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Poesias-->VAI... A FUGA DESMESURADA -- 10/11/2002 - 11:12 (COELHO DE MORAES) |
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VAI... A FUGA DESMESURADA
- Coelho de Moraes –
idas e vindas
a cabeça enamorada não para de correr
a cabeça enamorada não cessa de intrigas
a cabeça amante intriga contra si mesma
são lufadas de um falar sem fim
circunstancias ínfimas e aleatórias
um que eu...
discorrer
palavras coreográficas
entendidas durante a ginástica
gesto do corpo captado na ação
o que se puder parar do corpo em tensão
o movimento da luz cristalizado
enamorado que corre
percorre e discorre
em um bailado meio louco
na procura de si mesmo
para
em achando
fugir de si mesmo
e de sua sombra
o sentimento amoroso cerrando discursos
o sentimento amoroso fazendo calar
o sentimento amoroso em alusão
a vertigem
o texto pode se perder
em raridade e pobreza das essências
pode se perder em cartas de amor
o tecido amoroso que constrói um livro
não deve nem se repetir
nem se contradizer
nem no todo e nem na parte
- o código do amor cortês –
o amor
discurso de distancia ao modo de Brecht
frases matrizes de figuras
emblemas como cartazes
a paixão escorrendo pelos corredores
a paixão exalando árias de ciúmes
por que não(?)
a paixão fútil como uma pedra
por que não(?)
nunca que uma palavra amor é louca
pois louca é a sintaxe que a acomete
ou a recebe
A língua lhe impõe um lugar falso
dentro de uma boca molhada e veludoza
Assim nasce a emoção
de uma sintaxe mal terminada
espumando a saliva salgada
inconclusa, se querem saber,
mal-formulada
uma saliva tardia que escorre pelos cantos dos lábios
pendurada na ponta de lábios tardios e tristes
a mais doce palavra carrega o medo de um suspense
a tempestade
o mastigar de línguas
Netuno em sua forma noturna
é assim que - corajoso -
enfio a mão para dentro de sua blusa
Netuno em sua forma profunda
tendo os mamilos como pérolas
e as auréolas
como lisas conchas entreabertas
Netuno em sua forma carnal
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