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Contos-->Tudo por Amor -- 24/09/2002 - 05:04 (LINDAMAR C. CARDOSO DE MELLO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TUDO POR AMOR


Valderez, jovem, bonita e muito inteligente, com 20 anos de idade já tinha sua filhinha Walquiria para cuidar. Walquiria nasceu depois de um romance muito conturbado, que causou muitas brigas e mil desavenças com toda a sua família, principalmente com seus pais. O namorado de Valderez não passava de um tremendo mal caráter, pilantra e sem um pingo de juízo e responsabilidade. Ele a abandonou, com um filho na barriga, quando ela estava no sétimo mês de gravidez. Esse mau-caráter sempre brigou com ela para que abortasse, pois não queria saber de filhos, alegando ser muito jovem para ter certos compromissos... Compromisso, ele não tinha nenhum mesmo! Muito menos, um pouco de inteligência... Nunca lhe passou pela cabeça, existir métodos tão simples para evitar uma gravidez na situação deles, como por exemplo, o uso de "camisinha" nas suas relações sexuais.
Valderez lutou muito para manter sua gravidez e ter seu filho. Ela, desde que soubera que estava grávida, já amava aquele pequeno ser e ele já fazia parte da sua vida. Teve um enorme apoio de seus pais, quando seu suposto amante lhe virou as costas e sumiu do mapa. Foi uma aprovação muito grande, cheia de problemas e tristezas. Seus pais sofreram por demais, pois não sabiam o que fazer para tirar sua adorada filha da solidão que se impusera com aquela gravidez. Valderez não queria ver e nem conversar com ninguém, se isolou do mundo, principalmente dos amigos; tinha vergonha e receio que alguém criticasse-lhe por causa da gravidez. Ela vivia trancada em seu quarto chorando e lamentando-se. Culpava seus pais pelo sumiço do jovem namorado... Eles sempre lhe alertaram que o rapaz não era de confiança e que ele não lhe tinha nenhum amor e nem afeição, senão teria assumido o filho e até teria lhe proposto casamento. Enfim, para o leite derramado não havia solução e seus pais tudo esqueceram com o desaparecimento dele. Passaram assim, a lhe dar todo apoio e carinho necessários. Valderez até seus pais evitava; passou a rejeitá-los e sentir que eles tinham a maior culpa por tudo o que estava lhe acontecendo...
Sua gravidez, apesar dos problemas enormes enfrentados, foi tudo bem. Ela ficou com seus pais, na sua pequena cidade, até que a pequena Walquiria nasceu. Quatro meses depois desse nascimento, ela comunicou aos pais que iria mudar de cidade e levar sua pequena filhinha junto com ela. As lágrimas e o sofrimento foram grandes demais... Mas, mesmo assim, tudo fizeram para que nada faltasse à sua filha tão querida e à sua amada netinha. As despedidas foram como pequenas e profundas punhaladas; machucou e feriu muito. Feridas essas que iriam levar muito tempo para serem cicatrizadas e esquecidas.
O seu João, pai da Valderez, acompanhou-a até a cidade escolhida por ela. Lá, com suas pequenas e únicas economias, comprou um pequeno apartamento, para que esse abrigasse seus mais preciosos tesouros, que eram sua filha e sua netinha. Valderez, com seu gênio ruim, pouco agradecimento teve com esse gesto tão puro e lindo dos pais. Eles, também, nada dela cobraram, pois tudo o que fôra feito, fizeram de coração e com muito amor.
Com essa tremenda ajuda, Valderez não teve dificuldade alguma para se adaptar à sua nova vida e à sua nova morada. Pouco tempo depois, ela se matriculou na faculdade, que era bem perto de seu apartamento e ali arrumou inúmeras amigas que cursavam a mesma faculdade. Com uma dessas amigas, ela passou a dividir o seu apartamento e as despesas que tinha durante os meses.
Seu João e dona Matilde sentiram muito a falta da filha e também da netinha, pois já haviam se acostumado com ela. Nunca reclamavam, sempre respeitavam as decisões que ela tomava, procuravam fazer de tudo para que ela voltasse a ser feliz como antes. Sempre que eles podiam, iam visitar a filha e a netinha, e sempre, levavam presentes para a pequena Walquiria, pois não queriam que nada faltasse-lhe. Sempre levavam fraldas, leite, roupinhas, brinquedos e até, alguma coisa que notavam que estava faltando por ali.
Valderez, apesar do seu gênio forte, sempre foi uma aluna exemplar, muito estudiosa e muito inteligente. Logo conseguiu um emprego ótimo, que dava para ela e sua pequena filhinha se manterem com dignidade.
O tempo passou, Walquiria se tornou uma garotinha linda, meiga e também muito mimada, tanto pela mãe, como pelos avós e tios, os amigos de Valderez, que tão carinhosamente assim eram chamados pela menina.
