A ira viaja pelo tempo,
Escorre pelas paredes,
Vaza pelas frestas,
Faz vítimas por tudo.
O mal tomas as mãos do fraco
E as conduz pelo corpo doce
Das loucuras infames.
Sombras escondem-se em mim,
Não sei como expulsá-las,
Mas tento.
Minha luz se apaga
No trevo do meu medo,
Que não leva a lugar nenhum.
Minha voz se cansa
De gritar no vácuo da minha mente,
Que não entende coisa alguma.
Meus olhos se queimam
Em meu próprio olhar, obscuro,
Que não vê verdade.
A estrada nunca vem aos pés,
Não se alcança o cume
Só por erguer as mãos.
Não se vê, só por olhar.
O invisível estronda,
O silencioso clareia.
Desejos de fome muda,
Cadeados na alma.
Língua amarrada,
No trapo seco da covardia.
Pés inconscientes
Buscam água que apague
Fogo de solidão.
Sei,
Desfraldo a bandeira
Do meu ser.
Vivo eu,
Então, vivo! |