Eu poderia trabalhar com organizações que ajudam crianças de rua, mas para cada criança que tiramos da rua, o sistema joga outras duas na mesma situação através do desemprego dos pais.
Ou mudamos o sistema ou estaremos trabalhando em vão.
Como acho que é muito difícil mudar o que aí está, se eu fosse participar de algum movimento ou trabalhar como voluntário seria apenas para anestesiar a minha consciência.
Prefiro continuar com a minha consciência pesada a me iludir pensando que estou fazendo alguma coisa que conta, enquanto o sistema debocha dos meus esforços.
Talvez diga isso para desculpar-me por não estar fazendo nada mas, conscientemente, acredito que meu trabalho não faria diferença, apenas me deixaria mais frustrado por não estar conseguindo modificar a realidade.
Admiro e dou o maior apoio a quem acredita que faz diferença, não é o meu caso, porém.
A minha geração não conseguiu construir o mundo que sonhava para nós e para os nossos filhos. A solução agora, a meu ver, só se dará a longo prazo.
Não acredito mais em revoluções, sofremos muito com elas.
A mudança, custe o que custar, vai ter que ser feita através do voto. Aos poucos temos que ir depurando o quadro político.
Por isso a minha única forma de participação atualmente é votar de dois em dois anos, procurando escolher, da melhor maneira possível, políticos honestos e preocupados em atender à s necessidades da maioria da população.
O que eu gostaria de estar fazendo agora era escrevendo a minha história e as minhas idéias, mas até isso, tenho medo de escrever porque elas poderiam magoar ou influenciar negativamente quem as lesse.
Tenho responsabilidades para com as pessoas que amo.
E mais não me perguntem porque mais não responderei.