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Ensaios-->SOBRE A POESIA - FORMA E CONTEÚDO -- 15/06/2001 - 02:04 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PARCERIAS NA POESIA – FORMA E CONTEÚDO
J.B.Xavier

Tenho percebido que há ainda muita atenção e preocupação com a forma na qual os textos poéticos são escritos, especialmente no tocante às parcerias, tão comuns na música e tão raras na poesia.

Percebo também que, para os puristas, qualquer texto que não possa ser imediatamente catalogado em uma categoria ou gênero, gera uma espécie de insegurança pelos destinos da própria Poesia. Já para os modernistas, os puristas estão em permanente atraso quanto ao “timming” do mundo.

Mas, em um mundo mutante por definição, é compreensível e mais que isso, é necessário que surjam textos absolutamente originais, tanto em conteúdo quanto em forma, e estes são de difícil catalogação.

A manutenção da forma, geralmente se baseia em premissas antigas, estabelecidas há muito, e aceitas como postulados indiscutíveis, como sói acontecer em assuntos ligados à intelectualidade humana – justamente a atividade que deveria ser a mais oxigenada e mutante delas.

Assim, em função da premissa, ou seja, de que é verdade o que afirmam, os críticos de ambas as correntes criticas transformam-se em hermeneutas tenazes e reduzem o texto poético a um objeto para ser observado e analisado sob a lupa do microscópio da semântica.

Particularmente, tenho por hábito questionar as premissas. Primeiro porque questionar premissas é fundamental para que tenhamos uma visão ampla dos dois - ou mais - pólos de uma opinião, e segundo porque sei que é preferível a resposta errada para o questionamento certo, que a resposta certa para o questionamento errado.

O próprio meio em que estamos nos comunicando neste momento está a nos demonstrar a dimensão e amplitude – no tempo e no espaço – das mudanças que estão nos afetando, e se estamos realmente vivendo um momento de mutação na história humana, parece óbvio que os parâmetros que utilizávamos para aferição de nossa produção literária, também precisam ser revistos.

Portanto, ouso modestamente por em dúvida as premissas expostas pelos que não concordam de parcerias na poesia, sem, no entanto, delas discordar completamente, porque, como ser humano presente e participante desse momento histórico de transição da humanidade, também eu tenho um dos pés fincados no futuro e o outro no passado.

Entretanto, dos ecos do passado, ressoam as palavras de Pitágoras:
“O homem é mortal pelos seus temores e imortal pelos seus desejos”.

Assim, sempre que posso, permito que meus desejos sobrepujem meus temores e, ainda que tropegamente, tento avançar ao desconhecido, mesmo não havendo regras para catalogar o que vou deixando pelo caminho.

Minha visão da questão é que um texto poético - de Guilherme de Almeida a João Cabral de Melo Netto, de Olavo Bilac a Vinícius de Morais, de Mário Quintana a Drumond de Andrade, de Chiquinha Gonzaga a Ferreira Gullar, de Charles Dickens a Rudyard Kipling, de Fernando Pessoa a José Saramago - tem que, antes de tudo, nos tocar a alma e abrir uma janela para nosso interior através da qual possamos enxergar a nós mesmos.

Ou seja, no caso da poesia, sua lírica, sua métrica, ou outro qualquer critério de análise crítico-racional, em termos de literatura, precisam se render ao conteúdo e á emoção, antes que à forma.

Parece indiscutível que a hermenêutica seja a tônica da análise critica literária, especialmente em se tratando - como disse Bilac - 'da última flor do Lácio, inculta e bela'.(sic)

Mas a língua portuguesa, que muitos intelectualóides já disseram não ser “poemável” é - voltando a Bilac – “a um tempo, esplendor e sepultura”, e - nos aconselha ele - é preciso vasculhar a ganga impura, entre os cascalhos, para encontrar a bruta mina da alma do poeta.

É lá, distante da síntese lógica, indiferente aos estilos, e, às vezes, á própria lingüista, que jaz a razão última da poesia: a consciência ampliada estabelecida pelo contato direto e imediato entre o poeta e o cósmico.

Claro está que a via pela qual a poesia se expressa tem se mostrado objeto de maior curiosidade, por parte dos críticos; mais até, do que a própria poesia, no que ela tem de essencial. Mas o jorrar de sentimentos transcenderá sempre a análise crítica e nunca se acomodará na estreiteza de suas fronteiras, advindo daí a eterna dicotomia existente entre o autor e o crítico.

É que o autor se expressa através de um estado alterado de consciência, exprimindo um conceito SENTIDO de exteriorizar sentimentos, e o crítico se expressa através de um estado controlado de consciência, exprimindo um conceito PENSADO de manipular sentimentos.

Ambas as abordagens são os dois lados de uma mesma moeda, de maneira tal, que uma necessita da outra.

Entretanto, é necessário que não tentemos enclausurar a poesia em função das regras e normas da análise crítica. O contrário me parece mais coerente: Sujeitar as regras e normas da análise critica ao jorrar espontâneo da poesia, qualquer que seja sua forma de expressão.

Talvez a dificuldade que encontramos seja a falta de parâmetros novos para enquadrar formas ainda não devidamente catalogadas. Mas, as leis foram feitas para os homens, não os homens para as leis! Portanto, somente quando a análise critica superar o concretismo do alcance da sua visão, poderá espiar o que acontece na alma dos poetas quando criam.

É algo que nenhum idioma ou sistema de análise estará jamais aparelhado para descrever convenientemente.

É que a verdade, se existe, não está nos extremos, está, penso, em algum ponto entre eles.

* * *

Fale com o autor:
jbxavier@multipremium.com.br

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