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Artigos-->SAMBA NÀO SE APRENDE -- 15/02/2002 - 03:48 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


SAMBA NÃO SE APRENDE NA ESCOLA





A frase com que abro essa crônica é de Noel Rosa; li-a em algum lugar que já não me recordo, pois ando lendo mais do que um homem saudável leria, creio. De modo que estou perdendo as fontes.

Ela encerra, na sua simplicidade, uma filosofia, uma sociologia, uma política e uma poética.

A filosofia consiste que a sabedoria, de uma vez por todas, nada tem a ver com a cultura nem pode ser encerrada num sistema. Ela é individual e intransferível. Cada sambista com sua cadência.

A sociologia consiste em exaltar o indivíduo, valorizar sua precedência, seu talento inato antes que a “cultura” o venha emburrecê-los com teses.

A política é a do malandro, que sabe que para sambar na escola da vida é preciso ter um jogo de cintura que não vai lhe ser ensinado senão pela própria vida, que está sempre aprontando o que escapa a sabedoria comum das escolas.

E a poética é que a palavra “samba”, uma cultura que vem das gentes de baixa classe social, não está inserida nos sistemas de sentimentos dos indivíduos que pretendem ensinar.

Samba é a própria vida; não se aprende, vive-se. Não podem e não querem ensinar. O samba é perigoso, sensual, malandro. Impõe-se, porém, porque é original e vem na alma do povo, e do povo mais simples, o que o torna mais imbatível. Evidente que Noel quis dizer mais do samba do que o simples vocábulo “samba”. Ou talvez saiu de forma inconsciente, que é como a sabedoria se revela.

Aliás, tudo é muito mais do que parece. A riqueza da vida é assombrosa; nós é que somos pobres para percebê-la.

Um exemplo patético da profundidade da frase, é que por mais que nossas modelos e atrizes brancas desfilem como “rainhas” das baterias do carnaval, temos sempre a impressão que elas estão no lugar errado e que jamais inserir-se-iam na cultura dquelas negras e mulatas que são a massa da escola. Até os brancos das comunidades carentes (favelas) onde o samba se desenvolve são diferentes dessas falsas madonas do carnaval. Pois apesar delas, que nunca serão, de fato, sambistas, o samba sobrevive.

Como disse Noel; ele não se aprende.



28/01/2002











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