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Erotico-->3. O SONHO -- 01/12/2002 - 07:39 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Sem transição, imergi em profundo sono, passando-me pela mente as figurações mais estranhas. Sonhava e sabia que sonhava. Era acréscimo de benemerência de quem cuidava de mim. Antes, o nome do Pai não me saía da boca. Suja. Indecente. Agora, hesitava em nomeá-lo. Antes, agredia-o, deliberadamente. Provocava-o. Não acreditava em sua real existência. Agora, temia ofendê-lo.

Desconfiava mais de mim do que dele. Mas estes são cuidados de hoje.

Sonhava e os monstros se personificavam, se identificavam. Eram criaturas conhecidas. Eram pessoas do relacionamento. Eram parentes. Filhos. Esposa. Pai. Mãe.

Suas fisionomias adquiriam mutações. Transformavam-se à minha vista. Eu sabia que sonhava. Era alívio provindo da misericórdia...

As crianças se tornavam seres adultos. Tinham barba. A menina era moça formada. Linda. Mas os sinais do rosto se distorciam. Ficava madura. Enrugada. Feia. Chegava a não reconhecer nela a criança meiga de quando parti. Era como se fosse outra pessoa. Mas vibrava como filha. E me acrescentava mais pavor à mente.

Saber que sonhava não estava bastando. O pesadelo se acentuava. Via-me a mim mesmo, chefe e poderoso. Notava, na escuridão, brilhos de armas, brasões e estandartes. Eu levantava a destra com a espada. Apontava para o alto, expedindo a ordem. Baixava, num relance, o braço. Concomitantemente, três corpos se dependuravam pelos pescoços. Executava meus filhos. Mas era só pesadelo. Não fora a realidade da existência carnal.

Queria acordar. Sufocava-me a presença dos cadáveres. Uma mulher aparecia. Desgrenhada. Era a esposa. Não era. Era, sim. Mas revestida de outras feições. Magra. Loira. Profundos olhos azuis. Desses olhos jorravam lágrimas. A boca desdentada emitia sons horrendos. Pragas. Maldições. Saíam dela negras nuvens que me envolviam. Entonteciam-me.

Era apenas sonho. Era apenas sonho. Queria convencer-me da inutilidade do sofrimento. Como pagar pela fantasia da mente? Desespero sem causa. Chamava pelo Pai, sem dizer-lhe o nome. Envergonhava-me de estar sonhando tão perfidamente. Não deveria homenageá-lo, pela temperança do desequilíbrio que sabia irreal?

Ouvia que me pediam para repetir uma prece. Recusava-me. Não articulava as palavras. Dava com as esporas nos flancos do animal. Avançava com a turba. Atropelava a infeliz que se me antepusera. Incentivava a carga contra a aldeia desprotegida. Pedia os espólios. Facultava o saque. O assassínio. O estupro. A tortura. Queria informações. Queria os tesouros escondidos.

“Pai nosso, que estais nos Céus, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na Terra como nos Céus. O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje. Perdoai as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos de todo mal. Porque vosso é o reino, o poder e a glória, para sempre. Amém.

Consegui ouvir a oração, sem repeti-la. E despertei.

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