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Contos-->Bala Perdida -- 11/10/2002 - 20:09 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Marcelo 18 anos de idade vendia jornal no centro da cidade, pra ajudar a sua mãe,que era a lavadeira, a criar os seus nove irmãos pequenos.
A casa era de madeira, coberta da sala até o quanto. E a cozinha ficava ao relento, junto com o quintal e o giral de madeira, que religiosamente permaneciam sobre o canal da ponte do Galo.
De lá se via, entre os prédios da Doca de Souza Franco o anunciar da diferença, os passos de um progresso que vinham esmagar aquela inocência. Mas também se via refletir no rio agonizando a morte, a beleza enorme da lua, que em tantos serenos das noites calmas ou loucas, dizia com maestria, que a vida é boa.
Acreditando ou não no amanhã, masi ou menos às 3:30 de cada dia, Marcelo levantava de barriga vazia, fazia o café, sem açúcar e saia pra começar a sua labuta.
Recebia o jornal e vendia. Quando o sol estava alto, se dirigia a sorveteria São José, pegava um carro de sorvete e seguia pra feira do Telégrafo, pra frente do Santo Afonso ou Magalhães Barata.
Ao meio-dia chegava em casa pra almoçar. E quando não era Piramutaba, Jabá com Açaí, era o Taumatá.
Lá pelo intermediário, aquele jovem moço, seguia pra sua aula no Alves Maia.
Era um garoto bem conceituado, brincalhão, esperto e bem meninão. Todos alí por perto conheciam aquele rapaz e suas invenções; seus carrinhos de lata, seus aviões de isopor, sua rabiola de plástico, seu revolver de cano,o seu carrinho de rolimã e aquele olhar de doutor.
O seu sonho era ser escritor; até que tentou tocar violão, tambor, mas não conseguia tocar. Parecia um complô.
E na quarta-feira chuvosa, de 01 de abril seguindo a sua rotina na rua do fio, contra mão vinham correndo e gritando garotos: Polícia, ladrão!
E um tiro no meio de toda aquela excitação silenciou a razão. A bala foi se agasalhar quieta no colo de um menino cidadão.
Arrancado de seu percusso, desabou feito cavaleiro em guerra. Num grito bárbaro e debruçou no chão.
Viravam-no de um lado para o outro pra sentir reação, mas ele não mais respirava...Só sangrava
Sangrava, como uma criança em lágrimas.
Ao redor um disse me disse. Todos se acusavam e ninguém era culpado.
A polícia disse que perseguia bandidose o rapaz teria os defendido. Porém a população era contária. Dizia que ele era um garoto de sonho e invenções.
No jornal saiu a versão ofíciosa, calmitosa...
Morto mais um ladrão na periferia. Era a manchete do dia, que os doutores e artistas, quando não via a lista de seus compromissos, liam e criticavam a sua versão.
D. Maria ficou sem o seu filho, a sociedade perdeu a índole da geração. Está perdendo a identidade, sente-se fraca e sem ilusão.
A ideologia urbana anda no rumo da escuridão,
A ideologia humana anda procurando ter coragem pra ser cidadão.
Enquanto, ainda hoje se acendem luzes no cruzeiro, pro rapaz que num dia, da vida só queria viver pelo coração.
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