As questões causais sobre a Sorte e o Destino, são objetos das mais intrincadas interrogações com que o homem já se defrontou. Disse alguém que alguns homens colocam seus livros nas estantes, outros colocam a estante nos seus livros, enchendo-os com citações de outrem, e se esquecendo de emitir a própria opinião.
Sorte e Destino parecem reger-se por regras próprias, escolhendo ao bel prazer seus protegidos e desafetos. Ainda não foi dado ao homem levantar o véu que esconde as relações de causa e efeito que faz com que alguns de nós sejamos bafejados pela sorte e tenhamos um destino glorioso, ou abandonados por ela e tenhamos um destino duvidoso.
As filosofias místicas buscam respostas, mas cada um de nós é livre para encontrar as suas próprias. Assim como a planta que, ao crescer e projetar-se para o céu não tem como saber de que direção virá o vento que a fustigará um dia, assim também os homens têm apenas uma certeza: Não lhe é dado saber de onde ou como virão as intempéries que porão seus limites à prova.
Disso se depreende que ao mesmo tempo em que há uma relação de causa e efeito no desenvolvimento da vida, há também uma imponderabilidade intrínseca a esse desenvolvimento. É essa imponderabilidade que alguns, menos avisados chamam de sorte.
Mas, assim como a planta que nascer próxima ao penhasco soçobrará inexoravelmente se não se apegar firmemente ao barranco, assim também o homem que não buscar fortalecer seu âmago poderá ser levado pelas enxurradas. Há, portanto, paradoxalmente, certa previsibilidade no avanço da vida, à qual os menos avisados chamam de Destino.