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Contos-->MEU SECRETO SEGREDO... -- 04/07/2000 - 17:24 (Marilene Caon pieruccini) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MEU SECRETO SEGREDO...

Num desses tantos dias de entardecer acinzentado, nos quais as rasteiras da vida nos aparecem retintas, carregadas com as nuvens pesadas da saudade, entrei em um dos espaços mais curiosos, que já conheci... Ordenado pela desordem de suas flores e de suas árvores; sonoro pelo silêncio de seus freqüentadores e lembrando, pela profusão de seu colorido, o aroma dos sorvetes de chocolate com morango e baunilha, que perfumam as mais ternas lembranças de nosso íntimo secreto, ele trouxe, para mim, a sensação de ter penetrado em um lugar, “lá, muito além de todos os jardins...”
Escolhi um lindo e confortável banco, sob uma árvore frondosa, com seu grosso tronco aberto em leque para o infinito e com raízes, que adivinhei, serpenteantes sob o solo macio, direcionadas para todo lado, numa inconfusa confusão, pois elas se estendiam, conhecendo claramente a sua finalidade.
Ali permaneci por um longo tempo, imersa em mim mesma, vez por outra sendo tocada por uma pétala, um galinho seco ou uma folha verde, que a brisa mansa insistia em usar na composição de seus arabescos outonais.
Distraída, esquecia a realidade, escrevendo versos e sonatas em minha imaginação.
Havia, às vezes, momentos em que, um vento mais forte, de repente, escondia-me sob a profusão de incontáveis folhas amareladas, que acabavam repousando no chão, como um virtual tapete seco... Outras vezes, sentia o frio da solidão, porque a aragem calma não tinha a força suficiente e necessária para depositar seus achados naturais sobre meu colo vazio... Mas eu continuava ali, debruçada sobre a minha alma...
Então, ainda não sei bem como foi que aconteceu, uma folha verde, diferente de todas as demais pousou, delicada, sobre meus lábios, como se estivesse me trazendo um beijo muito suave de alguém de distante...
Insistiu, até que eu a percebesse...
Tomei-a com muita delicadeza em minhas mãos e examinei-a por completo. Senti sua textura, aspirei seu aroma, provei de seu gosto... Ela era única, eu nunca tocara em outra igual a ela... (Lembrei do “Pequeno Príncipe” e sua rosa...)
Enquanto a percebia em seu vigor maduro, dei-me conta de seu verde, diferente de todos os outros verdes daquele jardim.
Enquanto a observava, ela foi se insinuado, devagarinho, nos meus sentimentos, tornando-se cada vez mais especial, mais única... A minha folha verde.
Perdi a noção do tempo, esqueci meus versos. Só tinha olhos para ela... Imaginava por quantos caminhos andara, em quantas outros regaços já repousara... Mas nada disso me importou... Agora eu a tinha, ela se tornara importante para mim e eu me sentia responsável por ela.
Guardei-a sobre meu coração, protegendo-a do frio da madrugada, que serenava ao meu redor... Senti o seu calor e sorri, feliz.
Fui embora. Um sorriso doce em minhas faces espantava as sombras da noite. Acontecesse o que acontecesse, eu sabia que nunca mais deixaria de ter, em algum lugar, a minha folha verde, que só eu tivera a felicidade de tocar com a intimidade do coração...

Pela primeira vez, em muito tempo, voltei a ser realmente feliz.




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