Quando Walquiria estava com dois anos, Valderez conheceu um rapaz e por ele logo se apaixonou. Ele, no seu ponto de vista, era muito educado e cheio de mimos e carinho com ela. Só que, a primeira vez que ele foi ao seu apartamento, e ficou conhecendo a pequena Walquiria, essa não foi com a sua cara, e mostrou não gostar dele nem um pouco. Até o presente que ele lhe deu, ela mostrou não ter nenhum interesse. André ficou muito decepcionado, mas nada falou, queria evitar constrangimentos para a Valderez. Somente procurava evitar de voltar ao apartamento. Sempre que se encontravam era longe dali.
Passaram a namorar e, André sempre marcava encontros fora do apartamento. Não queria, de forma alguma, se encontrar com a pequena Walquiria, pois ela mostrava visivelmente que não gostava dele.
Valderez tinha grandes compromissos, ora estava estudando, ora trabalhando. Assim, era muito pouco o tempo que tinha para se dedicar a sua filhinha. Por isso, sempre que possível, nos fins de semana ou feriados, ela saía para passear com sua "pequerrucha". Ela adorava ir para a pracinha e brincar no parquinho infantil que havia bem pertinho do apartamento. Walquiria e sua mãezinha se divertiam muito nesses passeios. As duas adoravam ficar juntas durante os fins de semana, porque durante a semana, a pequena garotinha ficava aos cuidados de uma senhora que cuidava de todos os afazeres do apartamento e também dela.
Num certo sábado, estava um dia magnífico: Sol, um ar muito gostoso e um "calorzinho" delicioso que convidava todos a saírem de casa. Assim fizeram as duas, foram brincar e passear um pouco na praça. Estavam as duas brincando e muito felizes, quando André por lá apareceu. Walquiria, assim que avistou André, agarrou-se em sua mãe e aos berros começou a chorar e a falar que não queria ele por perto:
- Não, não quero, Andé não! Saí! Mãe é só minha. Saí, não, não quero você. Você é feio. Wal não gosta Andé!
Falava, chorava, agarrava-se em sua mãe com grande desespero. Falava muitas outras coisas que ninguém conseguia entender, porém chorava muito e estava deixando todos preocupados. Valderez não sabia o que fazer para acalmá-la e controlar a situação. Pegou a pequena no colo e procurou consolá-la com carícias e palavras agradáveis. Ela estava desesperada, não queria magoar o namorado que já amava muito, mas também, não podia ferir a filhinha que adorava e que dela dependia para tudo.
- André, me desculpe! Não sei o que anda acontecendo com a Wal... Ela está agressiva e anda brigando com todo mundo...
- Você é a única culpada: Mima demais e faz todas as suas vontades! Não sabe educar sua filha! Deixa que ela mande em sua vida, sem fazer nada!
- André, por favor! Deixe disso! Ela é apenas uma criancinha de dois anos somente!... Ela só tem a mim e como você sabe, eu tenho pouco tempo para ela. Ora estou trabalhando, ora estudando... Quando a vejo à noite, ela já está dormindo e quando saio cedinho para trabalhar, tenho apenas uns segundinhos para ficar com ela. Qualquer criança sente muito a falta da mãe e ela não é diferente. É só os fins de semana que temos para ficar juntas. Por isso, ela só quer ficar comigo. Não posso acreditar que você não entenda isso!
- É muito mimo, por isso está ficando mal educada e agressiva com os outros! Tudo fiz para agradá-la, mas vejo que foi tudo inútil. Agora sei que nada vou conseguir com ela. Talvez foi melhor assim, vejo que também não sinto simpatia por ela!
- André, como é que você pode falar assim, ela não passa de uma criancinha indefesa. Você é adulto e está procedendo como se fosse também uma criança mal educada...
- Sinto muito. Vejo que você já fez sua escolha. Ela sempre estará em primeiro lugar na sua vida. O segundo lugar não serve para mim! Adeus! Vou embora e espero nunca mais lhe ver...
- Você tem razão, assim é bem melhor para nós todos. Você teria que ver minha filhinha não como uma competição, mas sim como uma filha para você. Adeus, André!
Valderez sentou-se num banco e, com sua filhinha no colo, chorou muito. Lamentou-se por estar perdendo mais um amor na sua vida, sentiu-se a mais infeliz das criaturas. Porém, o amor da sua filhinha era o mais puro e sincero que existia. Walquiria não sabia o que fazer para agradar a sua mãe. Parecia estar entendendo tudo e, com suas mãozinhas tão pequeninas, acariciava a mãe e falava com carinho entre soluços:
- Mamãe, Wal ama mamãe!... Wal não deixa mamãe chora!
Não muito longe dali, estava uma senhora que tudo observava em silêncio. Com muito cuidado e respeito foi se aproximando das duas:
- Minha filha, me dá licença para me sentar aqui junto de vocês?
