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cronicas-->O homem que inflou - A namorada -- 25/06/2002 - 10:38 (Marco Antonio Athayde de Britto Cunha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Lembro-me de ter-lhes contado a história do Tenório. Aquele que havia inflado. Tinha-lhes dito que o mesmo não era de aparecer. Faltava-lhe notoriedade. Foi o que lhes tinha dito.
Mas não seria mais assim. Não mais depois de ter saído na TV. Horário nobre. E mais ainda por causa daquela ceroula de bolinhas vermelhas....em fundo branco, imaginem.
Imaginem vocês que ceroula de bolinhas vermelhas viraram moda no Brasil. Que país é esse hem meu!!!
Bem, deixemos para lá. Pior mesmo foi na época dos caras pintadas. Anarquia total. Tinha lugar que já não respeitavam mais nem a luz do dia. Era a qualquer hora... Pior nos morros. Todo mundo pintado. E o que era pior: de verde-amarelo. Deixa pra lá. Estou divagando, perdi o fio da meada....
Lembrei-me. Falava do Tenório.
Ninguém, nem mesmo a Ingrácia sabia dizer o real motivo de toda aquela mudança. Existia muita especulação. Muito disse me disse. Mas nada de concreto. Passávamos horas conjecturando. Os serões que fazíamos no Manolo, após nosso expediente tornaram-se mais prolongados. Nossas mulheres - as dos outros, pois eu já tinha sido despejado - perdiam a paciência. A do Mário então... veio buscá-lo no Bar, chegou cuspindo fogo, procurando pela quela outra......"tinham-lhe dito, não adiantava negar". Procurou-se por toda parte. Ninguém sabia onde fora parar. Não a outra do Mário (a Ritinha, que saíra mais cedo), mas o Tenório que era de quem falávamos. Falávamos dele todos os dias. Isso enquanto bebíamos. E bebíamos cada vez mais.
Em se tratando de caso.... contei não né ? Vou contar. Descobriu-se (só não falo a fonte)..., existir um caso entre a Ingrácia e o Manolo. Não um caso à toa, igual a todos os outros que vemos por aí. Até porquê nem ele, nem ela deviam satisfação a qualquer um de nós.
Como estava dizendo, era não um caso qualquer. Um triangulo amoroso ? Mais que isso, um quadrangulo amoroso. Ingrácia, o Manolo, a sua (dele, de Manolo) Carmem e o Morais.
Já explico: Ingrácia, morena faceira, de sorriso largo, dentes de uma alvura só, dona de um pousadeiro (bunda mesmo) generoso, nascida e criada na Rocinha, cativou o coração de Manolo, um touro forte - sem querer fazer uso de trocadilhos - imigrante de Alicante - a "fortaleza branca", como lhe chamavam Cartagineses, Gregos e Romanos. Cidade plantada à beira-mar e uma pérola perdida no Mediterràneo.
Este por sua vez, viera de trouxa comum com Carmem, mulher espalhafatosa, sangue quente, língua afiada, alguns tantos anos mais velha que o "galego" e mãe do único tesouro da vida do dito, sua filha mais que amada, e única a fazê-lo babar como cachorro doido. Ela, a filha, e a Ingrácia.
A cabrita, a quem já descrevemos, mantinha pelo seu lado um colóquio nunca bem esclarecido com o Morais, homem dos seus quarenta e poucos anos, de conversa fácil e habilidosa, mascate de profissão e santamarense de nascença. Morais, que não se sabe como, enamorou-se por Carmem que, segundo todas as más línguas frequentadoras do Bar, incluindo-se aí a minha, só não afugentava de si o marido, e não se sabe como, com a mania execrável de mastigar alhos e alhos durante todo o dia todos os dias de sua vida. Toda ela fedia a alho. Seus olhos tinham cheiro de alho......
Foi o Zelito que acabou com o mistério (e aumentou nossa ingestão de uísque naquele dia) . Chegou gingando, requebrando os quadris. Sentou em banco alto, pediu que pagássemos sua (s) cerveja do final de semana e ficou rindo de nossa cara.
Logo quem nos traz a notícia: o Zelito, o boy da M&M Publicidades. O garoto esperto, o comedor das mais altas funcionárias da rua do Comércio. Todas elas com mais de trinta anos de casa e nenhuma com menos de cinquenta nas costas.
- Imaginem os senhores...... (e aqui ele faz uma longa pausa enquanto bebe um grande gole de Pilsen) quem é que poderia ter in-fla-do o Inflável ?
Perguntou e calou. Balbúrdia total. Arrastar de mesas, cair de cadeiras e ele lá, esperando. Circundou a vista por todo o salão, olhou-nos nos olhos e bateu no tampo da mesa. Não me contive. Puxei 10. O Marco coitado, um dos seus patrões, no reflexo, meteu a mão no bolso. Deu mais dez. Fez cinquentinha rápido, rápido. Manolo tirou o casco, botou mais uma.
Todos nós com a pergunta na mão e ele anuncia. Antes diz: - Tenho o nome e, pra quem não conhece, a história. Foi a Graça. A Graça da banca do jogo de bicho.
Ninguém respira, a ficha não caiu e ele continua: - A negona cabo verde. A única que nunca se abriu aqui - e faz um gesto largo por todo o salão - pra senhor ninguém.Só pra ele, pro Tenório. Ele foi lá uma vez. Foi uma e depois vocês já sabem..... várias vezes.......e sempre após o expediente. Só que isto é outra história......
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