Metáforas e Aforismos
(por Domingos Oliveira Medeiros)
O ritual envolvente
Desde janeiro passado
O povo vem assistindo
E anda desconfiado
O homem se comunica
É sincero, tudo indica
Mas só fala do passado
Há seis meses no governo
Nada foi realizado
Muita frase de efeito
O país está parado
Verdade é para ser dita
O povo já se irrita
O circo está armado
Metáfora a toda hora
Pra ninguém botar defeito
Explica, mas não se entende
Já que o homem foi eleito
Para ser o presidente
E não enganar a gente
Com promessa de prefeito
D’uma cidade pequena
Onde tudo se ajeita
Com histórias engraçadas
E todo mundo aceita
A troco de dentadura
O povo de ferradura
Onde ninguém se respeita
Seja por falta de emprego
Seja por outro motivo
Seja por causa do medo
O povo é bem cativo
Precisa mais do prefeito
Para isso foi eleito
Prometendo o paraíso
Mas o Brasil é maior
Não precisa de esmola
Conta histórias em quadrinhos
Fala e diz que joga bola
Faz o tipo companheiro
Joga flor, é jardineiro
Fala muito, o dia inteiro
E diz que é bom jogador
Meia, ponta, ou artilheiro
Já fala em goleada
O seu chute é certeiro
Dez a zero na inflação
O Brasil vai ser campeão
Acredite companheiro
Churrasco toda semana
É alegre e farofeiro
Está de bem com a vida
Viaja pro estrangeiro
Já encantou todo o mundo
Até a turma do Fundo
Sempre em busca de dinheiro
Sua palavra de ordem
Tem sido a negociação
Promete, depois da reforma
Melhoras na educação
Talvez a queda dos juros
Tirar o Brasil dos apuros
Combater a corrupção
Dinheiro não é problema
Assim foi dado o recado
Diz que está no rumo certo
E que não mudou de lado
Aguarda com ansiedade
E muita cumplicidade
Tirar do aposentado
Pede muita paciência
Tira pedra do caminho
Faz a boa política
De agradar o seu vizinho
Mas aqui dentro não muda
Ao seu povo não ajuda
A sair do buraquinho
Fala de um pé de feijão
Dá aulas de agricultura
Primeiro é preciso plantar
Água mole em pedra dura
Leva tempo pra colher
Há que a terra revolver
Se cavar a coisa fura
Não diz coisa com coisa
Esqueceu todo o passado
Promete sempre o futuro
O futuro eternizado
É um governo ausente
Até mesmo no presente
O tempo ficou parado
O Brasil é o Iraque
Onde o terrorismo grassa
O risco-Brasil aumenta
O dólar sempre ultrapassa
Armas químicas de montão
Pra cima da população
A destruição em massa
O viés da economia
Dá o tom da orquestração
Desafinando nos juros
Prejudicando a produção
Já se prevê o futuro
Todo mundo no escuro
Por conta do novo apagão
Desafina e faz barulho
A orquestra do presidente
Não é bom o repertório
Falta músico competente
E pra quem toca de ouvido
Fica mal compreendido
Está mais que evidente
Cresce o medo e a procura
A oferta é de esperança
Pelo seu primeiro emprego
Como a bala e a criança
O que sobra está tomado
Pelo crime organizado
E também pela mudança
No trato da liberdade
De pensar e de expressão
Do direito adquirido
De nossa Constituição
Jogar pedra na janela
Ter comida na panela
Ser contra sua opinião
Assim, não há quem resista
Manter sua filiação
Num partido diferente
De antes da eleição
Vou retirar o meu boné
Pois o Luiz virou José
Na serra da oposição