura mimeografada. Foi apresentada ao público pelo grupo Gekidan Hanshin, fundado em 1964, reunindo ex-integrantes do grupo Budo no Kai, desfeito com a morte do seu diretor Shiro Okakura.



 



As representações de O Anjo, dirigidas por Jun Shimaji, nome real do tradutor Jun Makihara, e Jiro Izumiya, foram realizadas às 19h dos dias 1º a 10 de fevereiro de 1967, com matinés às 14h dos dias 4 e 5, no pequeno teatro experimental Yoyogi Shogekidyo, em Shibuya-ku, Yoyogi 1-4, mantido pelo próprio Gekidan Hanshin. A Embaixada do Brasil no Japão financiou as três primeiras récitas distribuindo entradas inclusive entre universitários, estudantes da língua e da cultura do Brasil (Y 300, por entrada, com desconto de 10% para estudantes).



 



Por determinação de Jiro Izumi, diretor do grupo Gekidan Hanshin, foram impressos 7.000 folhetos-programa, com a colaboração dos anunciantes Varig e IBC (Instituto Brasileiro do Café) em Tóquio, para distribuição aos espectadores e às pessoas relacionadas com o teatro de vanguarda e experimental no Japão.



 



Na platéia, que lotou as dependências do Yoyogi Shogekidyo, estiveram presentes, entre outros, o embaixador Álvaro Teixeira Soares, os cenaristas Motto Hata e Tanao Takayama, os escritores Akira Yokomitsu, Teruo Shiina, Takashi Yamada, a dançarina Miyako Shiga, o ator Isao Tamagawa, o compositor Ryozi Hirose, os críticos Koji Ozaki e Ken Ibaragi, assim como Sigeru Hatakeyama, redador da revista de teatro Shingeki.



 



A NHK, Rádio Japão, na noite de 4 de fevereiro de 1966, enviou o pessoal do Departamento de Português da Secção Internacional e seus técnicos que realizaram uma gravação da representação da peça de Agostinho Olavo. Esta gravação foi usada nas transmissões da NHK para o Japão e para a América Latina, no programa Rapsódia de Tóquio do dia 18 de fevereiro de 1966, iniciado às 06h40, hora do Brasil.



 



O elenco de Gekidan Hanshin nos papeis principais de O Anjo esteve assim constituído: Nagatoshi Sakamoto (Ismael), Noboru Tsuchiya (Professor), Ai Kataoka (Fifi), Maya Mizusawa (Lulu), Misao Fukuya (Maria Bonita), Mutsumi Morii (Chefe de Polícia), Soichi Ito (Juca), Koji Kuroda (Joaquim), Katsusuke Hatano (Antônio), Masao Nishimura (João), Kosuke Sugita (Maneco), Miyako Takeda (Sefa), Michiko Tsuchiya (Dalva), Akie Nakamura e Yoko Murayama (1ª e 2ª Mulheres). Os costumes foram de Kikuko Ogata, o cenário e a decoração estiveram sob a responsabilidade de Takuro Endo e Setsuko Asakura e os efeitos de luz resultaram do trabalho de Sadahiko Tochiki.



 



Uma gravação da representação inaugural de O Anjo, preparada por Jiro Izumi, foi oferecida ao autor brasileiro Agostinho Olavo.



 



 



AS MÃOS DE EURÍDICE



 



Quando em 20 de junho de 1967 foi inaugurado o pequeno teatro Underground Sasori-za (Teatro Escorpião), nome este escolhido pelo escritor Yukio Mishima, o grupo Gekidan Mingei, com sede em Tóquio, Minato-ku, Minami Aoyama 2-3-4, apresentou a peça As Mãos de Eurídice, monólogo de autoria de Pedro Bloch, por ele escrita em 1949 e apresentada pela primeira vez no Salão do Pen Club do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1950, por Rodolfo Meyer.



 



Para a platéia de 80 lugares, no subsolo do Cine Teatro Cultura de Shinjuku, o ator Asao Sano, no papel de Gumercindo Tavares, sob a direção de Jyukichi Uno, interpretou o texto de Pedro Bloch na tradução feita por Jun Makihara e L. C. Vinholes. As apresentações foram diárias a partir das 19h, de 11 de julho a 10 de agosto de 1967, com matinés aos sábados e domingos, a partir das 15h.



