[No original: "Ein hartes Stück Europa". O substantivo alemão "Stück" também quer dizer moeda, no sentido físico do termo.]
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por Helmut Schmidt (DIE ZEIT online, 01/2002)
Trad.: zé pedro antunes (OXOUzine: www.tribunaimpressa.com.br)
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Por um tempo demasiado longo, insuflados pela superficialidade de alguns políticos, professores e jornalistas, muitos contemporâneos alemães estiveram contra o EURO. Nos dias que correm, esse estado de ânimo vai se transformando. As pessoas até fazem fila para terem em mãos os kits iniciais, mesmo podendo pagar ainda por dois meses com o D-MARK. Pensam, no entanto, que em Primeiro de Janeiro, uma nova era se inicia. Eis um equívoco, pois, já desde o início de 1999, o D-MARK só existiu mesmo na aparência.
Com efeito, já há três anos o BUNDESBANK, o BANQUE DE FRANCE ou a BANCA D’ITALIA deixaram de operar com quantidades em dinheiro e com os juros do BANCO CENTRAL ALEMÃO, assumindo tais tarefas, isto sim, o BANCO CENTRAL EUROPEU, com sede em Frankfurt am Main, em relação aos doze países europeus participantes do EURO, sem exceção, e administrando conjuntamente suas economias populares.
Sob este regime, a capacidade de compra do EURO, apenas aparentemente ainda funcionando como D-MARK, foi, todavia, mais estável do que, antes dele, o antigo dinheiro alemão: Nos três anos do EURO até aqui transcorridos, as taxas de inflação em nosso país, em média, estiveram mais baixas do que nos últimos seis meses anteriores, quando estava em vigência do D-MARK.
Paralelamente a isso: as taxas de câmbio do EURO em relação ao dólar foram mais estáveis do que antes, com as taxas de juros do D-MARK. Temos, portanto, boas razões para ter confiança no futuro da nova moeda européia.
Há muito tempo, alguns americanos inteligentes sabiam que o EURO terá um grande futuro – por isso, sabe-se, foram contrários à nova moeda. Pois o EURO, em poucos anos, será, ao lado do DÓLAR a outra moeda de circulação mundial – e também a outra moeda de reserva em âmbito internacional.
A se valerem de suas chances futuras, a UE e as instituições financeiras aqui sediadas poderão enfrentar então a dominância avassaladora das instituições financeiras americanas.
O mercado comum de 300 milhões de cidadãos haverá de crescer para se tornar uma grande economia popular. Por isso mesmo, já é mais do que tempo de chefes de Estado e de Governo, finalmente, prepararem as instituições e procedimentos da UE para esse futuro – e isso, antes que se concretize a planejada ampliação do organismo, algo leviana e demasiado avantajada.
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Notas do tradutor:
Helmut Schmidt foi chanceler alemão por oito anos, na sucessão de Willy Brandt, sendo ambos do SDP (Partido Socialista Alemão). Nos anos que se seguiram a seus mandatos, Helmut Schmidt passou a assinar como editor do hebdomadário DIE ZEIT, de Hamburgo. O texto tem, portanto, função de editorial.
O uso das maiúsculas foi uma decisão do tradutor, no intuito de facilitar a visualização do texto.
Tradução é risco contínuo. Não existe tradução definitiva, como querem alguns. Salvem-me, os especialistas, dos equívocos que certamente terei cometido.
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