Benedito caro amigo
Você me deixa avexado
Morrendo de encabulado,
Num faça isso comigo!
Revelar fé que persigo
Tornar pública mi’a crença
Fez sem pedir mi’a licença
Estou em palpos de aranha
Numa vergonha tamanha
E uma tristeza imensa.
Da rima pedi despensa
E do verso me afastei
De todos eu me isolei
Pra cumprir essa sentença
Depois que fiz desavença
Desafiei todo mundo
Prum duelo moribundo
Apanhei que nem cossaco
Pus a viola no saco
Com sentimento profundo.
Me apeguei com São Raimundo
Para ser seminarista
Penar a perder de vista
Pagar o pecado imundo,
Pois eu era um furibundo
Convento nenhum me aceitou
Com ênfase me recusou
E mostrou o olho da rua
Nessa verdade nua e crua
Pra quem muito profanou.
Só aquela igreja sobrou
E logo lá fiz carreira
Num tava pra brincadeira
Fazia reza e louvor
Por isso virei pastor
Eu quis fazer diferente
Deixar o povo contente
Acabar com a pobreza
Colocar feijão na mesa
Daquele povo indigente.
Bispo pensa diferente
E do que fiz, não gostou!
Pruma conversa me chamou
Me xingou de delinqüente
Nem faz Favor pra parente
Me chamou de infeliz
Daí quebrei seu nariz
Ele chamou a policia
Fez tudo com sua malicia
Só escapei por um triz.
No meu nome passou giz
E fui expulso da igreja
O bem lá ninguém almeja
E nem da fé é geratriz
Paguei tudo que lá fiz
Voltei a ser pecador
Um normal cordelador
Que só vai viver pro verso
Só na emoção imerso
Em poesias de amor.