" Os dicionários definem a palavra UTOPIA: plano ou sonho irrealizável, ou de realização num futuro imprevisível. A partir do escritor inglês Tomás Morus, que escreveu todo um livro intitulado, precisamente, UTOPIA, a palavra passou a designar um tipo de sociedade ideal, que nunca se realizou no passado nem se poderá realizar no futuro.
Por que nunca se realizou? Por que tem sido impossível um Estado perfeito, ou quase perfeito?
Pelo simples fato de que a sociedade nada mais é que a soma de indivíduos que a compõem. Todo e qualquer plano elaborado para o geral, para o todo, tende a malograr-se. Enquanto existirem indivíduos imperfeitos a sociedade será imperfeita, o mundo será imperfeito.
Diz conhecido educador que nada vale tecer no ar planos de um Estado perfeito, se as condições socias estão presas a forças educativas do indivíduo. Para que, então, sonhar com transformções, antes de conhecer essas forças? " A educação é o alicerce da História. A uma modificção do alicerce há de seguir-se uma alteração e, todo edifício que ele suporta. "
Disso se conclui que a sociedade ideal depende do indivíduo. Quando este se transforma, transforma-se a sociedade. E como se transforma o indivíduo? Pela educação, é claro; e pela auto-educação quando, já crescido, ele se apercebe de que é fruto de uma educação defeituosa.
Duas condições gerais concorrem para nossa formação mental: a hereditariedade e o meio ambiente, donde o conceito psicológico segundo o qual " tanto a natureza quanto a educação são dados importantes na determinação do nível de inteligência, de estrutura física e do aparelhamento motor e sensorial.
De fato, são fatores essencialmente hereditários que determinam, por exemplo, a imbecibilidade. O indivíduo pode herdar dos pais a sua estrutura física, o modo de andar, tiques nervosos, etc... São coisas que ele talvez não possa mudar. O meio ambiente, contudo, tem mais influência na formação dos hábitos específicos, dos traços da personalidade, das crenças e dos valores que, no seu conjunto, determinam a conduta. " A análise psicológica, em inúmeros casos individuais, revela que as diretivas da conduta do indivíduo não são mais do que hábitos mentais adquiridos na primeira infància, escreve A.Riedel. Que é a personalidade psíquica se não a síntese dos hábitos mentais? " E mais adiante: " Dessa forma, vemos que a nossa formação mental é toda feita durante a nossa infància. Durante a infància gravamos todos os fatos que irão mais tarde influenciar nossa vida. "
Ora, é justamente porque foram ADQUIRIDOS que os hábitos podem (e geralmentem devem) se mudados, e esta mudança se leva a efeito pela educação adequada, e sobretudo pela auto-educação, pela auto-transformação moral.
O Homem é mais, é sempre mais do que aparenta! Sob a carapaça da sua formação moral defeituosa dormitam os germes da perfeição, das mais elevada perfeição!
Reconhece-se o homem de valor pela sua contínua transformação moral e pelos esforços que faz no sentido de anular suas inclinações negativas. Um grande apóstolo do Cristianismo escreveu: " É preciso haja uma renovação em vossa mente, para que possais conhecer qual a boa e agradável vontade de Deus ao vosso respeito. "
Nossa formação mental tem sido completamente negativa. A prova disso é que em geral sofremos. Por um instante de alegria, quanta lágrima! quanto dissabor! Não sabemos bem por quê, mas quase sempre nossas ações levam ao sofrimento, ao malogro, ao fracasso. sonhos, temo-los a mancheias, mas não consiguimos realizá-los. Tudo parece estar contra nós; as horas, os dias, os meses e os anos passam, sentimo-nos envelhecer e a luz não surge, o exito não vem ao nosso encontro.
Contudo não se trata de averiguar culpas ou responsabilidades. Basta-nos constatar o fato de que a nossa formação mental foi completamente negativa e empenharmos-nos na mais completa renovação de nós mesmos! " Para avançar pelo novo caminho, escreve Alberto Montalvão, necessita (o homem) libertar-se dos erros do passado e das instituições que trazem a marca indelével desses erros, visto estar enfraquecido e deformado pelos hábitos contraídos desde a sua infància. É certo que não possuímos bastante energia para quebrar de uma vez os moldes no qual nos enquadramos. Mas, de certo modo, somos senhores de muitas das nossas ações. Assim pode, cada um de nós, por um esforço voluntário(quer dizer: de vontade), modificar nossos hábitos de pensamento e de vida. Aprender a ser forte, lutador, corajoso, confiante, otimista, não é menos essencial do que comer e dormir, estudar numa escola e trabalhar. "
Importa, pois, antes de mais nada, que nos preocupemos com a nossa renovação mental. O que somos, o que herdamos, o que fizeram de nós, nada tem validade. A tradição, os conceitos e preconceitos, as opiniões, enfim os valores que alicerçam o nosso EU tem de mudar, tem de ser erradicado para que sejamos uma nova criatura. Para transformar-mos tudo para melhor. " |
