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Ensaios-->A ORIGEM DA VIOLÊNCIA - Parte II -- 08/01/2002 - 23:57 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ORIGEM DA VIOLÊNCIA - Parte II
J.B.Xavier







Os jovens se pervertem, ou são pervertidos pelos próprios pais?



Os jovens se pervertem, ou são pervertidos pelo meio, e – não raramente – pelos próprios pais?
Apesar de chocante, a pergunta acima força a que façamos uma visita aos porões da sociedade no que ela tem de mais discutível: a maneira como as condições de vida são distribuídas, a maneira e os critérios de julgamentos do sucesso, o conceito de perdedor e vencedor e finalmente a falta de condições que impõe ao atingimento da felicidade.
Nenhum pai ou mãe admitirá publicamente que está sendo relapso com seus próprios filhos. Ao contrário! Dirá que os filhos são o que eles têm de mais importante. Dirão que correm atrás do sucesso, ou trabalham em excesso, apenas para garantir o bem estar dos mesmos. Ironicamente, eles acreditam mesmo nisso! Entretanto são suas atitudes não verbais as que mais transmitem aos jovens a mensagem oposta a essas boas intenções.
O jovem percebe que está sendo cobrado quanto a boas notas no colégio, não porque os pais estejam genuinamente interessados em seu sucesso – embora em certo grau realmente estejam - mas porque o colégio é um investimento pesado, que eles não desejam ver desperdiçado.
A sociedade dos abastados se fecha sobre si mesma com grades, arame farpado, cercas eletrificadas, enquanto vê a sociedade dos pobres fechar-se ao redor deles, em gigantescos anéis de pobreza que constituem as periferias das cidades.
Os centros urbanos modernos, hoje, lembram as cidadelas medievais, defendidas pelos cavaleiros andantes, onde a elite falso-moralista se encastelava entre muros fortificados para se defender das hordas de bárbaros incultos que constantemente tentavam toma-las de assalto.
A perversa distribuição de renda cria um círculo mortiferamente vicioso: Para manter seu “status quo” a parte abastada da sociedade legisla em causa própria e tenta acumular mais e mais, aproveitando todas as vantagens legais e ilegais que lhes caiam às mãos. Na outra ponta do espectro, a parte menos abastada vê-se obrigada a delinqüir como forma de retomar pela força, o que lhes foi tomado pelo direito – um eufemismo para encobrir a legislatura em causa própria.
Empunhando a bandeira da religião, as sociedades ainda não conseguiram se libertar dos grilhões do falso moralismo – ou pelo menos do moralismo antiquado – que estas lhe impingem.
Mantidas na ignorância obscura sobre as novas necessidades de uma geração que é em tudo diferente daquela que a precedeu, os pais – muitos deles também com históricos de desamor em sua juventude – continuam agindo de maneira inadequada. Continuam a colocar seus filhos em famosos colégios vetustos, que, apesar de terem se atualizado em termos técnicos, continuam completamente desaparelhados para lidar com os anseios de uma juventude sempre mais carente de afeto e reconhecimento.
Esses colégios ensinam aos jovens pretensas abordagens das expectativas sexuais, mas geralmente o fazem desligando a educação sexual da educação afetiva, quando se sabe que uma é dependente da outra, que ambas são as duas faces de uma mesma moeda.
Por não conseguir orientar, essas abordagens geralmente criam nos jovens mais dúvidas que respostas, de maneira que seria lícito afirmar que, mesmo bem intencionadas, essas iniciativas – que a rigor é função dos pais – acabam por induzir os jovens ao erro, e por extensão, à revolta.
O jovem se deprava através do sexo – e não falo aqui dos deslizes que todo jovem volta e meia comete – numa tentativa de responder aos adultos que ele sabe se autodeterminar, buscando com isso a auto-afirmação que lhe falta.
Ao folhear um jornal dominical de grande circulação, o jovem tem nas mãos mais informações do que um homem do século dezenove podia dispor em toda a sua vida!
Então, o jovem atual é muitíssimo melhor informado do que a maioria dos seus pais. O problema não reside, portanto, na informação, mas na formação.
Ao contrário dos pais, o jovem atual tem que tomar decisões muito mais cedo, e a partir de uma massa de dados muito maior. Graças a isso, ele tem muito mais discernimento que seus pais, quando estes tinham sua idade. Ele compreende muito melhor a realidade em que vive, e, ao contrário dos pais, não vive assustado com ela, mesmo porque ele é fruto dela!
Esse discernimento precoce fá-lo perceber muito mais cedo e com muito mais clareza a hipocrisia do mundo dos adultos. Ele sabe que seus censores têm suas amantes, que seus pais, não raro, têm diferenças inconciliáveis que tentam esconder, vivendo, às vezes, numa torturante realidade de faz-de-conta.
Cultos fanáticos, políticos desonestos, falsos ídolos, etc, fazem o jovem ficar de frente com a hipocrisia cedo demais. A hipocrisia é, na verdade, muito mais nociva do que qualquer tipo de depravação, porque enquanto esta é um fim em si mesma, aquela é a causa da maioria das mazelas humanas.
A explosão sexual a partir da invenção da pílula anticoncepcional fez explodir muitos tabus, mas também criou outros, como a crença de que a responsabilidade contraceptiva é responsabilidade apenas da mulher.
Com esse poder em mãos, as mulheres - que já vinham de uma realidade muito mais castrante que os homens - atiraram-se à nova liberdade; e hoje o problema da depravação sexual é muito mais sério entre as garotas que entre os rapazes.
Em verdade, a grande responsável pela depravação sexual é a família não adaptada às novas necessidades que uma sociedade “on line” requer.
A cultura de massa, movida pela hipocrisia financeira, impõe aos jovens mitos sexuais que fazem-nos muito mais frustrados. Magreza extrema e beleza esfuziante para as jovens; corpos esculturais e tamanho do pênis para os rapazes são apenas alguns desses mitos.
Sexo é para ser cultivado e desenvolvido, tal como outro aspecto qualquer da vida humana. O que a mídia moderna faz é separa-lo do contexto e conferir-lhe um poder que ele, por si só, não tem: o de trazer a felicidade, o bem estar, e de ser a chave para a felicidade.
Não é o sexo que faz a vida feliz e produtiva. A vida produtiva é que pode ter como resultado o ajustamento e a felicidade sexual.
Qualquer abordagem que leve o jovem a colocar o sexo em primeiro lugar está, por natureza, errada, e os jovens que seguem estarão comprometendo seu futuro como pessoas úteis à sociedade e correndo o risco de desajustes sociais sérios.
A resposta para esses desajustes no jovem pobre é o crime. No jovem rico é a depravação.


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