Meu Labirinto
Paulo Nunes Batista*
Labirinto teci de altívola tessitura
E do grande aranhol coloquei-me no meio.
Veio o tempo, voraz, e o espaço, imenso, veio
Contra a flor do mistério e sua incógnita escura.
E nada vigorou: essa estranha estrutura
Assim permaneceu sem abalo ou receio.
No princípio, no fim, sempre a força do esteio
Prevaleceu, do abismo à mais subida altura.
Meu labirinto, entanto, é só feito de Sonho.
A matéria, sutil, fluida, de que é composto,
É volátil, assim: de ar e luz o componho.
Do labirinto o fio arde em meu próprio rosto.
Encontra-lo, porém, enigma medonho:
Devoro-o sem cessar, num infinito desgostoso.
Anápolis, 18/XI/2002.
*Paulo Nunes Batista 77 anos - é poeta popular e erudito e escritor.; autor de vários livros (em poesia e prosa) e inúmeros cordéis, folhas volantes e ABCs. Paraibano, descendente de uma família paraibana, de grandes poetas e repentistas, radicado em Anápolis-Go há quarenta anos. Já morou em diversas capitais brasileiras, batalhando a vida. Antigo militante do PCB de 1946 a 1952, chegou a ser preso. Hoje, espírita. Formado em Direito. Pertence a Academia Goiana de Letras, em cuja posse, fez o discurso rimado. Tem publicações espalhadas pela imprensa do país e em Portugal, onde já representou o Brasil no cordel.
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