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Artigos-->Sobre sofismas, Olavo e Félix. -- 01/02/2002 - 12:03 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Em “resposta” às minhas indagações sobre como a TERNUMA se posicionaria em razão do assassinato de Celso Daniel, Félix Maier afirmou que o prefeito, pobre coitado, foi vítima de um crime brutal e condenável mas em nada diferente dos milhares que ocorrem no Brasil diariamente, ainda que, no caso do prefeito de Santo André, tenha sido por motivos políticos. E que perguntasse ao PT por que o motivo de tanta violência.



Quer dizer, não disse nada. Como nada dizem os que fingem ser patriotas, nacionalistas fervorosos, críticos de tudo e de todos, “de tudo o que esta aí”, sem o préstimo mínimo de, civicamente, apresentar idéias que mudem tudo isso que está aí. Félix Maier critica da barba do Lula ao sapato de FHC e não diz uma vírgula sobre que tipo de Nação, que tipo de sociedade, que rumo o país e seus trabalhadores (sim, porque os empresários, os banqueiros, os latifundiários estão se lixando pros problemas sociais do país) devem tomar.



Gente do tipo de Félix e seu guru, o falso *vir bônus dicendiperitus Olavo de Carvalho parecem viver numa galáxia diferente daquela onde vivem os milhões de trabalhadores brasileiros; vivem num mundo cuja lógica é a da retórica fácil, das palavras agilmente manipuladas e de sentidos intricados, cujo entendimento, por não terem correspondência na vida prática de ninguém, torna-se mais difícil na medida em que são frutos de uma abstração estéril, configurando, em paráfrase ao extinto Sérgio Mota, um espasmo mental pelo exercício de uma filosofia capenga, visto que dela se ausenta o mesmo humanismo -- que dizem ser sua principal motivação ao condenar o comunismo -- quando sua miopia os torna insensíveis ao sacrifício dos que morrem em função da exclusão social e da miséria a que lhes condena o neo-liberalismo.



Em outras palavras, o homem, enquanto ser concreto em cujo estômago faltam alimentos, e por isso é levado esse homem, pelo desespero aos atos extremos do saque e, às vezes, do roubo, não existe para esses “filósofos”. A categoria de homem que eles defendem é de uma ordem inexistente no mundo, posto que ideal - um homem sem vontades, sem meandros psicológicos, sem distúrbios emocionais causados pelas limitações materiais do existir, coisas que ensejam nesse homem um sentimento de revolta e indignação pela forma como sua existência é desprezada, aviltada por aqueles cujo único propósito na vida é auferir lucro em tudo que fazem. Pra esse tipo de homem, seres da estirpe de Olavo de Carvalho e Félix Maier quiçá projetem uma sociedade também ideal, posto que impossível de existir, quando menos se depender dos rumos que o modelo econômico vigente no mundo tomou e, tudo indica, seguirá por décadas a fio.



Exemplo perfeito desse neo-liberalismo predatório está manifesto no pensamento de Rudolf Giulianni, prefeito de Nova York. Na abertura do Fórum Econômico Mundial, nessa cidade, pediu o prefeito que os participantes saíssem às compras, que consumissem muito, enfim, que deixassem todo o dinheiro possível na cidade. Que os outros fiquem na miséria, se isso for necessário para a manutenção de minha pujança! Não é essa a essência do capitalismo? E não é essa a causa de tanta miséria no mundo? A concentração da riqueza num canto do país não significa obrigatoriamente sua desconcentração em outra? E a falta dessa riqueza não tem conseqüências? E quais são?



É claro que Félix Maier não tem culpa de ser assim. Sua percepção da realidade foi muito prejudicada por sua relação imediata com os fatos. Ele deve ter servido às Forças Armadas, quando então combateu os “criminosos” comunistas. Não tendo argumentos lógicos que justificassem sua postura mecânica/maniqueísta diante do mundo, encontrou um perfeito auxílio nas teses sofistas de Olavo de Carvalho. Os pressupostos desse filósofo são tão irrefutáveis, dentro de sua lógica interna, que àqueles a quem falta um tanto de inteligência parecem se constituir em verdade absoluta, que não admite contestação ou o mínimo de variação em seu entendimento. Dogmas são construídos nesse ambiente de raridade de compreensão do mundo e de sua realidade. Os falsos mestres surgem, aproveitam-se desse ambiente e conseguem cativar discípulos indefesos. À uma, esses “mestres” sofistas conseguem jogar no lixo toda a elaboração de uma vida de homens como Hegel, Marx, Freud. Haja empáfia!



Não seguirei nesse tema por falta de paciência. Se julgar conveniente, outras considerações farei. A única certeza que tenho é que, caso vivessem no período do surgimento da burguesia, esses mesmos senhores que hoje se curvam diante do capitalismo (não creio em uma filosofia imparcial) condenariam aqueles que deflagraram a Revolução Francesa, cortariam o pescoço dos líderes revolucionários, tendo a convicção de que a realidade não pode ser mudada à força, ao custo do sacrifício de vidas humanas. Ingenuamente diriam que a História é feita pelos homens, desde que eles saibam que todos os eventos devem ocorrer dentro de padrões específicos de comportamento, um manual escrito não sei por quem, a ser observado por todos os homens em todos os tempos, sendo que o principal item desse manual é: a vida humana é tão sagrada que qualquer ato que atente contra ela, deve ser anatemizado. Engraçado é que somente os comunistas são anátemas; ao passo que os banqueiros, os industriais... Desisto!



P.S. *Vir bônus dicendiperitus = homem honesto que fala bem. O contrário dessa condição se materializa na figura dos sofistas gregos, que para Sócrates tinham excelente retórica contudo mentiam na essência aos seus discípulos. Olavo é um desses.

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