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Artigos-->A ciência, a exclusão social e o cristianismo -- 24/01/2002 - 11:48 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A modernidade chega ao século XXI com um dilema: como desvencilhar a evolução do conhecimento, nas mais diversas áreas, da exclusão social que dela decorre?



Desde os primórdios, quando a História promoveu a descoberta do fogo e da roda como os primeiros grandes feitos do homem, passando pela escrita e a impressão, até as mais recentes descobertas no campo da biogenética, a grande marca de todo esse processo tem sido a elitização do acesso aos seus produtos.



Por mais que tentem, os que defendem a evolução do saber como o principal meio para a redenção da raça humana não conseguem ocultar nem justificar a face excludente da Ciência. Podem até argumentar que a existência de pobres no mundo -- que não podem consumir os produtos dos avanços científicos -- não é conseqüência inerente à evolução da ciência, senão apenas uma realidade que foge à sua competência, estando sob a responsabilidade dos governantes e das políticas em geral.



Tal argumentação é hipócrita na medida em que despreza a absurda distância entre ricos e pobres no tocante ao acesso aos benefícios que a evolução da ciência propicia como um resultado natural - quantos pobres podem comprar, digamos, um aparelho de telefone celular?



Na verdade, as elites econômicas, à medida que incentivam esse avanço, que requer fábulas de recursos em pesquisas e experimentos, não prevêem outro uso dos resultados desses investimentos senão o que é possível apenas pelo pagamento a preços altíssimos, o que lhes propicia um estilo de vida do qual se ausenta total e absolutamente qualquer privação ou limite. Quanto a isso, deve ser motivo de grandes lamentos, às elites, que a ciência não tenha encontrado ainda um modo de evitar a morte.



É bom ressaltar que a constatação do aspecto excludente da Ciência se aplica bem mais à tecnologia naqueles aspectos ligados ao bem-estar material do homem, e de forma menos evidente, porém igualmente excludente, à evolução do pensamento humano nas artes em geral que visam o bem-estar mental do indivíduo.



Alguns podem objetar, afirmando que todos os recursos da tecnologia e aqueles oriundos das artes estão disponíveis a qualquer criatura. Sim, mas qualquer criatura pode comprar uma Ferrari? Qualquer criatura pode comprar um Rolex? No caso dos avanços tecnológicos na área da medicina, qualquer criatura pode se submeter a uma cirurgia que demande recursos altíssimos? Mesmo os que recorrem ao Serviço Público, quando atendidos, são minoria em relação aos demais que não conseguem e morrem à espera de leitos ou de equipamentos funcionando.



No caso específico da biogenética, quantos terão acesso aos órgãos que as Empresas um dia conseguirão “clonar” a partir de células sadias de um indivíduo? Que casais poderão escolher os genótipos e fenótipos dos filhos? A raça humana será dividida em duas: a superior, formada por aqueles cujos caracteres físicos e psíquicos (se é que a ciência evoluirá tanto) serão “selecionados” em laboratórios de manipulação genética, e a inferior, daqueles impossibilitados do acesso às maravilhas da ciência, por isso mesmo condenados à única condição que essa restrição lhes imporá: a exploração por sua colocação em papeis de atividades as quais nenhum rico admite desempenhar.



Os primeiros humanos “nascidos” sob essa nova ordem, ou seja, os mais bonitos, aptos e inteligentes, finalmente materializarão o sonho de Hitler, com a diferença de que o critério não se restringirá à superioridade de uma raça no sentido puramente étnico, mas àquela cuja distinção principal será (e já não é?) o poder econômico.



Em relação às artes é óbvia a conclusão de qualquer avaliação das condições de um pobre consumir as produções artísticas. Se lhe faltam os insumos básicos para a sobrevivência material digna, como um indivíduo poderá ter despertado o desejo de consumir as artes? Aliás, antes do desejo, falta-lhe sobretudo dinheiro. Entre o preço de um pão e um ingresso para uma ópera há uma distância enorme. Com aquele ingresso, a maioria dos indivíduos compraria alimentos para vários dias. É óbvio, portanto, que a um homem cuja restrição material impõe viver com fome de pão jamais ocorrerá a possibilidade de entrar em um teatro para satisfazer as necessidades da mente...a menos que seja para pedir esmolas!



Sendo verdade, como prega o socialismo, que a História é um eterno conflitos entre as classes, a ciência tem sido nesses milênios a principal arma das elites para a manutenção de sua hegemonia. Em qualquer período da História a posse do conhecimento e de seus frutos (cultura, tecnologia, riqueza) tem sido o critério de distinção entre os homens. Os ricos, aqueles que podem investir na evolução do conhecimento (os filósofos e cientistas em geral são pobres?) e, depois que essa evolução produz os resultados, adquiri-los; e os pobres, relegados ao plano de observadores desse consumo, posição que aspiram, mas à qual jamais chegarão exatamente porque lhes falta o poder gerador dessa condição, o econômico.

Por outro lado, ao admitirmos que a ciência tem sido o braço direito dos ricos na manutenção e consumo de privilégios, restando aos pobres a migalha que cai de suas mesas, não podemos desprezar a advertência bíblica, feita por Jesus, de que os pobres sempre existiriam, e que, por evoluir a ciência, o amor de muitos homens esfriaria.



Então, ao admitir que o mundo sempre será dividido entre ricos e pobres, e que o amor de muitos homens seria eliminado pelo aumento do saber, a Bíblia quer afirmar que a causa dos males de que sofre a humanidade, ou melhor, os pobres do mundo, tem a ver muito menos com o aumento do conhecimento e muito mais com a utilização egoísta que se faz dele.



A luta entre classes que marca a História não pode ser entendida de outra maneira senão como a extensão para o plano coletivo dos conflitos entre um e outro indivíduo.



Em relação a esse conflito entre um homem e o seu próximo chegamos, na modernidade, ao ápice de uma condição que tem início em Caim e Abel. Os que crêem na Bíblia como revelação de Deus aos homens sabem que entre os dois irmãos surgiu um conflito por causa do modo como cada qual se relacionava com o seu Criador, e de como Deus, por aprovar a conduta de Abel, condenou a de Caim. Este, irado pela reprovação divina, matou seu irmão, inaugurando uma era em que, por causa de interesses pessoais contrariados, um indivíduo torna o semelhante em um inimigo seu, objeto de sua ira e desprezo a ponto de, sendo preciso, matá-lo.



A ciência, a serviço do egoísmo humano, não trará a redenção da Humanidade. E enquanto for manipulada por quem não intenta o bem alheio senão apenas o seu próprio, será uma eficaz arma para a manutenção dos conflitos entre as classes no sentido amplo, e entre os homens, em particular.



Que Deus tenha misericórdia dos homens no mundo, e, dando-lhes condições de conhecer Sua vontade revelada nas Escrituras, leve-os a compreender que nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai de Sua boca. Se pelos motivos citados alguém esteja privado de bens materiais, que saiba não consistir a vida humana na abundância ou na falta deles e sim em conhecer a Deus e glorificá-Lo pela salvação que Ele concede por meio de Jesus Cristo.

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