FILOSOFIA – QUESTÕES DE VESTIBULARES JULHO DE 2010
Edson Pereira Bueno Leal , outubro de 2010 .
1 UNESP JULHO 2010
Em algum remoto rincão do sistema solar cintilante em que se derrama um sem-numero de sistemas solares, havia uma vez um astro em que animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais soberbo e mais mentiroso da historia universal: mas também foi somente um minuto. Passados poucos fôlegos da natureza congelou-se o astro, e os animais inteligentes tiveram de morrer. – Assim poderia alguém inventar uma fabula e nem por isso teria ilustrado suficientemente quão lamentável, quão fantasmagórico e fugaz, quão sem finalidade e gratuito fica o intelecto humano dentro da natureza. Houve eternidades em que ele não estava; quando de novo ele tiver passado, nada terá acontecido. Ao contrario, ele e humano, e somente seu possuidor e
genitor o toma tão pateticamente, como se os gonzos do mundo girassem nele. Mas se pudéssemos entender-nos com a mosca, perceberíamos então que também ela bóia no ar (...) e sente em si o centro voante desse mundo. (Nietzsche. O Livro das Citações, 2008.)
Sobre este texto, e correto afirmar que:
a) Seu teor acerca do lugar da humanidade na historia do universo e antropocêntrico.
b) O autor revela uma visão de mundo crista.
c) O autor apresenta uma visão cética acerca da importância da humanidade na historia do universo.
d) Ao comparar a vida humana com a vida de uma mosca, Nietzsche corrobora os fundamentos de diversas teologias, não se limitando ao ponto de vista cristão.
e) Para o filosofo, a vida humana e eterna
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O cônsul do Haiti em São Paulo, George Samuel Antoine, afirmou que a tragédia em seu pais “esta sendo boa” para que os haitianos fiquem mais conhecidos no Brasil. O diplomata não sabia que estava sendo filmado. As imagens apareceram em reportagem do telejornal SBT Brasil, na noite de quinta-feira (14). “A desgraça de lá esta sendo uma boa pra gente aqui, fica conhecido”, disse o cônsul. Antoine atribuiu o desastre em seus pais a maldiçoais: “Acho que, de tanto mexer com macumba, não sei o que e aquilo... O africano em si tem
maldição”. Depois de criticar as religiões africanas, Antoine aparece, durante a entrevista, segurando um terço. “Esse terço nos usamos porque da energia positiva, acalma as pessoas. Como estou muito tenso, deprimido com o negocio do Haiti, a gente fica mexendo com vários para se acalmar”, afirmou o cônsul. Na mesa, ha outro terço alem do que ele esta segurando.
(Revista Época, 15.01.2010. Adaptado.)
Assinale a alternativa correta.
a) As declarações do cônsul do Haiti transmitem uma visão positiva sobre valores e praticas culturais de origem africana.
b) A critica de Antoine as religiões africanas expressa uma visão de mundo marcada pela tolerância religiosa.
c) O ponto de vista do cônsul pode ser caracterizado como uma visão de mundo racionalista.
d) Para o cônsul, a explicação dos motivos que provocaram o terremoto no Haiti relaciona-se exclusiva mente com causas físicas, excluindo possíveis intervenções de entidades religiosas.
e) As declarações do cônsul haitiano revelam uma concepção mística sobre a realidade.
Instrução: Os textos 1 e 2 referem-se às questões de
números 3 e 4.
Texto 1
Agora que as paixões acalmaram, volto à proibição do fumo em ambientes fechados, aprovada pela Assembléia Legislativa de São Paulo. Incrível como esse tema ainda gera discussões acaloradas. Como e possível considerar a proibição de fumar nos lugares em que outras pessoas respiram uma afronta à liberdade individual? As evidencias cientificas de que o fumante passivo também
fuma são tantas e tão contundentes que os defensores do direito de encher de fumaça restaurantes e demais espaços públicos só podem fazê-lo por duas razoes: ignorância ou interesse financeiro. Sinceramente, não consigo imaginar
terceira alternativa.(Drauzio Varella. O fumo em lugares fechados. Folha de S.Paulo, 25.04.2009.)
Texto 2
Típico do espírito fascista e seu amor puritano pela “humanidade correta” ao mesmo tempo em que detesta a diversidade promiscua dos seres humanos. Por isso sua vocação para idéia de “higiene cientifica e política da vida”: supressão de hábitos “irracionais”, criação de comportamentos “que agregam valor político, cientifico e social”. O imperativo “seja saudável” pode adoecer uma pessoa. Na democracia o fascismo pode ser invisível como um vírus. Quer um exemplo da contaminação?
Votemos uma lei: mesmo em casa não se pode fumar. Afinal, como ficam os pulmões dos vizinhos? Que tal uma campanha nas escolas para as crianças denunciarem seus pais fumantes?
(Luis Felipe Ponde. O vírus fascista. Folha de S.Paulo, 22.09.2008.)