 



Os bilhetes foram vendidos a Y 800 por lugar comum e Y 1.000 por cadeiras reservadas.



 



No programa Mingei no Nakama, nº 99, distribuído por ocasião das apresentações de As Mãos de Eurídice, além de uma introdução sobre o ator, a obra, os seus intérpretes, as traduções para dezenas de idiomas, e as suas representações no Brasil e no exterior, figuram ensaios intitulados Ambiente do Teatro Brasileiro (Burasiru no Engeki no Shuhen) e Eu e o Teatro Brasileiro (Burajiro no Shibai do Watakushi), assinados por Jun Shimaji e Yasuhiro Sano.



 



Com data de 1º de julho de 1967 circulou na mesma época e foi também distribuído durante as apresentações da peça de Pedro Bloch o semanário Mingei no Nakama, nº 161, editado pelo grupo Gekidan Mingei, trazendo em suas páginas um extenso artigo, comentando o enredo da obra do autor brasileiro, ilustrado com fotos de Asao Sano e Jyukichi Uno, ator e diretor das representações no Japão.



 



Pelos jornais e junho, julho e agosto de 1967, a imprensa japonesa anunciava a apresentação de As Mãos de Eurídice, comentava o texto e o enredo da obra, divulgava observações feitas pelo ator Sano quanto à singularidade de certas passagens e procurava atrair o público informando que no exterior, em diversos países, até aquela data, a peça de Pedro Bloch fora apresentada mais de 16.000 vezes. Por outro lado, registrava que por ser obra de uma hora e meia de duração, para um só ator, que deve usar mais o espaço da platéia entre os espectadores do que o do palco, Asao Sano preparava-se também fisicamente, levantando às 5h da manhã, caminhando 3 quilômetros diariamente, fazendo refeições leves para não ganhar peso. Foram também comentados fotograficamente os passeio que Sano fazia pelos parques de Tóquio acompanhado de um gravador com o qual registrava e depois ouvia a sua própria voz. Posteriormente, a imprensa não poupou elogios ao desempenho de Asao Sano no papel de Gumercindo Tavares.



 



O crítico teatral Shingo Endo, no dia 22 de julho de 1967, na seção Palco do diário Nippon Keizai Shinbun (Jornal de Economia do Japão) publicou comentário aplaudindo o trabalho realizado na apresentação de As Mãos de Eurídice, obra que considerou muito atual.



 



AS MÃOS DE EURÍICA NO REGISTRO DA IMPRENSA



 



Pela relação de jornais a seguir, poderá ser apreciado o acolhimento dado pela imprensa japonesa à representação de As Mãos de Eurídice. Entre parêntesis o dia, o nome do crítico e um “f” significando ilustração com foto. No mês de julho de 1967: Tokyo Shinbun (2), Tokyo Chinichi Shinbun (2), Asahi Shinbun (3f), Tokyo Chunichi Sports (4 e 5f Hitori Gei), Nihon Keizai Shinbun (6f), Nikkan Sports (10f), Tokyo Shinbun (10), Tokyo Shunichi Shinbun (11f), Hochi Shinbun (11 e 13f), Yomiuri Shinbun (15), Tokyo Chunichi Sports (18 Hitoi Gei), Mainichi Shinbun (21), Yomiuri Shinbun (22 Koji Ozaki), Sankei Shinbun (27f Kanranseki), Sunday Mainichi (30 Stage f); no mês de agosto: Mainichi Shinbun (1), Tokyo Shinbun (1f Mori Hideo), Asahi Shinbun (3 Yuhodo), e The Mainichi Daily News (3 Teruo Abe f).



 



EXPOSIÇÃO DE CENOGRAFIA BRASILEIRA



 



Dia 19 de janeiro de 1965 foi inaugurada a Exposição de Cenografia Brasileira organizada pela Embaixada do Brasil no Japão e com a co-operação do jornal Mainichi Shinbun, da companhia Mitsubishi Electric K. K. e da Comissão Nacional Japonesa para a UNESCO. Montada no 9° andar do Edifício Sai-Ai, em pleno centro de Tóquio, a mostra ficou aberta à visitação pública até o dia 31 do mesmo mês e ano.



