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Ensaios-->Tratado Geral sobre o Cérebro das Louras -- 01/10/2001 - 14:34 (Magno Antonio Correia de Mello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Confesso meu constrangimento por estar chateando meus cinco fiéis leitores mais uma vez com esse assunto, que já está se tornando recorrente no material que publico na Usina, mas não consigo resistir à capa da última “Veja” e volto a chamar atenção para a desfaçatez do ser humano. Empenhada em defender valores que em todos os cantos, exceto em solo ianque, estão sob sério questionamento, “Veja”, arvorando-se em justiceira, “denuncia” uma insidiosa campanha publicitária, que se destinaria, na opinião dos editores, a transformar a “vítima” – os Estados Unidos – no algoz da guerra santa.

A abordagem da revista reduz a realidade à dicotomia tola que derrubou as torres e dizimou mais de seis mil vidas. Há o “bem” – aqueles que defendem fanaticamente a tal economia de mercado – e o “mal”, integrado por todos os outros, sejam mulçumanos, gays, marcianos ou habitantes da Lapônia. Resolve-se o problema garantindo-se a vitória do bem contra o mal, pouco importando se para isso for necessário bombardear meio milhão ou mais de famintos.

É claro que a fidelidade dos meus cinco leitores não merece que eu mais uma vez repita a mesma cantilena, mas mesmo assim concedo. Puno-os pela vergonhosa nulidade que acompanha um dos meus poemas e a assombrosa unidade – no sentido do número um mesmo – que marca os acessos a dois outros, para mais uma vez reclamar da loucura humana. A loucura, que sempre me acompanhou, porque sempre me considerei um desvairado ambulante, não me causa mais a mesma atração e posso dizer mesmo que tenho me chateado muito com a dita cuja.

Porque só mesmo a loucura – e a mais aflitiva delas – justifica que uma revista insensata, perdida nos rincões do terceiro mundo, vá se ocupar em reforçar uma concepção ideológica que, em última análise, inviabiliza sua sobrevivência. A guerra cega e insana exigida pela alienada opinião pública norte-americana, de quem pelo menos se pode dizer ter sido diretamente atingida pelos atentados, já vai sendo contestada pela cautela de boa parte dos habitantes do planeta, o que não importa à revista, ocupada em estampar na sua capa, publicada da maior cidade de um país pobre, a defesa da loucura, a loucura que, em última análise, simboliza o apocalipse que o mais rico dos países acena para os mais pobres e ermos rincões do mundo.

Está certo que nem sempre sou feliz quando ignoro minha própria maluquice e me atrevo a apontar a loucura alheia. Aqui na Usina, chamei o Clóvis de maluco precipitadamente, por força só de uma simples discordância de pontos de vista. Caí na tentação de considerar o Zé Pedro culpado pela onda de irritantes anônimos, heterônimos e pseudônimos que infesta a Usina e agora reconheço que o fiz sem nenhuma prova, e muito provavelmente contra a verdade dos fatos, porque quem menos me parece culpado disso tudo, hoje em dia, é o Zé Pedro Antunes.

Mas aqui não se trata de avaliações precipitadas lançadas num site divertido, lido em momentos de descontração, por pessoas que dispõem de pouquíssimas chances de acabar com tudo. A loucura da revista “Veja”, e de todos os que partilham de sua opinião, põe em risco a continuidade do mundo. Conseguir a orgulhosa marca de publicar três poemas que em mais de uma semana só obtiveram duas leituras, somadas a de um com a de outro, permite-me assegurar que eu não assusto ninguém – afinal, que importa o que digo, se o que publico raramente é lido? Tenho, portanto, a autorização implícita da minha própria insignificância para qualquer besteira que afirme. Isso não ocorre com uma revista que dispõe da circulação de “Veja”. Quinhentos mil sujeitos vão tomar conhecimento de que os Estados Unidos da América do Norte são – vejam o paradoxo da coisa – a coitadinha da vítima. Talvez muitos mais do que quinhentos mil, porque a bestialidade da capa, exposta em todas as bancas de revista, há de desinformar todos os que a espiarem durante a próxima semana.

Quer dizer, tirando tudo de lado e deixando a coisa tal como se apresenta, há mesmo poucas chances de que se chegue ao quarto milênio. A linha editorial de “Veja”, afinada com o pensamento retrógrado dos inúmeros ramos da direita e do atraso em todo o mundo, contribui muito para conclusão tão dura. Mas, afinal, que se há de fazer, se o que realmente importa é discutir se as louras são ou não burras?
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