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Ensaios-->Hipocrisia -- 06/04/2002 - 12:13 (Francisco Assis de Freitas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

HIPOCRISIA

A hipocrisia teve sua modesta iniciação antes mesmo do Império Antigo do Egito, quando já existia a sombria tradição de impor condicionantes ao artista que executasse retratos do rei e dos membros da família real. Esses nobres teriam de ser retratados em forma estilizada, sem levar em consideração as características de sua personalidade ou a sua aparência física. A postura e o vestuário do faraó teriam de ser obrigatoriamente o símbolo do seu cargo. Por conseguinte, o artista omitia quaisquer peculiaridades vistas como negativas do soberano artisticamente reproduzido. Naquela época já havia a mesma falta de autenticidade individual dos dias de hoje. E só no reinado de Amenófis IV, no Império Novo, houve uma modificação de atitude. E enquanto ele viveu, foi posto um paradeiro naquilo, tendo sido o artista encorajado a retratar o rei conforme o percebia.
Atualmente, o fingimento estar generalizado em todas as camadas sociais, podendo por isso ser chamada de a rainha dos males. É a mais triste manifestação visível de que o homem se afastou de Deus, e de que Deus se ocultou para esse homem despojando-o do amor divino. É também o espelho da falta de autoridade moral e hombridade, e uma prova cabal do medo mórbido que ele tem da verdade.
A impostura inibe a capacidade que o indivíduo tem de avaliar situações e conhecer a verdade, e o induz a buscar informações para viver por conveniência, em êxtase com a vida e a mentalidade mundanas. Ela demonstra uma deficiência moral do ser, ao mesmo tempo em que constitui um modo de proceder, sem escolha. E é empregada utilmente por um numeroso grupo de pessoas sem vontade própria e poder pessoal: em público sorridentes, e privativamente infelizes.
Muitos procuram ajuda inconscientemente: no álcool, no fumo, ou em outras drogas. E temporariamente encontram refúgio na vida libertina. Outros se submetem a enganação nas igrejas, onde é cultuada amplamente, mas com sutileza. Outros ainda sustentam-na no local de trabalho, tornando-se objetos de uso oportuno. E outros mais se encaminham para as academias de ginástica para crescer e inchar... Enquanto que uma minoria vulgarmente modernista prefere saltitar na Internet, à cata de sexo virtual, essa lepra do fim do século XX. Esse é o tributo que essa imensa leva de desventurados expia para viver, por falta de lucidez e amor-próprio para fazer autocrítica.
A penetração homeopática dessa endemia termina contagiando quase todos os indivíduos. Os quais são levados a viver como escravos da molesta sociedade: com suas etiquetas, seus modismos e suas astuciosas convenções. São por causa disso, impedidos de ter vontade de ver o motivo maior da existência, e assim se enganam e criam transtornos para si mesmos.
É antiga a sentença que diz: “não devemos servir a dois senhores...” Que nesse caso seriam: Deus e a sociedade. Simplesmente porque os caminhos são completamente opostos. No entanto, é claro que para os seguidores dessa malsinada doutrina é muito mais cômodo continuarem assim.
A falsidade está no coração dos doutores, na cabeça da gente trabalhadora, na boca dos religiosos e pregadores de qualquer seita, em todos os níveis e em todos os lugares. É como a erva daninha, que aparentando não ser um grande mal, assola todos os terrenos, impedindo o cultivo de plantas sem antes combatê-la. Causando então grandes prejuízos às colheitas, se não for exterminada ou pelo menos parcialmente controlada.
Essa atitude mental condenável está carinhosamente guardada no espírito do adulto indefeso e do homem culto, dos quais se serve a todo o momento. E mesmo as crianças vão pouco a pouco sendo contagiadas, até que se tornem adultos exemplares com todos os atributos a ela inerentes.
Quanto mais poderosos são seus prosélitos, mais engrandecida ela se torna, e mais encanto e fama adiciona à sua formosura. Doce ilusão! No futebol, goza da solidariedade dos dirigentes de clubes, dos jogadores e ex-jogadores famosos, e de alguns jornalistas esportivos. Na fórmula um, conta com toda complacência de seus ídolos, o apoio dos patrocinadores e dos donos das “escuderias”. No serviço público recebe o estímulo e a dedicação dos homens do primeiro escalão, e de tanto outros dos altos níveis administrativos, chamados “cargos de confiança”. E se oficializa descendo até as classes menos qualificadas. Nas universidades, apóia-se na autoridade restrita de alguns professores e diretores. Na ciência, resplandece com o prestígio dos seus mestres e doutores. Na política, se autopropaga na esperteza e na vivência de todos os seus figurões e principiantes. Na televisão, vai ao delírio com a mixórdia permanente que a populariza, reunindo: colaboração, divulgação, propaganda, ideologia; e donos, apresentadores, jornalistas, atores, convidados, pessoal de auditório e telespectadores de casa. Nas igrejas, magnetiza com a devoção de pastores e padres à arte de confundir e deixar a multidão maravilhada.
Seus discípulos praticantes formam o maior conjunto populacional do planeta, mas não é uma classe única e unificada. Várias vezes muitos deles se agridem entre si, divergem, fazem intriga, e chegam a se odiarem mutuamente. Sempre na expectativa de obter e querer mostrar sua excelência na repugnante habilidade, nada virtuosa. Quando o indivíduo atinge este nível, seu comportamento vem a ser abominável, e malévolo também. E Deus, embora misterioso, decerto revelará seus poderes de algum modo para coibir esses absurdos desatinos. Porque não vai permitir que a dissimulação oportunista dessa maioria acabe contaminando todo o gênero humano. Todo livre-arbítrio, por sabedoria divina, é limitado. E nesse estágio está sendo consumido para saciar a sede de justiça, e para que se cumpra a Lei.
É concebível que estamos vivendo o limite do homem, isto é, o ponto inicial de sua involução. E como o ser não veio à luz para regredir, já não terá nenhuma razão para viver no esquema divino na terra. Chegou a hora de percorrer o caminho de volta, de reiniciar o retorno no ponto de partida longínquo, ou seja, de começar tudo outra vez. É o fim de quem não mereceu viver mais. É o pesadelo da vida.

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