 



Da mostra figurou uma coleção de cem “croquis” de cenários e figurinos reunidos por Agostinho Olavo, Diretor do Teatro Nacional de Comédia do Rio de Janeiro. Foram distribuídos na ocasião 5.000 catálogos ilustrados oferecidos pela Mitsubishi Electric K.K., com introduções assinadas por Barbara Heliodora, Diretora do Serviço Nacional do Teatro e por Ryutaro Mitsubayashi, Diretor-Executivo da Associação Japonesa de Críticos de Teatro e TV (Nippon Butai Terebi Biditsuka Kyokai) e um ensaio sobre Cenografia Brasileira, de autoria de Agostinho Olavo, de 1533 a 1938 e “de renovação”, de 1938 em diante.



 



O numeroso público japonês apreciou obras de alto nível, cenários e figurinos de Aldo calvo, Anísio Medeiros, Arlindo Rodrigues, Beatrice Lauder Tanaka, Clovis Graciano, Darcy Penteado, Gianni Ratto, Irene Ruchti, Jorge Gonçalves, Kalma Murtinho, Marie Louise Neri, Napoleão Moniz Freire, Odette Santos e Tomaz Santa Rosa (1909-1956), esse o introdutor das concepções modernas de cenografia e indumentária no teatro brasileiro.



 



Referências à Exposição de Cenografia Brasileira, algumas delas ilustradas com fotografias, poderão ser encontradas nas edições os jornais The Mainichi Daily News (17.01.1965/20.01.1965/24.01.1965), The Japan Times (20.01.1965/23.01.1965), Asahi Evening News (20.01.1965/23.01.1965) e Mainichi Shinbun (18.01.1965/22.01.1965, vespertinos/20.01.1965).



 



A Exposição de Cenografia Brasileira que atraia uma multidão de apreciadores ficou ainda mais em foco quando, cinco dias após a inauguração, ocorreu o desaparecimento de um original, de 23 x 32 cm, uma das obras em aquarela de Napoleão Moniz Freire, no catálogo a de nº 81, um figurino para a representação em, 1963, da peça A Escola de Mulheres, de Molière, avaliada, na época, em cerca de US$ 300. Sobre o acontecimento foi grande a repercussão causada pelo noticiário no rádio, na televisão e na imprensa. Os jornais The Daily Yomiuri, Yomiuri Shinbun, Mainichi Shinbun, Asahi Shinbun, de 29.01.1965, The Mainichi Daily News, Asahi Evening News, The Japan Times, de 30.01.1965, documentam detalhadamente o fato, muitos deles incluindo fotografias junto aos textos.



 



A revista Biditsu Techo, no seu número de março de 1965, às páginas 32 a 36, publicou um ensaio intitulado Cenografia Brasileira, com 7 ilustrações a cores, sobre o teatro moderno brasileiro e a mostra de cenografia, assinado por Ruytaro Mitsubayashi, cenógrafo, Diretor-Executivo da Associação Japonesa de Cenografia de Teatro e Televisão.



 



Ainda sobre a referida mostra consta registro à página 6, do Boletim nº 2, de 15 de fevereiro de 1965, série Letras e Artes, distribuído através das Missões Diplomáticas brasileiras, pelo Departamento Cultural e de Informações do Itamaraty.



 



A mesma exposição, sob o título Exhibition of Original Set and Costume Designs of the Brazilian Theater, de 18 a 23 de fevereiro de 1965, foi montada no Kenminkaikan da cidade de Shizuoka, patrocinada por esta organização e pela Embaixada do Brasil no Japão, tendo sido distribuído na ocasião um catálogo diferente do de Tóquio com textos, ilustrações e um artigo assinado por Agostinho Olavo sobre teatro e cenografia brasileira. A inauguração em Shizuoka foi registrada pelo jornal Yomiuri Shinbun, edição vespertina do mesmo dia 18, ilustrada com uma foto.



 



Posteriormente, a mesma Exposição de Cenografia Brasileira foi também aberta à visitação pública no Mitsukoshi Department Store, em Osaka, entre os dias 6 e 11 de março de 1965. O boletim Orient-Occident, da Unesco, relativo ao mês de abril de 1965, publica, às páginas 11, uma nota sobre a mostra em Osaka.



