todos os dias
a aurora invade a minha janela.
tenho janela, aurora, vida.
além disso, ainda, o poema.
é muito.
há em meu peito uma canção tamanha
que abarca o mundo.
quem me conhece, sabe.
sou dura e justa.
erro, por muito.
mas é que a paixão que tenho
para fazer justiça e ser correta
me tira o rumo.
aí preciso do amor
pra colocar de novo
aquele perfume.
ai, como é doce e dura
a loucura de ser quem somos.
quando tenho medo, canto.
é meu canto que sustenta a loucura
de ser quem sou.
é meu canto que me cala às vezes
ou que faz minha voz
dura, incômoda.
tenho ternura.
mas é a ternura dos loucos.
é a ternura dos que são párias.
párias amados, odiados,
párias do mundo.
não abro mão de ser quem sou.
quando tenho medo, canto.
PARA MAGELA, QUE TEM A OBSTINAÇÃO NECESSÁRIA
AOS QUE QUEREM MUDAR O MUNDO
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