Os túneis
Paulo Nunes Batista
São túneis dentro de túneis
Imensos – túneis de túneis
Que se emendam, seguem, seguem
Se alongando se alongando
E de novo desembocam
Dentro de outros novos túneis
Caóticos, multiplicados
Em túneis fantasmagóricos-
Longuíssimos subterrâneos
Abertos dentro de mim...
Canais, fossas, calabouços
Onde me perco sem fim...
São triângulos, quadrados,
São losangos e retângulos
De mil cores impossíveis,
Umas montadas nas outras
Como cavalos indóceis,
Velozes corcéis correndo
Pelos túneis infinitos
Onde me sinto uma abelha,
Mosca multicolorida,
Formiga psicodélica
Ou barata inteligente
Nesses Reinos do Abscôndito.
São luminosos abismos
Em que mergulho bem fundo
E volto à tona nos vórtices
Em redemoinhos – báratros
Que me sugam, que me chupam
E me engolem e me vomitam
Tal como gosma flamívoma
De monstruosas crateras-
Goma elástica expelida
De gargantas infernais:
E eu – formigueiro me movo
No verde do cânion – pélago.
São os círculos concêntricos
Dos quais sou centro, sou círculo
E também circunferência-
Um ponto que se desloca
Mas permanece no ponto
Ainda imanifestado
Aquém e além da figura:
Um nada que se projeta
Para as Matéria do TODO –
O ponto-luz-incolor
Arco-irisado de cores,
Materializado em sons...
São as catedrais fantásticas,
Os templos mirabolantes,
Os pagodes mais exóticos
Construídos sobre nuvens.
E dentro dessas Igrejas
Sou sacerdote –zangão
Oficiando o mistério
De missas-negras, magias
Que me e (n) levam e submergem
Nas Ondas do Incenso
Notícia Rápida sobre Paulo Nunes Batista:
Paraibano radicado em Goiás (Anápolis), morou em cerca de vinte cidades do Brasil, inclusive nas maiores capitais (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, além de Goiânia e João Pessoa), exercendo atividades desde cobrador de ônibus, trabalhador braçal até jornalista e professor, sendo aposentado do Fisco de Goiás, onde ingressou por concurso público.
Militou no PCB de 1946 a 1952, época em que foi preso político em São Paulo, como redator que era do diário HOJE, arbitrariamente fechado por um IPM. Nunca foi torturado, mas assistiu à tortura de preso quando de sua outra prisão, em Recife. Como jornalista vem denunciando e protestando contra sevícias a presos, políticos ou comuns. Vem há muitos anos publicando artigos, crônicas, reportagens e poesias na imprensa de Goiás, do Brasil e de Portugal.
PNB é autor de seis livros e mais de 140 folhetos de cordel, editados a partir de 1949. Em 1961 tornou-se espírita e vem colaborando na imprensa doutrinária desde então. Tem vários outros livros prontos para publicar (O Cordel Iluminado, Cantos de Pedra e de Flor etc) e continua produzindo. É formado em Direito.
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