 



TEATRO BRASILEIRO PUBLICADO NO JAPÃO



 



As revistas Higeki-Kigeki (Tragédia-Comédia) e Teatro (Teatro K. K. 1-4 Ichigayacho, Shinjuku-ku, Tokyo), interessaram-se em publicar os textos da obra de Agostinho Olavo e, julgadas as condições foi dada preferência a esta última que, no seu nº 283, correspondente ao mês de março de 1967, publicou na integra os três aos da pela O Anjo. Esta mesma revista que tem como um dos seus responsáveis o senhor Takashi Nomura, também professor de literatura contemporânea japonesa na Universidade Aoyama Gakuin, foi a que em 1958, publicou a peça A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo.



 



Antes da publicação de O Anjo pela revista Teatro, a revista-panfleto bimestral Shibai, no seu nº 8, correspondente a janeiro/fevereiro de 1966, às páginas 2 a 5, reproduziu, com comentários e análise, trecho do final do terceiro ato da pela de Agostinho Olavo, “com o intuito de torná-la ainda mais conhecida entre os apreciadores de teatro no Japão”.



 



Também foi na revista Teatro, nº 288, correspondente ao mês de agosto de 1967, que foi publicada, às páginas 116 a 142, a peça As Mãos de Eurídice, de Pedro Bloch.



 



Com data de 10 de agosto de 1964 foi posta à venda a tiragem de 3.000 exemplares da revista Gensho (Fenômeno), Volume 26, número de Verão, que às páginas 32 a 57, exibe a versão japonesa dos dois primeiros atos da peça Lampeão, de autoria da jornalista e escritora Raquel de Queiroz, precedidos de uma introdução sobre a obra e a autora, preparada pelo tradutor Takeo Homma. Posteriormente, o volume 27 da mesma revista, datado de 19 de abril de 1965, publicou o quarto ato da referida pela. Takeo Homma é membro do grupo de escritores e críticos Gensho Dodinkai, responsável pela revista Gensho, com sede em Saitama-ken, Warabi-shi, Dobashi 5605 c/o Kiota Sadao. Takeo Homma natural da Província de Tochigi, residiu no Brasil durante 15 anos, em três ocasiões diferentes, a primeira quando contava 18 anos. A autorização para tradução e publicação de Lampeão foi dada ao senhor Mishyo Kingyo, do Gensho Dodinkai quando este, em 1961, esteve no Brasil e avistou-se com a autora.



 



ANTOLOGIA DE TRATRO BRASILEIRO



 



O êxito das apresentações das peças brasileiras nos palcos japoneses por equipes de profissionais foi tão marcante que o senhor Takashi Nomura aventou a possibilidade de vir a ser publicada pela companhia Teatro K. K., em fins de 1967, uma antologia de peças teatrais brasileiras incluindo as seguintes obras: O Problema, de Pedro Bloch, traduzida por Ayako Hashimoto; Lampeão, de Raque de Queiroz; o Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues. o Protocolo, de Machado de Assis; A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo; O Anjo, de Agostinho Olavo; e As Mãos de Eurídie, de Pedro Bloch. A estas seria, posteriormente, acrescentada a peça O Homem do Sótão, também de Agostinho Olavo, na época em fase de tradução por Ayako Hashimoto.



 



O projeto detalhadamente elaborado e logo modificado, a fim de atender a aspectos econômicos e de comercialização, teve sua forma definitiva na escolha das peças O Protocolo, A raposa e as Uvas, O Anjo e As Mãos de Eurídice, as três últimas por terem sido representadas por grupos profissionais japoneses e a primeira por ser obra de um mestre do teatro clássico brasileiro. Um ensaio sobre o Teatro no Brasil completava a antologia, ilustrada com fotos das representações no Brasil e no Japão.  Para autoria da capa da publicação foi ventilado o nome de Ikko Tanaka, conhecido artista do desenho industrial, autor do selo brasileiro comemorativo a inauguração do primeiro forno da Usiminas[2].



 



A referida antologia que deveria estar pronta em fins de janeiro de 1968, por motivos alheios aos dos seus idealizadores, deixou de ser, na época, uma realidade.



 



Agora, dez anos depois do plano ter sido realizado, com o esgotamento dos números das edições da revista Teatro que publicou, isoladamente, as peças brasileiras acima mencionadas, a Antologia de Teatro Brasileiro será uma realidade quando em junho de 1977, sair das máquinas impressoras da Teatro K. K.



