MÚSICA E POEISA, MÉTRICA E RIMA: COMO NASCERAM?
J.B.Xavier
O fenômeno milenar de interrelação entre texto e canção, que acabou por reunir as artes da Poesia e da Música, teve início com os os pitagóricos, promotores de grandes transformações na cultura grega. Eles afirmavam que a salvação do homem baseia-se na tentativa humana de unir-se ao cosmos, processo que dependia de uma compreensão clara dos fenômenos existenciais.
Motivado por este pensamento, Pitágoras descobriu, ao fazer soar um monocórdio, que a corda esticada sobre uma superfície côncava produzia um som variável, de acordo com a extensão da corda. Assim descobriu a oitava, a quarta, a quinta, sempre correlações numéricas ligadas ao tamanho das extensões. A partir daí, concluiu que a música é o resultado de sons, tons vibrantes e números mutantes.
Esta noção permite entender porque, para os gregos, era tão importante a noção de ritmo (rhytmos, movimento regular) que viria a permear a poesia na qual o metro e o ritmo são elementos essenciais. Ou entender porque a palavra música (mousa, musa) aplicava-se, para os gregos, a todas as formas de arte que se supunha inspiradas pelas musas.
Não raramente, estas formas apresentavam-se associadas: a poesia lírica, por exemplo, costumava ser acompanhada pela lira. Para os romanos, a ars musica significa tanto música quanto poesia, algo que ainda hoje nossa linguagem registra no ritmo ou na sonoridade.
A valorização do som pelos gregos, tendo Píndaro como um de seus maiores divulgadores, está relacionada diretamente com a HARMONIA UNIVERSAL, conceito que deriva também diretamente dos pitagóricos,
Assim como descobriram o som para a harmonia e o equilíbrio do espírito, era mister que descobrissem também um elemento que harmonizasse e equilibrasse a poesia. Então, para esse fim, os gregos inventaram a rima.
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