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Cartas-->O dia em que a poesia morreu e renasceu na forma de mulher -- 25/08/2002 - 23:50 (Rodrigo Nogueira da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O dia em que a poesia morreu e renasceu na forma de uma mulher ...

“Penetra surdamente no reino das palavras
Lá estão os poemas que esperam ser escritos
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata. (...)
Drummond

Hoje o dia nasceu mais hostil, o sol acordou gelado e nuvens negras, em luto, choravam a morte da poesia. Foi culpa do último poeta, o remanescente dos idos belos tempos de trovas e serenatas, que hoje sucumbiu-se ao reino do desamor. Nosso poeta, mais uma face mórbida e hipnotizada a luz dessa sociedade poluida de tédio e mesquinhez. E assim morreu a poesia...
Agora nada mais me interessa, essas coisas do mundo já não me completam. Sou a parte desse quebra-cabeça que não quer se encaixar. Sou essa voz presa na garganta que deseja sair e fazer-se ouvir em proporções “sidero-infinitas”, alardeando a todos a frustração pelas coisas desse sistema e a tristeza consumada pela morte da poesia. É o fim, a última chama de vida que ainda justificava estar no mundo transfigurou-se, homogeinizando-se na inverdade sórdida que involutariamente habita nossos espíritos - a falsidade -, fato imanente à todos que fazem parte desse mundo, ferramenta cômoda para o escapismo da verdade racionalmente humana.
Estou cego, surdo e mudo a tudo o que se liga ao que é concreto, apenas ouço meu coração, só meu coração. E este, por sua vez, não me decepciona, e me diz coisas puras, verdades inquestionáveis e próprias a um espírito cansado de sentir os dissabores advindos da incomunicabilidade medíocre entre pessoas - abutres famigerados por aquilo que sempre edificará o seu próprio ego. Qual sensibilidade é possível absorver sem ouvirmos nosso próprio coração? Na minha loucura sóbria, que jamais enganou-me, percebi algum elo, talvez perdido, daquilo que um dia chamou-se poesia. Senti uma voz suave, distinta, sinuosa por entre as coisas feias, que chamava-me para um mundo paralelo, ao lado do sistema que detesto; era um lugar lindo, fantástico, o mundo dos sonhos, e lá estava a poesia na forma de uma mulher. Fiquei maravilhado em saber que a poesia, ainda que n’outro mundo, ainda existia, era real, e tão mais agradável e mais bela por denominar-se Laudilene - o nome de sonoridade e ritmo perfeito, meu soneto de amor. E assim, meu coração pôde devolver, mais uma vez, minha razão emocionada neste novo mundo em que passei a viver. Aos meus olhos um presente sempre disponível, a visão da pessoa mais singular, nas melhores virtudes, que já vi. Laudilene, enquanto representação shakespeareana do drama “psico-real”, sempre extasiante, que embevece-nos na paz, no amor, no calor e na paixão, elevando-nos a um status divino, imortal, em que o poder do coração nos transfere, assim que quisermos, quando o mundo não mais nos for suportável, a qualquer lugar, sem endereço, em que se encontre a poesia.
Aqui a trama parece chegar ao seu fim, e o que fica de moral, o que fica de sentido para você, minha poesia? Antes de tudo, gostaria que esses escritos não fossem comparados, a ponto de serem tanto quanto banais àquelas frívolas historinhas, entediantes por natureza, em tom novelescamente inocente, tolo e pueril. Saiba caríssima, ainda não entendi completamente o que quis dizer Hamlet à Horatio ao falar que “há mais coisas na terra e no céu do que sonha a tua filosofia”, apenas conclui que tudo é muito grande e inacessível ao analisarmos a contingência dos fatos, e eu não sou louco, tampouco falso, a ponto de falar o que falei sem responsabilizar-me pelas consequências. Contudo, se aqui escrevo, é porque quero que minhas palavras sejam gravadas, a fim de que fiquem à sua disposição quando n’outro tempo vieres a pensar diferentemente. Pois sei que nada é absoluto, nem sua consciência, indiferentemente a minha. Mas, na verdade, o que está valendo é o momento, e é sua avaliação de agora que eu espero, você sabe, caso não, esta é a dica. Mas por enquanto eu só aguardo, espero e esperarei o tempo que for preciso, para ouvir suas conclusões, pois a poesia é algo do qual não se deve esperar reflexões únicas e imediatas, e, todavia, suas significações serão simplesmente eternas e indeléveis em nossa mente, tal como você, meu mais belo e perfeito poema em versos livres.
E a poesia renasce ....

Qualquer Lugar do Mundo, em 25 de Agosto de 2002.
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