 



PRESENÇA DE AGOSTINHO OLAVO NO JAPÃO



 



Durante a permanência no Japão em 1964/65, o escritor Agostinho Olavo Rodrigues, funcionário do ministério da Educação do Brasil, por intermédio do senhor Tameo Hongo, do Departamento de Atividades Culturais da Comissão Nacional Japonesa para a Unesco, manteve contactos com o professor e coreógrafo Ryutaro Mitsubayashi, da Universidade de Artes Musashino e um dos responsáveis pela representação japonesa à VIII Bienal de Artes Plásticas de Teatro, realizada em S. Paulo, em 1966.   



 



A convite do Departamento Cultural do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão, Agostinho Olavo visitou teatros de Noh, em Tóquio.                                                                                                                                     



 



Assistido pelo professor Yasuhiro Sano, Agostinho Olavo visitou a Universidade de estudos Estrangeiros de Tóquio (Gaigo), e colaborou com os alunos que no dia 23 de novembro de 1964 apresentariam sua peça O Anjo, para que apurassem a pronúncia e a interpretação.



 



Com os alunos da Universidade Sophia, Agostinho Olavo fez uma leitura dramática da peça O Protocolo, de Machado de Assis.



 



A visita que realizou à Universidade Waseda teve como objetivo principal conhecer o Museu de Teatro lá existente e, com a diretoria da casa, tratar detalhes relativos à mostra japonesa sobre teatro que participaria da VIII Bienal de S. Paulo.



 



Na Univesidade Takushoku, através do leitor brasileiro Nelson Massatake Yoshikae e do professor Hagemo Nishio, fez leitura para os alunos de português do texto completo de sua peça O Anjo.



 



O BRASIL NO SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE TEATRO EM TÓQUIO



 



De 11 a 17 de novembro de 1963, realizou-se em Tóquio, o Simpósio Internacional sobre Teatro no Oriente e Ocidente, sob o patrocínio da Comissão Nacional Japonesa para a Unesco. Entre os 18 países inicialmente convidados não figurava o Brasil. Após tomar conhecimento de uma desistência a referida Comissão convidou a teatróloga Maria Clara Machado para participar na qualidade de “especialista”. Na ocasião, a Secretaria-Geral da Comissão Nacional Brasileira para a Unesco e do Instituto Brasileiro da Educação, Ciência e Cultura estava com a senhora Zorayma de Almeida Rodrigues Nogueira Porto, que de 1957 a 1959, residira no Japão. O atraso do convite permitiu justificar a ausência da representação brasileira com uma “especialista”. Fomos designado Observador ao referido Simpósio.



 



Durante o Simpósio, a todos os participantes foram distribuídos exemplares dos textos de O Protocolo, de Machado de Assis, e de A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo, no original em português e em versão em japonês e inglês. A quase totalidade dos participantes do Simpósio já conhecia a obra de Guilherme Figueiredo.



 



II  PARTE



 



O interesse pelo teatro brasileiro pelos grupos amadores japoneses sempre verificou-se entre os universitários que estudavam assuntos relativos ao idioma e a cultura do Brasil.



 



Em 29 de novembro de 1958, alunos dos últimos anos do curso de português da Universidade de Estudos Estrangeiros do Japão (Gaigo), representaram, no original, a peça Noite de São João, de Luiz Carlos Martins Pena. Estas representações tiveram continuidade nos Festivais de Cultura realizados anualmente nos meses de novembro, sendo sempre utilizados os textos originais em português.



 



Em 1962, a obra escolhida pelos alunos da Gaigo foi O Protocolo, de Machado de Assis, apresentada em duas récitas com um elenco formado por Daidiro Nakase, Yo Yamamura, Reiko Ishikawa e Terumi Kobayashi, nos papéis de Venâncio, Pinheiro, Elisa e Lulu, sob a orientação da leitora brasileira Nina Atsuko Mabuchi. A fim de dar maior significado ao trabalho da leitora brasileira e ao próprio festival, a Embaixada do Brasil no Japão, patrocinou e coordenou um trabalho de equipe para a tradução para o japonês da obra de Machado de Assis, e para a publicação posterior. Juntamente com exemplares mimeografados do original, foi feita uma tiragem de 1.000 volumes da versão japonesa distribuídos gratuitamente aos participantes do Festival, às universidades e biblioteca do Japão, assim como aos principais grupos teatrais amadores e profissionais japoneses. Da mesma publicação, como prefácio, consta um ensaio sobre a pessoa e a obra de Machado de Assis, assinado por Nina Atsuko Mabuchi.



