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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->ALBERTO MAGNUS, O MAGO - OPUS 3 -- 25/02/2003 - 00:11 (COELHO DE MORAES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
OPUS 3

O mensageiro me trás uma correspondência.
Abro-a. É de Alberto . O Lúcius de seu nome é a luz que nos ilumina diariamente.
Eu havia escrito no sentido de elucidar uma dúvidas pendentes, principalmente com as mulheres. Os homens se fingiam de doutos e pouco perguntavam. Viam que a agilidade das moças era tal que os poria para os cantos escuros da sala de estudo.
Alberto escreve: “Quanto àqueles que recebem a mulher na comunhão diária, na nossa opinião, merecem ser severamente censurados: pelo uso demasiado freqüente, que elas possam fazer dela, eles são culpados de que a Santa Eucaristia perca o respeito que lhe é devido. De resto o desejo que as mulheres têm da comunhão é mais resultado da sua superficialidade do que de uma verdadeira devoção”.
- Me dá aqui isso – Sonja tomou a carta de minha mão. Fiquei meio constrangido. Ela percebeu e me deu um beijo no rosto. Sonja sorria.
- Gostou do vem escrito?
- É magnífico – Sonja correu para a sala e releu a carta. As mulheres exultaram. Os homens ficaram com um certo ar incredulidade. Nesse momento as portas laterais se abriram e após o ranger de madeiras, vimos o Bispo Montpellier entrar com um séqüito de soldados e outros padres. Várias pessoas se ajoelharam. As mulheres não. Nem eu.
- Quem é responsável pela reunião? Mestre Alberto está aqui? – a voz esganiçada do soldado ecoou na sala. Eu me aproximei.
- Eu sou responsável pelas aulas e essa é um classe de medicina, senhor.
- Medicina... – falou Montpellier, enxugando o rosto molhado de suor, apesar do úmido tempo – o estudo da sabedoria de Galeno e Hipócrates, pois bem. Mas chegamos em um momento em que uma dessas... mulheres... falava... e... elas têm esse direito?
- O senhor Bispo bem sabe que nas classes de Mestre Alberto todos são bem recebidos...
- Até o clero – disse Sonja, que não se continha. Os soldados se moveram em torno do Bispo que a olhou de cima abaixo.
- E... o que é liam, se é que posso saber?
- Líamos uma carta de Alberto. Ele está em Antuérpia, para estudos – disse eu, tentando contornar a situação e evitando qualquer tipo de confronto. Aquela hora não era uma boa hora para isso. Os sinos de NotreDame repicaram. Alguns estudantes se benzeram. O Bispo não se deu por vencido e olhando para o seu lenço, que ele dobrava carinhosamente, disse:
- Contem para mim... o que está escrito na carta – parecia um pedido , mas na verdade era uma ordem. Peguei a carta das mãos de Sonja, fazendo questão de colocar a moça atrás de mim, querendo torná-la invisível. Abri a voz e repeti todo seu conteúdo e à medida que eu lia o rosto de Montpellier se abria em sorriso.
- Ah! Muito sábio o Mestre Alberto – disse o Bispo – muito sábio em colocar as mulheres em seu devido lugar – Senti que Sonja se movia atrás de mim. Ela sempre foi inquieta. E o Bispo dava continuidade à sua explanação como se a aula fora dele: - Haveria maior paz na Terra se não fosse a Mulher, que nos leva para o pecado e para a intolerância...
- Não e parece isso o que diz o texto, se me permite o senhor Bispo.
- Não, não permito nada – e os soldados se moveram novamente e ,me deu a impressão que levavam as mãos ao punho das espadas. Senti que Sonja segurou meu braço – Nem sei por que um jovem como o senhor recebe a permissão para ministrar aulas... Alberto deve ter se equivocado... mas a mim parece claro o que diz esse texto, seguindo o ensinos de Paulo e colocando a Mulher no seu devido lugar de mãe e seguidora do pátrio poder. Nada mais!
- Senhor Bispo – eu disse, mas fui tolhido novamente pelas mãos de Sonja, segurando minha capa.
- Sim...?
- Mais alguma coisa? O senhor gostaria de ensinar mais alguma coisa? – Montpellier me olhou e repassou o lenço no pescoço. O seu anel episcopal brilhou suavemente contra a luz de candeeiros que tínhamos. Ele negou com cabeça. Segundos de silêncio. Os estudantes estão mudos. Os soldados esperam. O Bispo olha para todos e fixa seu olhar em Sonja.
- Evitem as reuniões noturnas... ler sob a luz do candeeiro faz mal para os olhos... e para a saúde – imediatamente virou-se e partiu com seu séqüito barulhento. Quando a porta bateu respiramos com intensidade. Sonja me tomou com as mãos segurando meu rosto.
- Pensei que você comentaria o sentido oculto do texto.
- Montpellier nos poria na fogueira.
- Amanhã conversaremos sobre isso – ela disse – com todos. Mestre Alberto enviou uma carta muito radical. Um parágrafo apenas e o texto é de uma importância revolucionária sem igual.
- Nem sei se todos aqui aceitarão esse Tratado de Comunhão – eu falei – Acredito que teremos inimigos entre nós... principalmente os mais enraizados nos dogmas da Fé.
- Os estudantes não foram selecionados em testes e provas intensas? – ela perguntou.
- Foram – eu falei – porém, em determinados momentos o medo aflora e pode haver desistências. Na verdade as tais provas e testes nunca são definitivos... enquanto houver estudantes e enquanto Alberto nos fornece pérolas e novos ensinamentos... a qualquer momento pode haver quem resolva sair e...
- Na verdade... as aulas são testes constantes...
- ... e Mestre Alberto vai testando seus pupilos até o limite máximo do rompimentos com os valores tradicionais... inclusive eu...
- Amanhã debateremos... provavelmente teremos mudanças em nosso grupo de estudantes. Acredito que todas as mulheres estarão do lado de Mestre Alberto... e de seu lado também, Marcus.
Olhei para ela. A luz dos candeeiros e de algumas velas piscaram nos seus olhos. As pessoas se preparavam para sair. Demos os últimos cumprimentos e Sonja partiu em sua charrete ao lado de mais quatro jovens estudantes. Eu sabia que o Tratado da Comunhão traria contrariedades e nos colocaria mais visados ainda ante o poder papal, tendo Montpellier como braço de ferro.
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