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Confrontando o conteudo dos dois textos, assinale a alternativa correta.
a) Para os dois autores, e correta a existência de uma lei que proíbe o fumo em lugares fechados, pois ambos baseiam-se em argumentos de natureza política e
filosófica.
b) O primeiro texto ampara-se em argumentos científicos, e o segundo, em argumentos de natureza política e filosófica.
c) Para o autor do segundo texto, o fascismo e um fenômeno superado da historia, e por isso incompatível com sociedades democráticas.
d) Para o autor do segundo texto, argumentos de base cientifica prevalecem sobre argumentos de base política e filosófica.
e) Os dois textos apresentam visões contrastantes sobre a proibição do fumo, sendo que ambos baseiam seus argumentos sob um ponto de vista cientifico.
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De acordo com os dois textos, pode-se concluir que:
a) a filosofia e uma área do conhecimento que compartilha dos mesmos critérios que a ciência.
b) no texto 2, o “amor puritano pela humanidade correta” e compatível com a “diversidade promiscua dos seres humanos”.
c) segundo os dois autores, fumar ou não fumar e problema ético, não relacionado com políticas estatais de saúde publica.
d) para o autor do texto 2, inexistem critérios universais e absolutos que possam regular o comportamento ético dos indivíduos.
e) para os dois autores, a vida saudável e um imperativo a ser priorizado sob quaisquer circunstancias.
Instrução: As questões de números 5 e 6 tomam por base os textos 1 e 2, a seguir.
Texto 1
Porque morrer e uma ou outra destas duas coisas: ou o morto não tem absolutamente nenhuma existência, nenhuma consciência do que quer que seja, ou, como se diz, a morte e precisamente uma mudança de existência e, para a alma, uma migração deste lugar para um outro. Se, de fato, não ha sensação alguma, mas e como um sono, a morte seria um maravilhoso presente. […] Se, ao contrario, a morte e como uma passagem deste para outro lugar, e, se e verdade o que se diz que lá se encontram todos os mortos, qual o bem que poderia existir, o juizes, maior do que este? Porque, se chegarmos ao Hades, libertando-nos destes que se vangloriam serem juizes, havemos de encontrar os verdadeiros juizes, os quais nos diria que fazem justiça acolá: Monos e Radamante, Eaco e Triptolemo, e tantos outros deuses e semideuses que foram justos na vida; seria então essa viagem uma viagem de se fazer pouco caso? Que preço não serieis capazes de pagar, para conversar com Orfeu, Museu, Hesiodo e Homero? (Platão. Apologia de Sócrates, 2000.)
Texto 2
Ninguém sabe quando será seu ultimo passeio, mas agora e possível se despedir em grande estilo. Uma 300C Turing, a versão perua do sedã de luxo da Chrysler, foi transformada no primeiro carro funerário customizado da América Latina. A mudança levou sete meses, custou R$ 160 mil e deixou o carro com oito metros de comprimento e 2 340 kg, três metros e 540 kg alem da original. O Funeral Car 300C tem luzes piscantes na já imponente dianteira e enormes rodas, de aro 22, com direito a pequenos caixões estilizados nos raios. Bandeiras nas pontas do capo, como nos carros de diplomatas, dão um
toque refinado. Com o chassi mais longo, o banco traseiro foi mantido para familiares acompanharem o cortejo dentro do carro. No encosto dos dianteiros, telas exibem mensagens de conforto. O carro faz parte de um pacote de cerimonial fúnebre que inclui, alem do cortejo no Funeral Car 300C, serviços como violinistas e revoada de pombas brancas no enterro.
(Funeral tunado. Folha de S.Paulo, 28.02.2010.)
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Confrontando o conteúdo dos dois textos, pode-se afirmar que:
a) embora os dois textos transmitam concepções divergentes acerca da morte, eles tratam de visões concernentes à mesma época, a saber, a sociedade atual.
b) sob o ponto de vista filosófico, não ha diferenças qualitativas entre uma e outra concepção sobre a morte.
c) os comentários do texto grego sobre a morte são coerentes com uma filosofia de forte valorização do corpo em detrimento da alma, e do mundo sensível
sobre o mundo inteligível.
d) o texto de Platão evidencia uma cultura monoteísta, enquanto que o segundo e politeísta.
e) enquanto no primeiro texto transparece a dignidade metafísica da morte, no segundo sugere-se a conversão do funeral em espetáculo da sociedade de consumo.
6 UNESP JULHO 2010
Apos analise dos dois textos, pode-se afirmar que:
a) o texto 1 e de natureza fictícia, e portanto não baseado em fatos históricos.
b) Platão não apela a entidades míticas para justificar sua concepção positiva sobre a morte.
c) Platão faz alusão a um fato histórico fundamental para a filosofia ocidental: as circunstancias da morte de Sócrates.
d) o texto 2 trata do caráter sagrado e religioso dos funerais em nossa sociedade.
e) o texto 1 evidencia que a morte não e um tema filosófico.