 



A representação de O Protocolo pelos alunos da Gaigo alcançou um nível tão satisfatório que foi decidido pela Embaixada do Brasil no Japão realizar uma apresentação pública por ela patrocinada e para a qual seriam convidados elementos do mundo social, cultural e artístico de Tóquio, assim como da colônia brasileira no Japão. A representação foi realizada no teatro Sogesu Kaikan para uma platéia lotada que assistiu não só a peça de Machado de Assis, mas, como segunda parte do programa, um recital do Trio Tambatajá que se encontrava no Japão.



 



Nos festivais de 1963 e 1968, foram apresentadas as peças O Juiz de Paz da Roça, Judas em Sábado de Aleluia e Ri-se com Gosto Quem se Ri por Último, de Luiz Carlos Martins Pena, O Anjo, O Homem do Sotão, de Agostinho Olavo, e Engano D´Alma, de João Goveia. Este é escritor português nascido em 1880, em Funchal, na Ilha da Madeira, os demais são autores brasileiros. Na representação de O Juiz de Paz na Roça, foi orientadora a leitora brasileira Nina Atsuko Mabuchi e desempenhando os papéis de Maria Rosa e Aninha colaboraram as professoras brasileiras Nair Miwako Emura e Eiko Hasegawa, na época bolsistas do Ministério da Educação do Japão, freqüentando a Universidade de Educação de Tóquio.



 



Também na Universidade Sofia de Tóquio nos festivais realizados na primeira quinzena de dezembro de cada ano, inúmeras vezes foram representadas peças de autores brasileiros. Em 1966, nos dias 9, 10 e 11 de dezembro foi representada a peça de Guilherme Figueiredo A Raposa e as Uvas. Em 1967, no dia 9 de dezembro, constou do programa do Festival a peça Os Ossos do Barão, de Jorge Amado, em 7 de dezembro de 1968, o autor escolhido foi Josué Monteiro, com Através do Olho Mágico, em 8 de dezembro de 1970, foi montada a peça A Noite de São João, de Luiz Carlos Marins Pena. As representações das peças brasileiras pelo grupo de alunos da Universidade Sofia, foram realizadas no teatro Seibo Kaikan, em Hirakawa-cho, Chiyoda-ku, Tóquio.



 



Na Universidade Meiji Gakuin, o Departamento de Estudos Dramáticos (Drama Kenkyubu), em 13 de novembro de 1960 ensaiou e montou a peça a Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo, utilizando a tradução de Jun Makihara. O teatro Akasaka Kokaido esteve completamente lotado por universitários. O tema da liberdade tratado na obra do ator brasileiro, parecia, para os universitários de 1960, coincidir com os propósitos do movimento político que naquela mesma época pretendia anular o Tratado de Mutua Defesa entre os Estados Unidos da América do Norte e o Japão, movimento este liderado pelo Zengakuren, Federação das Universidade do Japão.



 



Em 23 de dezembro de 1974 e, posteriormente, em 15 de novembro de 1976, o leitor brasileiro na Universidade Nanzan, em Nagoya, realizou uma leitura dramática da obra O Judas em Sábado de Aleluia, de Luiz Carlos Martins Pena, procurando ao mesmo tempo obter uma reconstituição da época mediante a projeção de diapositivos.



 



 



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Nota do autor: publicado, em maio de 1977, nos Anais do X Colóquio de Estudos Luso-Brasileiros, p.105 a 138, da Associação Japonesa de Estudos Luso-Brasileiro (AJELB), realizado na Universidade Nanzan, em Nagoya, em 18 e 19 de dezembro de 1976. Lotado na Embaixada do Brasil em Tóquio, o autor era membro honorário da AJELB.




 






[1]Escandalo que, em 1976, envolveu o primeiro ministro do Japão Kakuei Tanaka (1918-1993) e o presidente dos EUA Ricard Nixon (1913-1994), com pagamento de propina na compra dos aviões  Lockheed L 101.





[2]Usina de aço construída em Ipatinga MG, resultante de um joint-venture entre o Brasil e Japão nos anos 1950/1960.




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