Valderez, que chorava muito, somente fez um gesto com a cabeça dizendo que sim. A senhora se sentou e puxou conversa.
- Que menina mais linda! Como você se chama?
- Wal... e minha mamãe!...
- Ah!... Sua mamãe também é muito linda! Por que vocês duas estão chorando assim?
- Mamãe dodói... Ela brigou, brigou andé.
- O que aconteceu com você, minha filha?
- Nada! Apenas mais um adeus para um namorado... Já estou quase me acostumando com isso. Antes foram os meus pais que não gostavam do meu namorado. Agora é a minha filha. Vejo que o meu gosto não vale nada para ninguém!
- Preste atenção, minha filha, no que vou lhe dizer... Não conheço você e nem seus pais, porém conheço muito a vida. É por isso que posso lhe falar: Se eles não gostavam de seu namorado era porque havia alguma razão muito forte. Tenho certeza de uma coisa muito importante: Eles deveriam estar vendo que você não era feliz com ele!
- É. Eu não era mesmo... Ele era ruim, me fazia sofrer com seu ciúme idiota, estava sempre mandando e exigindo coisas de mim. Eu vivi chorando e me magoando por causa dele.
- Está vendo?!... Uma coisa eu posso garantir, seus pais lhe amam muito e só desejam a sua felicidade. Garanto que nesse momento, estão pensando em vocês, estejam onde estiverem. Agora, minha filha, você tem uma filhinha e tem que pensar muito no bem-estar dela... Hoje, sua filhinha não gosta desse, algum motivo existe. Ninguém não gosta de alguém só porque quer assim! Criança sabe mais do que os adultos. Talvez ele tenha lhe magoado algumas vezes, e ela tenha percebido isso. Talvez ela enxergue o coração dele e lá, ela vê alguma coisa que não é bom... Talvez ele tenha lhe feito alguma coisa ruim e você nem tenha notado...
- Não! Desde o primeiro encontro dos dois, que ela não quis saber dele... Ele até tentou lhe agradar com presentinhos, que ela nem aceitou. Colocou de lado sem dar a menor importância.
- Minha filha, nem sei como lhe dizer isso, mas aceite um pequeno conselho de quem já viveu muito e já sofreu também muito nessa vida. Queria muito que eu tive tido uma mãe e que essa mãe me tivesse aconselhado como vou fazer agora... Desculpa-me e só ouça o que vou lhe dizer, pois é de coração: Se sua filhinha está rejeitando esse moço, afaste-se dele para sempre! Se ele não lhe fez nenhum mal até agora, talvez no futuro ele poderá fazer... Afaste-se definitivamente dele, será para o seu bem e de sua filha. Veja como ela é linda, meiga, carinhosa e saudável. Ela vê mais do que nós! Ela tem o dom de ver a alma das pessoas... Ela tem o dom de enxergar dentro dos corações e de ver a bondade de cada um. Por isso, cuide bem dela, aceite quando ela rejeitar alguém que você mal conhece. Ame sua filha acima de qualquer outra pessoa. Seus pais lhe amam muito e por vocês duas, eles sofrem e lutam para que sejam muito felizes... Essa pequena alma, também é um pedacinho deles e eles só pensam em vocês dia e noite. Faça tudo sempre por amor, não deixe de ouvir seu coração! Divida sua felicidade com quem merece, sua filhinha e seus pais. Logo você encontrará alguém, que também irá saber dividir seu amor com sua filha e seus pais...
- Sinto uma calma tão grande! Parece que tudo está tão claro! Meu coração bate num ritmo que há muito não sentia... A senhora me fez lembrar muito de minha querida e saudosa avó... Ela tinha esse dom de falar e de me acalmar... A senhora se parece demais com ela, tem o mesmo jeito de falar, com carinho e com muita calma. Quando ela conversava comigo, tudo ficava claro. Ela me acalmava e me deixava confiante. Minha alma se tornava leve e em paz...
- Vovó, vovó!... Beijo...
Walquiria abraçou e beijou muito aquela senhora misteriosa, que mais parecia um Anjo enviado por Deus, para aquelas duas pequenas almas sofredoras.
- Minha filha, não se esqueça nunca: "TUDO POR AMOR!..."
Ela se afastou do mesmo modo que chegou. Valderez sentiu uma vontade louca de correr para os braços de seus queridos pais.
- Filhinha, vamos pra casa! Vamos nos arrumar e pegar algumas roupas... Vamos pra casa da vovó! Se a gente andar depressa, vamos almoçar com eles...
Na viagem, as duas estavam muito felizes e cantando, pois estavam indo para uma casa, onde só existia muito carinho e amor. Para os braços de seus queridos pais e avós. Aquela última frase, da senhora misteriosa, nunca mais saiu dos ouvidos da Valderez.
- "TUDO POR AMOR!..."



LINDAMAR C C MELLO
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