PAZ
Tanta mediocridade,
Tanta vulgaridade no mundo.
Todos só se preocupam com o imediato,
Com o aproveitar a vida aqui e agora.
Há um clima de fim do mundo no ar.
Parece que o mundo vai acabar amanhã.
E temos que viver rapidamente
o pouco tempo que nos resta.
E, se o mundo acabasse realmente amanhã?
Se, de repente, não existisse
Mais nenhuma criatura viva na terra?
De repente aquele silêncio absoluto,
O sol brilhando sobre as praias vazias.
Os apartamentos vazios,
Os automóveis abandonados nas ruas.
Centenas de anos passando e tudo imóvel,
Apodrecendo, deteriorando,
A poeira cobrindo tudo,
O mato crescendo por toda parte, engolindo tudo.
Que sensação de paz
Essas imagens me fazem sentir.
Recife, outubro de 1989.
|