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Cronicas-->O Serão do Presidente -- 15/08/2002 - 21:46 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O SERÃO DO PRESIDENTE
(por Domingos Oliveira Medeiros)

Pensando Bem. Parece que dois mandatos não foram suficientes. Tanto que FHC está preocupado. Tem muito serviço por concluir. Oito anos, de fato, é pouco tempo. Passa rápido. Ninguém da equipe do governo se deu conta. E não era para menos. Só o tempo que levaram para acompanhar as subidas e descidas da moeda americana! Um sufoco! E para controlar os boatos? Primeiro de tudo, leva-se muito tempo para saber se o boato é falso ou verdadeiro. E quando se desconfia, já é quase tarde. As Bolsas de Valores despencam. O dólar sobe junto com os candidatos da oposição. E aparecem os cortes no orçamento.

Oito anos. Lembro de minha infància. Eu era feliz e não sabia. Mas, as coisas mudam. E nesses últimos oito anos, o tempo jogou contra o governo. O tempo a que me refiro, agora, é o tempo mesmo. Durante muito tempo, o governo perdeu tempo. E não deu tempo de construir hidroelétricas. E o tempo fechou. Ficamos todos no escuro. A ver navios. Se o período do governo de Getúlio ficou conhecido como a Era Vargas, FHC fez por merecer, de igual modo, o reconhecimento de seu governo. Será lembrado como a Era do apagão. Ou a Era do Lampião. A Era da Estabilização. A Era da Confusão. A Era da Privatização, enfim. Fomos privados de quase tudo.

Mas o presidente não se melindrou. Não perdeu a elegància. Nem ele nem a sua equipe económica. Sempre foi otimista. Justiça seja feita. Nossa dívida é perfeitamente administrável, sempre nos disse. Nossa dívida ou a deles? Ou é só nossa, mesmo? Que já estamos pagando há tempos. Com a fartura de quase tudo, como dizem os caipiras. Farta emprego, farta comida, farta educação, saúde, habitação...farta tudo mesmo. Fartura, só de problemas. Problemas ligados mais a área de agricultura: verdadeiros pepinos; grandes abacaxis; batatas quentes aos montes.

E gastou-se muito tempo, esperando pelo tempo. Pelas chuvas. A chuva passou a ser o assessor mais importante deste governo. E quando elas vieram, os apagões apagaram. Mas vieram as enchentes. E com elas os desabrigados. Os infectados. As endemias. As epidemias. A Dengue. A Malária. A Hepatite com quase todas as letras do alfabeto: do tipo A, B, C e por aí vai.

E a nossa dívida aumentado. E o presidente dedicando grande parte do seu tempo para pedir empréstimos e arranjar dinheiro para pagar os juros. E rolar a dívida. Os juros da dívida. Cada vez mais difícil de rolar. Só mesmo rolando de rir.

E o Banco Central entra em cena. Despeja, no mercado, milhares e milhares de dólares. E o dólar cai um pouquinho. E o nosso presidente volta a ficar de bom humor. E vêm as entrevistas. Em cadeia de rádio e televisão. O Brasil é maior que todas as crises. E nós vamos dormir sossegados. Até a hora do almoço. O dólar subiu de novo. Mas, como? Não houve nenhum boato novo! O boato foi que o candidato oficial do governo, aquele que nem sobe e nem sai de baixo, teria dito que iria renunciar.

E a imprensa continua a falar sobre as mesmas coisas de sempre. Do risco-Brasil. Houve tempo em que o risco brasileiro era elogiado no mundo inteiro. O risco dos jangadeiros, em alto mar, pescando lagosta. O risco da mulher rendeira, costurando e bordando redes maravilhosas. Hoje, só temos um risco. O risco-Brasil. Que é um verdadeiro risco. Todo mundo arrisca. Menos o governo. Que parece que recebe empréstimos para continuar com os riscos. Que não acabam nunca. Depois daquela, que o Brasil recebeu trinta bilhões de dólares de empréstimo, não dá para acreditar. Não deu tempo nem do sorriso deixar os rostos dos ministros da área económica. Logo no outro dia, o dólar subiu de repente. E o Banco Central já despejava dólares no mercado, para conter a alta da moeda americana. Agora, tudo indica, a coisa de grave e aguda virou crónica. Igual a remédio. Quanto mais você toma, mais o organismo precisa.

E parece que o Brasil está muito doente. O presidente FHC até já mandou chamar os candidatos para uma conversa. Só pode ser notícia muito ruim. Do contrário, o normal seria ele, o presidente, esperar o final das eleições e, como se faz há centenas de anos, montar a equipe de transição e passar o governo ao novo governo. Sem traumas e sem segredos.

Agora, nem fazendo serão. A menos que esse governo não tenha mais governo para passar. E tem jornal chamando o presidente de Estadista. Pode?


Domingos Oliveira Medeiros
15 de agosto de 2002
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