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Poesias-->VULNERÁVEL -- 10/11/2002 - 11:03 (COELHO DE MORAES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
VULNERÁVEL

-Coelho de Moraes-



...à mercê de leves feridas...

Substancia irritável

e a pele para carícias

O que mais se dizer ao se falar do amor?



Depende do prego e depende da madeira

Depende do lugar onde o prego se enfia

Depende do perfil da madeira

Todos temos os pontos fracos

mas eu conheço o mapa dos meus pontos

Quisera saber dos seus

Quisera saber das suas condutas enigmáticas

Quisera saber da sua moral

Por que você sempre prefere o meu sêmen?



Não sendo hábil marceneiro

resta ainda saber do fio da madeira

do modo mais terrível:

bater o prego e ver onde entra

com maior facilidade

Quantas vezes eu farei isso?

O outro modo tanto é brincar

mas brincar me faz mal

Suporto mal

Quem se apaixona não tem boa consciência

Quem se apaixona não tem boa moral

Quem se apaixona dorme acordado



O que o mundo expõe me parece sinistro

Não estou aqui para brincar

do mesmo modo que a criança que olha pra lua

Lunáticos, como nós, não brincamos

Não se mexe comigo sem riscos

Estou como a fibra de certas madeiras:

amoleço ao menor toque

sonho pouco

não pratico trocadilhos

escrevo esparso e fraco

como se desenhasse a imagem no lago

e o texto perde seu valor no tempo

bem como minha risada



Nada de romance

Estou fora de moda

Não agüento quando a sua boca

deita saliva generosa

e a minha cara de pau diz que adora isso tudo.







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