ESCÂNDALO
Padre João ModestiQuantas vezes lemos nos meios de comunicação que pobres crianças foram presas quando cometiam algo contra as leis. Interrogando-as fica-se sabendo que assim procederam levados a isso ou por adultos malditos, a troco de uns trocados, ou seguiram o exemplo de pais, que nunca mereceriam esse nome, ou levados pela miséria ou pela má companhia de colegas. Ora ensinar a alguém como se faz o mal isso é o que chamamos de escândalo. Que triste missão esses professores executaram. Tiraram um inocente do caminho do bem para atirá-lo na lama do vício.
Quantos não vão para a prisão por uma falta que chamaríamos leve. Mas lá, no contato com bandidos, vão aprendendo como se tornarem não mais criminosos “peixinhos”, mas sim mestres novos na maldade. E assim em várias circunstâncias o escândalo vai dominando e transformando a sociedade numa jaula de feras.
Um dia Cristo toma uma criança nos braços e diz: “Ai daquele que der escândalo a um desses pequeninos. Melhor lhe fora que lhe atassem uma pedra enorme ao pescoço e o atirassem no fundo do mar”. Quantas pedras dessas deveriam ser usadas contra certos espetáculos, certas revistas, certas conversas. Mas infelizmente “é proibido proibir”. Há instituições que procuram por um remédio a esses fatos para evitar a triste transformação da sociedade. Mas quase ninguém ajuda, muitos acham que não adianta quando não ironizam essas heróicas pessoas.
O mal atrai mais do que o bem. É nossa tendência. Já dizia o poeta latino: “Vídeo meliora, proboque, deteriora sequor (vejo o que é bom, mas prefiro fazer o mal)”.
O escândalo que mais machuca uma alma bem formada é aquele que se dá aos menores. Incapazes, muitas vezes de distinguirem o mal do bem ou de pensarem nas tristes conseqüências, facilmente são presas desses abutres nojentos dos escandalosos. Basta ver na mídia o que se passa no campo das drogas. Crianças que tornam viciadas por culpa de adultos, crianças que aprendem deles como roubar e outras coisas que se tem vergonha de falar. Que contas deveriam dar à sociedade, se essa fosse bem constituída. Porém, para quem tem fé, não escaparão do tribunal de Deus, onde o escândalo não tem defensores, mas somente acusadores.
O caso mais triste do escândalo é quando ele vem da própria família. Faz pouco tempo, um garoto é preso por roubo. Levado para a casa a mãe diz que acha isso muito triste, mas, com um sorriso estúpido diz: “Mas ele fazendo isso me permitiu comprar casucha onde moro e não me deixa faltar nada”. Um escândalo que chamaria de indireto, mas que produz os mesmos efeitos para o futuro. Pobre menino. Desgraçada mãe.
Padre João Modesti (1919-2005), Sacerdote Salesiano, professor de Física, Química e Matemática; Psicólogo doutorado pela Universidade Salesiana de Roma; autor com variada produção literária para cursos secundários e superior, de índole filosófica-religiosa.
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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”LUIZ ROBERTO TURATTI.