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Poesias-->homem amado -- 05/08/2000 - 18:12 (Tânia Cristina Barros de Aguiar) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
homem amado, nessa hora de calma noturna,

tudo em mim é ressonância do teu ritmo,

é um naco de tua coxa morna, é lembrança dura, doida e persistente, como o mais fresco pedaço de um pão de trigo.

habita em mim teu sonho – a américa socialista

em cada esquina um beso, un pez, um pajarito.

homem amado, não sabes que sonho louco e igual eu viveria.

ah, as horas mais doces de hoje não te trazem,

não me retornam teu beijo, tuas mãos ávidas,

teu corpo prenhe de desejos, de pelos e luminosidades.

hoje, não sou quem era. não, sem teu corpo,

sem respirar o mesmo ar que tu respiras,

sou nada, caminho só em cais sombrio.

homem amado, carrego em mim,

no mais fundo canal de meu desejo,

teu fogo louco, teu falo quente,

teu abraço e tua ferida.

poderia chorar, hoje, aqui.

poderia cantar o canto indígena dos mortos,

arrancar flores, orquídeas negras e frescas margaridas para vê-las definhar,

sentir a vida escapando-lhes,

pétala por pétala, horas a fio.

poderia eu caminhar, caminhar até a exaustão,

para amolecer o corpo, refrescá-lo dessa ausência, desse fremir,

dessa angústia que rouba cores e fluorescências,

vestindo tudo de tristeza inútil.

homem amado, construi um sonho com teus beijos,

um encantamento angustiado que me toma à vida,

que agarra as noites e as faz compridas,

traz-me todos os lamentos de fome das favelas da américa,

todas as dores das mãezinhas que diariamente perdem seus filhos, todas as pequeninas covas, todos os gritos dos camponeses mortos, toda a revolta dos inocentes presos e a angústia doentia dos assassinos.

homem amado, em teu corpo dancei a mais doce das danças, alegrei-me com a mais pura das alegrias, resgatei o mais profundo instante do amor condenado à ausência,à distância, ao esquecimento.

hoje, tua lembrança é úmida ainda, como úmida é a terra cultivada,

tua lembrança é viva como vivo é um sonho de alegria e igualdade,

sonhado às escondidas pelos poetas, pelos pobres,

pelos lavradores sem terra, pelas criancinhas abandonadas.

eis o mundo, em seu impiedoso corredor de injustiças

eis o mundo em sua animalesca destruição.

mas eis também e ainda o amor, que tão bem soubeste arrancar de mim, com teu sonho, com teu carinho, com tua risada sonora e inquietante.

eis o amor, capaz de gerar e alimentar todas as esperanças.

eis o amor, capaz de mudar os destinos mais cinzentos das cidades, dos países, das gentes.

eis o amor, o meu amor.

toma-o porque é puro como puros fomos em nossa caminhada na aurora, em nossa busca angustiada, em nossa despedida.

eis o amor, mastiga-o, sente sua consistência e doçura e essa saudade,

que fiz em versos, para ti, para que retomes cada gesto de carinho, cada olhar, cada suspiro e saibas como é louco e grande o amor que te dedico.

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