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Contos-->Retrato de mulher -- 22/06/2000 - 18:14 (Pedro Wilson Carrano Albuquerque) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
RETRATO DE MULHER

Folheava um livro sobre antiga família cearense quando meus olhos se detiveram em uma fotografia de mulher.
Cabelos castanhos, bem penteados, repartidos à esquerda, cobriam parcialmente as orelhas, sustentáculos de mimosos brincos.
Um nariz bem feito, assim como os lábios entreabertos, limiar de sorriso que, certamente, tornaria a jovem ainda mais bela.
Deus estava inspirado quando desenhou o queixo perfeito que formava com a testa suave e as faces delicadas um lindo rosto.
O que mais me chamou a atenção, no entanto, foram os olhos, sonhadores, que me miravam com simpatia e amor, como se eu e sua dona fôssemos velhos companheiros. E, surpreendentemente, revelavam-se vivos, bem vivos, com um brilho que mudava de intensidade a cada instante.
Teria quantos anos a retratada? Vinte e dois. Ou seriam vinte e cinco?
Apaixonei-me por Maria Josefina, nome registrado sob a foto, a ponto de não ficar um só dia sem fitá-la demoradamente, preso à imagem apaixonada da bela mulher. E ela nada me cobrava, a não ser a prisão de meus olhos pelos seus.
Resolvi procurar a encantadora criatura que havia se apropriado de meu coração e de meus pensamentos.
Parti para o Ceará, onde, após longa e cansativa pesquisa, localizei a residência da amada. Ela casara com próspero comerciante de Fortaleza, o que não inibiu o meu desejo de encontrá-la.
Informei-me sobre o esposo que, em poucos dias, tornou-se meu amigo. Era um homem culto. Passei a sorver, com admiração, os seus conhecimentos, notadamente os vinculados ao Nordeste do Brasil.
Recebi, então, convite do novo companheiro para jantar em sua casa, aceitando-o prontamente.
Chegou, finalmente, o dia do encontro com Maria Josefina. Arrumei-me cuidadosamente. Ao mirar-me no espelho ali vi um homem de trinta e cinco anos cheio de energia e juventude. Satisfeito, saí do hotel onde me achava para o esperado compromisso.
Abriu-me a porta o anfitrião, que me pediu para sentar e foi chamar a esposa para que eu pudesse conhecê-la. Achei graça em ser apresentado a alguém com quem já me encontrava intimamente ligado e fiquei a esperar, em pé, a entrada da amada.
Encantado, vi aproximar-se aquela que tanto amor havia despertado em meu coração, com os mesmos olhos que me haviam envolvido, brilhantes e sonhadores.
Pôs-me à vontade e serviu-me, após minha aquiescência, um delicioso vinho do Porto. Na mesa de jantar, sentou-se à minha frente.
Notei a elegância de seus gestos e a delicadeza de suas mãos. Todos os movimentos e palavras de Maria Josefina encantavam-me. Conheci, então, a sua bondade, inteligência e caráter, o que tornava minha musa mais interessante que a mulher da foto.
Em algumas ocasiões eu vislumbrava o olhar apaixonado do retrato, que, no entanto, não me era destinado, mas ao seu esposo, que retribuía com carinho e visível agrado.
Saí daquela casa emocionado, certo de que nunca conseguiria conquistar a dama de meus sonhos. Seu coração já tinha dono.
Entretanto, despedi-me carregando no peito a mesma fascinação de antes, embora sabendo que Maria Josefina, com setenta e oito anos de idade, estava um pouco mais velha que a dama do retrato.




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