caminhando sobre a terra, busco
não sou uma criatura silenciosa
desde que aprendi a compaixão
meus sorrisos cortam os dias
persigo a verdade inerente
a minha alma, neste caminho.
transformando-a – à alma,
cumprimos seu destino
eu e minha alma, a sós,
unidas pelo laço invisível do eterno,
trilhamos a jornada única, instransferível
aprendo apenas o que vivencio
poucas palavras me alcançaram, nesta vida
cada clarão
cortou-me a carne
fez-me insone
derrubou-me em profundezas
mergulhou-me em águas frias
dar-te-ia eu a mão para jogar-te no abismo?
por vezes me distraio
o discurso me vem à tona
porque ainda é da minha natureza
incomodar com meu ruído
depois, quedo-me por dias
amargando cada palavra dita
pedindo silenciosamente
perdão a quem me ouvira
ah, alma atormentada
infante ainda, quer caminhar a passos largos
atravessar os mares sem afogar-se
julgando-se capaz de esgotar os dias
com sorriso e gozo
encantando-se, colhendo as estrelas
do que ainda não sabe, desconfia
a cada queda, coitada, sofre ainda,
debate-se até que, esgotada,
aquieta-se e vai ao fundo
na superfície, não há o que sorver da vida
dar-te-ia eu a mão para afogar-te no mar gelado?
levar-me-ias tu para o teu próprio abismo?
30/07/2000
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