MORREU CHICO XAVIER - UM ANJO PARTIU
J.B.Xavier
01-07-2002
Na paz do silêncio reconfortante da morada do Pai, repassas tua vida, certamente pensando que não fizeste o suficiente pela humanidade. Julgas que poderia ter feito mais, ensinado mais, e talvez, em tua grande humildade, aprendido mais...
Na ante-sala do Trono da Glória , aguardas tua entrevista com o Criador. O que dirás a Ele? Que somos por demais levianos? Que não soubemos reconhecer em ti, um dos seus anjos? Que sofremos todas a agruras apenas porque não sabemos perdoar? Ou dirás que é porque nunca aprendemos a amar?
Pensarás, por certo, que tua é a culpa pela devastação que causamos em nossas próprias almas, em nossos próprios corações...Sentirás a dor de ver mudadas em mentiras as verdades que disseste, de ver esfacelado teu objetivo de paz perene sobre a Terra.
Triste por ver a humanidade mergulhada em guerras intermináveis, por ver líderes de cabelos brancos que nada aprenderam de essencial sobre a vida ao longo de sua jornada por este plano, talvez, como tantas vezes já fizeste, derrames lágrimas por nós, pobres e fracos mortais que vivemos a repetir tuas palavras sem lhes compreender o sentido.
Certamente orarás fervorosamente nesses momentos que te restam antes de prestares conta de tua longa viagem pela vida. E pedirás clemência pela ingratidão dos homens. Inocentar-nos-ás de todos os nossos defeitos, e certamente, não revelarás que somos aleijões morais, a repetir frases prontas, sem vivenciar o verdadeiro amor ao próximo, que tão incansavelmente nos disseste ser o único caminho para a felicidade.
Tua natureza angelical, tua essência diáfana e pura, certamente pedirá ao Pai outras chances para a humanidade, e teu olhar de incomensurável inocência certamente pedirá perdão por nós, insensatos e irresponsáveis transeuntes desta monumental avenida chamada Vida!
E no silêncio reconfortante dessa ante-sala, nem perceberás que o Pai, onisciente, escolheu para te levar de volta, um dia de festa. E foi nesse dia de felicidade suprema, de sorrisos em todos os rostos, que Ele te levou ao Seu reino.
E que outro dia Ele poderia escolher para a Grande Viagem de Seu anjo entre os homens, senão um dia que representasse tudo o que desejaste para teus semelhantes: a alegria e a felicidade extrema, ainda que fugaz!?
E foi nesse dia, em que nos vestimos todos de verde e amarelo, em que sorrimos ao irmão, rico ou pobre, em que experimentamos a maravilhosa sensação de pertencermos todos à família dos humanos, em que comungamos do mesmo gosto pela alegria, que ascendeste ao abraço do Supremo Arquiteto.
Então, quando Ele te chamar, levanta-te e caminha para a glória que te espera, e ainda que tua tristeza por não ter conseguido apaziguar o mundo se cristalize em lágrimas tristonhas, lembra-te que tuas palavras calaram fundo em muitos corações, e se, e quando, tuas novas missões te forem por demais pesadas, e precisares de um bordão, recolha as rosas que adornam o caminho de tua jornada celestial. Elas são tudo o que podemos te oferecer: nossa tardia, mas fervorosa oração!
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