COVARDIA E EGOÍSMO

Padre João Modesti



Não faz muito tempo os meios de comunicação davam uma notícia que comoveu todas as pessoas de bom senso. Em São Paulo, há um baile num dos bairros. Mocidade alegre, festejando a noite de sábado. De repente entra um homem com face lombrosiana e sem mais, nem menos, agarra uma pobre mocinha de 17 anos e a arrasta para fora. A pobre garota grita por socorro, auxílio, pois desconhece o seqüestrador, é levada nos braços do tarado até um lugar deserto, não longe do lugar da diversão e aí ele estupra a pobre vítima, e depois a mata.



Um homicídio a mais em São Paulo não comove mais ninguém. Mas neste o que chama a atenção é a COVARDIA E O EGOÍSMO dos que estavam no salão de baile, que presenciaram o seqüestro. Ninguém, ninguém mesmo moveu um dedo para acudir a pobre vítima. Havia muitas pessoas, homens e mulheres. Esqueceram da fraternidade humana.



Tanta gente e um só desgraçado bandido. Não queriam ser incomodados mais tarde com a burocracia policial.



Uma vida humana de uma jovem adolescente valia menos que a covardia e o egoísmo. Para alguns o lema é: “Não sendo comigo, eu não me meto”.



Lembro de 1932. Em São Paulo havia homens que mereciam esse nome, quando enfrentaram por três meses a ditadura, deixando de lado qualquer natural egoísmo, sacrificando o próprio comodismo, o bem estar, para enfrentar o que julgavam errado. Mas os tempos mudaram.



O edonísmo, o egoísmo, a covardia, o não-me-importismo ocuparam o lugar da fibra dos velhos paulistas do passado. Vendo essas atitudes, tem-se vontade de vomitar sobre certas categorias de pessoas e perguntar se quando Deus os fez, esqueceu de lhes dar racionalidade, sendo somente animais e nada mais.



Pensei com meus botões: Será que alguém do grupo dos DIREITOS HUMANOS visitou a família da pobre vítima? Se fosse o contrário e alguém com coragem tivesse liquidado essa besta humana do bandido, o grupo dos DIREITOS, a IMPRENSA, MEMBROS DAS IGREJAS levantariam gritos de protestos. Vivemos num mundo-cão. Aos honestos, esquecimento. Aos canalhas, toda proteção.





Padre João Modesti (1919-2005), Sacerdote Salesiano, professor de Física, Química e Matemática; Psicólogo doutorado pela Universidade Salesiana de Roma; autor com variada produção literária para cursos secundários e superior, de índole filosófica-religiosa.





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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”



LUIZ ROBERTO TURATTI.