O DIABO E A MULHER
Um rico que ficou pobre
E ao Diabo a alma vendeu,
Recuperou todo o cobre,
Muito mais se enriqueceu,
Porém no dia marcado
Pelo Satã foi cobrado
A entregar o que era seu.
No contrato que escreveu,
Ficou assim combinado:
O príncipe Asmodeu
Também estava obrigado,
Conforme o atual sistema,
Resolver qualquer problema
Que lhe fosse apresentado.
Aflito e desesperado,
O devedor foi falar
Com a esposa do seu lado,
Suplicando-lhe, ajudar,
Com alguma sugestão,
Resolver essa questão
E do Inferno lhe salvar.
Mulher foi sempre sem par,
Quando o caso é de esperteza,
Tanto na sorte ou no azar,
Sem preço é sua beleza;
Disse, então: -Deixa comigo,
Resolvo este caso e digo
Que viverás na riqueza.
O Demônio, com certeza,
Chegou na hora marcada,
Botou as cartas na mesa
E quis a conta acertada;
Nada o marido falou,
Mas a mulher o encarou,
Não se deu por arrogada.
-Proponho-lhe uma charada,
O contrato fala disto,
A cláusula é declarada
E no meu direito insisto;
Dou-lhe, portanto, um pentelho...
O Diabo ficou vermelho
E exclamou: -O que é isto?
Fui derrotado por Cristo,
Que era Homem de Bem,
Mas nunca eu pensei nisto:
Perder pra mulher também!
De teimar eu não desisto,
Tentarei resolver isto,
Nem que eu perca meu harém.
Uma coisa me convém
Dizer a garfo ou colher,
Perco aqui, ganho no além,
Pois não sou nenhum qualquer,
Esperem-me pra depois,
Enfrentarei vocês dois
Para o que der ou vier.
Respondeu-lhe a mulher:
-Volte aqui novamente
Só quando você tiver
A solução prontamente;
Dou-lhe este pêlo enrolado,
Mas o quero esticado
Sem uma curva somente.
No Inferno, o Cão insistente
Tentava o pêlo esticar,
Só que este, quanto mais quente,
Conseguia só enrolar,
Por isso com voz tão doce,
Do casal aproximou-se
E resolveu negociar.
A mulher pôs-se a falar:
- Vamos cumprir nossa lei,
Mas se você endireitar
Este aí que eu passei,
Nem por isso me afronte,
No pub tenho outro monte
Restante que não lhe dei.
Disse o Diabo: - Não sei!
Isso é azar demais,
Onde foi que eu errei?
já não suporto ouvir ais,
Mamãe briga com papai,
O filhinho grita ai, ai,
Vou fugir, não volto mais.
BENEDITO GENEROSO DA COSTA
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